Era

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⁠Não tenho medo de morrer.
Só que tem um vazio que habita em mim.
Mais esse vazio já era parti de mim.
Eu não percebi.
Mais agora ele e meu companheiro.
Só assim Descansarei em paz.

⁠Como diria eu mesmo : a vida e como tem que ser , porque se não for assim não será o que era pra ser.

⁠A primeira vez que eu vim aqui tudo era diferente e eu também, talvez essa versão faça mais sentido, esquecer é mais fácil do que lembrar, por algum motivo e isso que torna as coisas suportáveis.
(Jonas Maliki)

Achava também que qualquer vida era um risco e o risco maior era o de não tentar viver.

Conceição Evaristo
Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas, 2014.

O mar pra mim era tão belo, tão azul...
porém, não passava de um vermelho, vibrante e encantador
o qual jorrava meu próprio sangue
e eu, tolo
crendo que era apenas o mar, lindo e azul.

Soneto de Natal

Um homem, – era aquela noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno, –
Ao relembrar os dias de pequeno,
E a viva dança, e a lépida cantiga,

Quis transportar ao verso doce e ameno
As sensações da sua idade antiga,
Naquela mesma velha noite amiga,
Noite cristã, berço do Nazareno.

Escolheu o soneto... A folha branca
Pede-lhe a inspiração; mas, frouxa e manca.
A pena não acode ao gesto seu.

E, em vão lutando contra o metro adverso,
Só lhe saiu este pequeno verso:
“Mudaria o Natal ou mudei eu?”

Machado de Assis
Ocidentais (1901).

Lembro que eu te conheci numa data qualquer
Mas logo percebi que não era uma gata qualquer

Djonga

Nota: Trecho da canção Tipo, em parceria com MC Kaio.

⁠Eu era egoísta mas, deixei de ser no momento que te vi amando outra pessoa.
E o meu coração doeu....

Ela era bonita de um jeito incandescente
e a beleza era a menor de suas qualidades

Atticus
Gosto dela livre. Campinas: Verus, 2018.

⁠Antes a questão era só gostar, agora é não suporta te perder.
Isso vai além do meu pior pesadelo.
Eu pareço uma louca

⁠Eu menti... pra saber se a minha dor era igual a sua.

Eu sei que você era brilhante demais para mim.

Harry Styles

Nota: Trecho da música Golden.

O seu erro foi achar que eu era qualquer uma. Que podia me tratar de qualquer jeito. Que eu ficaria satisfeita com qualquer migalha. Mas que bom que você errou, porque assim me impediu de cometer o erro de ficar com você. 😉

Eu ouvi outra voz. No começo, achei que era um anjo, então decidi segui-la e me deparei com um pesadelo muito pior.

⁠Morrestes achando que amava.
Matastes pensando que era amor.
Dominado pelo egoísmo da paixão,
nos fez ver que não te conhecíamos como deveríamos
e, por tua atitude, demonstrou que não conhecias o amor.
Descansem em paz.
Amor quando é amor não definha
E até o final das eras há de aumentar.
Mas se o que eu digo for erro
E o meu engano for provado
Então eu nunca terei escrito
Ou nunca ninguém terá amado

⁠Louco foi Jesus que morreu na cruz por mim, sabendo que eu era doido por Ele.

⁠Toda vez que algo se vai, da vontade de sentir mais uma vez.
Era bom se desse pra guardar sentimentos em pote.

⁠Você sempre disse que sua cor favorita era vermelho
E eu comecei a gostar da mesma cor
Reparei quando suas bochechas coraram em um belo tom de escarlate
E quando você mordeu seus lábios pintados de carmesim
Mas por que você não sorri enquanto o sangue tinge suas roupas,
E ao invés disso olha para mim com uma expressão de dor?
Vazias são as veias de um sangue que já evaporou
Eu era um vampiro e você tinha o sangue mais doce que já presenciei
Amar nunca impediu que por dentro eu chorasse lagrimas
No fundo sou sentimental
Herdando uma boa dosagem que lirismo
É o pacto silencioso que tem a força para manter todas as coisas enraizadas
Cada gota de sangue inocente derramado
Procurando a paz
Ansiando pela guerra
São os dois lados de uma mesma moeda
Chorando lagrimas de almas que já se foram
Olhando do lado errado de uma janela castigada pela chuva
Você já se sentiu um espectador?
Vendo sua vida passar como um filme de Charlie Kaufman
O estranho, o desconforto e o absurdo
Mesclando-se a sensação de esquecimento e não pertencimento ao espaço-tempo
Quando já não havia outra tinta no mundo
O poeta usou do seu próprio sangue
Não dispondo de papel, ele escreveu no próprio corpo
Assim, nasceu a voz
O rio em si mesmo ancorado em um emaranhado de papeis
Impossibilitado de terminar outra história
Como o sangue
Sem voz nem nascente
A criatura bela apodrecendo
Enterrada em um buraco raso demais para se chamar tumulo
Melhor chama-lo de esconderijo
Presa em suas últimas memorias
A escuridão cercando a por todos os lados como um garra prestes a fechar

⁠A última vez que vi meus pais
Dias de Neblina.

Era novembro de 1998, como fiquei assistindo TV até tarde, acabei dormindo na rede daquela vasta cozinha, estava frio naquela madrugada quando de repente senti um cobertor cair sobre mim, uma mão encaixando o cobertor no meu corpo, e muito mais que aquecer, aquelas mãos davam a certeza de cuidado, carinho e proteção.

Algumas horas depois ouvi o cantar do galo e a algazarra dos animais do sítio, e antes mesmo de amanhecer ouvi o barulho da grosa (objeto usado para ralar guaraná em bastão), enquanto o fogo do fogão a lenha era aceso aquecendo aquela manhã, as vacas já mugiam no curral, ouvi voz de meu pai chamando-as pelo nome para a ordenha, Morena, Jangada, Manteiga, Mimosa, Pretona, Pretinha, Rainha, Estrela…,enfim era cada nome de vaca que vinha da criatividade do meu pai, o mais interessante que ao ser chamada cada uma respondia com um mugido quando o seu nome era gritado, como se estivessem respondendo uma chamada.

Eu ainda deitado e sonolento, comecei a sentir o cheiro delicioso de bolo frito e chá, e os passos de minha mãe na cozinha que já estava preparando tudo pois horas depois já teríamos que ir embora, e ela não admitiria um filho sair de casa sem alimentar-se. Ao me levantar percebi que a manhã estava fria e que todo sítio estava coberto por uma neblina, aos poucos meus irmãos foram acordando e arrumando as malas, era visível no olhar de minha mãe a mistura de uma alegria e tristeza.Nesse momento meu pai já tinha terminado a ordenha e encheu algumas garrafas de leite e colocou em nossas malas, logo em seguida foi colocar o cavalo na charrete para nos levar até o ponto de ônibus que ficava na porteira de entrada do sítio.

- Benção mãe!
- Deus te abençoe, que Deus te guarde e te de muito juízo.
Minha mãe sempre aproveitava esse momento para dar uma alfinetada (risos).Subimos na charrete com meu pai enquanto minha mãe ficava na porta da cozinha nos vendo sair, nessas horas as suas lágrimas desciam como uma cachoeira, ela sempre chorava toda vez que tínhamos que ir embora, à medida que nos afastamos do sítio sua imagem na porta da cozinha embaçava até ao ponto que não era possível mais vê-la. No caminho até a porteira meu pai aproveitava para nos dar conselhos, lembro que nesse dia ele comentou que é tristeter tantos filhos e não ter ninguém tão perto sempre, mas que isso era preciso, pois estudar era necessário.

Ao chegar na porteira já podíamos ouvir o barulho do ônibus chegando e rapidamente nos despedíamos.Ele pegou a charrete e voltou para o sítio e nós ficamos na porteira observando ele se afastar em meio a neblina até no momento em que não era mais possível vê-lo, mas podia se ouvir uma canção antiga que ecoava do meio daquela neblina, minha mãe sempre dizia que ele só cantava aquelas músicas quando estava feliz.

O ônibus passou e viemos embora, essa foi a última vez que vi os meus pais.Já voltei no sítio várias vezes depois disso, e toda manhã com neblina sinto um desejo imenso de procurá-los em meio àquela neblina, mas não consigo ouvir os passos de minha mãe ou tão pouco a cantiga antiga do meu pai.

Ailson Nascimento
31/08/2014 as 03:30

“Você era diferente”. Eu não era diferente, eu era ingênua. Eu acreditava nas pessoas, eu confiava nas pessoas, eu tinha fé nelas. Mas a vida me mostrou do pior jeito que não dá para se confiar em qualquer um por aí, de falsidade o mundo está cheio e de inveja o mundo está transbordando. Os “monstros” não estão embaixo da sua cama, e sim ao seu lado.