Epígrafes de Rubem Alves

Cerca de 449 epígrafes de Rubem Alves

Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito. É preciso também que haja silêncio dentro da alma. Daí a dificuldade...

Simplicidade é isso: quando o coração busca uma coisa só. Concerto para o corpo e a alma.

Será possível, então, um triunfo no amor? Sim. Mas ele não se encontra no final do caminho: não na partida, não na chegada, mas na travessia.

Ao final de nossas longas andanças, chegamos finalmente ao lugar. E o vemos então pela primeira vez. Para isso caminhamos a vida inteira: para chegar ao lugar de onde partimos. E, quando chegamos, é surpresa. É como se nunca o tivéssemos visto. Agora, ao final de nossas andanças, nossos olhos são outros, olhos de velhice, de saudade.

Ostra feliz não faz pérola.

Infinitamente belo, insuportavelmente efêmero.

Todo mundo gostaria de se mudar para um lugar mágico. Mas são poucos os que têm coragem de tentar.

Há pessoas que nos fazem voar. A gente se encontra com elas e leva um bruta susto (…) elas nos surpreendem e nos descobrimos mais selvagens, mais bonitos, mais leves, com uma vontade incrível de subir até as alturas, saltando de penhascos. Outras, ao contrário, nos fazem pesados e graves. Pés fincados no chão, sem leveza, incapazes de passos de dança. Quanto mais a gente convive com elas mais pesados ficamos.

Entre as muitas coisas profundas que Sartre disse, essa é a que mais amo: "Não importa o que fizeram com você. O que importa é o que você faz com aquilo que fizeram com você." Pare. Leia de novo e pense. Você lamenta essa maldade que a vida está fazendo com você, a solidão. Se Sartre está certo, essa maldade pode ser o lugar onde você vai plantar o seu jardim.

O desejo de liberdade é mais forte que a paixão. Pássaro, eu não amaria quem me cortasse as asas. Barco, eu não amaria quem me amarrasse no cais.

A saudade é o bolso onde a alma guarda aquilo que perdeu.

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.

Continuaram a acariciar-se sem desejo e atormentando-se com as súplicas e as recordações. Saborearam a amargura de uma despedida que pressentiam, mas que ainda podiam confundir com uma reconciliação.

Nós não vemos o que vemos, nós vemos o que somos. Só vêem as belezas do mundo, aqueles que têm belezas dentro de si.

Nietzsche disse que só existe uma pergunta a ser feita quando se pretende casar: ‘continuarei a ter prazer em conversar com esta pessoa daqui a 30 anos?’.

Buscamos, no outro, não a sabedoria do conselho, mas o silêncio da escuta; não a solidez do músculo, mas o colo que acolhe.

Na saudade descobrimos que pedaços de nós já ficaram para trás.
E descobrimos, na saudade, uma coisa estranha: desejamos encontrar, no futuro, aquilo que já experimentamos como alegria, no passado.
Só podemos amar o que um dia já tivemos.

O tempo pode ser medido com a batidas de um relógio ou pode ser medido com as batidas do coração.

Todo conhecimento começa com o sonho.
O sonho nada mais é que a aventura pelo mar desconhecido, em busca da terra sonhada. Mas sonhar é coisa que não se ensina, brota das profundezas do corpo, como a alegria brota das profundezas da terra. Como mestre só posso então lhe dizer uma coisa. Contem-me os seus sonhos para que sonhemos juntos.

Mais fundamental que o amor é a liberdade! A liberdade é o alimento do amor!
O amor é pássaro que não vive em gaiola! Basta engaiolá-lo para que ele morra!
Ter ciúme é reconhecer a liberdade do amor!
O desejo de liberdade é mais forte que a paixão!
Pássaro eu não amaria quem me cortasse as asas!
Barco eu não amaria quem me amarrasse no cais!