Epígrafe Mulher e Trabalho
Uma mulher chamada guitarra
Um dia, casualmente, eu disse a um amigo que a guitarra, ou violão, era "a música em forma de mulher". A frase o encantou e ele a andou espalhando como se ela constituísse o que os franceses chamam un mot d'esprit. Pesa-me ponderar que ela não quer ser nada disso; é, melhor, a pura verdade dos fatos.
O violão é não só a música (com todas as suas possibilidades orquestrais latentes) em forma de mulher, como, de todos os instrumentos musicais que se inspiram na forma feminina - viola, violino, bandolim, violoncelo, contrabaixo - o único que representa a mulher ideal: nem grande, nem pequena; de pescoço alongado, ombros redondos e suaves, cintura fina e ancas plenas; cultivada, mas sem jactância; relutante em exibir-se, a não ser pela mão daquele a quem ama; atenta e obediente ao seu amado, mas sem perda de caráter e dignidade; e, na intimidade, terna, sábia e apaixonada. Há mulheres-violino, mulheres-violoncelo e até mulheres-contrabaixo.
Mas como recusam-se a estabelecer aquela íntima relação que o violão oferece; como negam-se a se deixar cantar preferindo tornar-se objeto de solos ou partes orquestrais; como respondem mal ao contato dos dedos para se deixar vibrar, em benefício de agentes excitantes como arcos e palhetas, serão sempre preteridas, no final, pelas mulheres-violão, que um homem pode, sempre que quer, ter carinhosamente em seus braços e com ela passar horas de maravilhoso isolamento, sem necessidade, seja de tê-la em posições pouco cristãs, como acontece com os violoncelos, seja de estar obrigatoriamente de pé diante delas, como se dá com os contrabaixos.
Mesmo uma mulher-bandolim (vale dizer: um bandolim), se não encontrar um Jacob pela frente, está roubada. Sua voz é por demais estrídula para que se a suporte além de meia hora. E é nisso que a guitarra, ou violão (vale dizer: a mulher-violão), leva todas as vantagens. Nas mãos de um Segovia, de um Barrios, de um Sanz de la Mazza, de um Bonfá, de um Baden Powell, pode brilhar tão bem em sociedade quanto um violino nas mãos de um Oistrakh ou um violoncelo nas mãos de um Casals. Enquanto que aqueles instrumentos dificilmente poderão atingir a pungência ou a bossa peculiares que um violão pode ter, quer tocado canhestramente por um Jayme Ovalle ou um Manuel Bandeira, quer "passado na cara" por um João Gilberto ou mesmo o crioulo Zé-com-Fome, da Favela do Esqueleto.
Divino, delicioso instrumento que se casa tão bem com o amor e tudo o que, nos instantes mais belos da natureza, induz ao maravilhoso abandono! E não é à toa que um dos seus mais antigos ascendentes se chama viola d'amore, como a prenunciar o doce fenômeno de tantos corações diariamente feridos pelo melodioso acento de suas cordas... Até na maneira de ser tocado - contra o peito - lembra a mulher que se aninha nos braços do seu amado e, sem dizer-lhe nada, parece suplicar com beijos e carinhos que ele a tome toda, faça-a vibrar no mais fundo de si mesma, e a ame acima de tudo, pois do contrário ela não poderá ser nunca totalmente sua.
Ponha-se num céu alto uma Lua tranquila. Pede ela um contrabaixo? Nunca! Um violoncelo? Talvez, mas só se por trás dele houvesse um Casals. Um bandolim? Nem por sombra! Um bandolim, com seu tremolos, lhe perturbaria o luminoso êxtase. E o que pede então (direis) uma Lua tranquila num céu alto? E eu vos responderei: um violão. Pois dentre os instrumentos musicais criados pela mão do homem, só o violão é capaz de ouvir e de entender a Lua.
A prostituta só enlouquece excepcionalmente. A mulher honesta, sim, é que, devorada pelos próprios escrúpulos, está sempre no limite, na implacável fronteira.
Sentou-se para descansar e em breve fazia de conta que ela era uma mulher azul porque o crepúsculo mais tarde talvez fosse azul, faz de conta que fiava com fios de ouro as sensações, faz de conta que a infância era hoje e prateada de brinquedos, faz de conta que uma veia não se abrira e faz de conta que que dela não estava em silêncio alvíssimo escorrendo sangue escarlate, e que ela não estivesse pálida de morte mas isso fazia de conta que estava mesmo de verdade, precisava no meio do faz de conta falar a verdade de pedra opaca para que contrastasse com o faz de conta verde-cintilante, faz de conta que amava e era amada, faz de conta que não precisava morrer de saudade, faz de conta que estava deitada na palma transparente da mão de Deus, (...) faz de conta que vivia e não que estivesse morrendo pois viver afinal não passava de se aproximar cada vez mais da morte, faz de conta que ela não ficava de braços caídos de perplexidade quando os fios de ouro que fiava se embaraçavam e ela não sabia desfazer o fino fio frio, faz de conta que ela era sábia bastante para desfazer os nós de corda de marinheiro que lhe atavam os pulsos, faz de conta que tinha um cesto de pérolas só para olhar a cor da lua pois ela era lunar, faz de conta que ela fechasse os olhos e seres amados surgissem quando abrisse os olhos úmidos de gratidão, faz de conta que tudo o que tinha não era faz de conta, faz de conta que se descontraía o peito e uma luz douradíssima e leve a guiava por uma floresta de açudes mudos e de tranquilas mortalidades, faz de conta que ela não era lunar, faz de conta que ela não estava chorando por dentro (...)
A mulher que sabe amar é mestra do homem. Jamais governanta.
A mulher que sabe amar não irrompe nem interrompe. Chega suave.
A mulher que sabe amar conhece a sua superioridade e os limites desta.
A mulher que sabe amar sabe ser mãe e ser um furor na cama.
A mulher que sabe amar jamais se deixa subjugar. Nem subjuga.
A mulher que sabe amar sabe que não basta ter razão. Precisa saber ter razão.
A mulher que sabe amar é o ser mais elevado que há na terra.
A mulher que sabe amar cala quando sabe não ser compreendida e fala na hora certa.
A mulher que sabe amar jamais diz: eu não falei que não ia dar certo.
A mulher que sabe amar compreende os filhos e sem pretender ensina amor ao marido.
A mulher que sabe amar por ser superior não se preocupa em mandar.
A mulher que sabe amar não sabe obedecer cegamente: ou compartilha ou se separa.
A mulher que sabe amar sabe tanto de moda quanto de arte.
A mulher que sabe amar educa sem reprimir e orienta sem impor.
A mulher que sabe amar fala baixo, não usa perfumes exagerados e ama a alma.
A mulher que sabe amar conversa com Deus e partilha com a família,
A mulher que sabe amar sente sua máxima realização quando amamenta.
A mulher que sabe amar tem orgasmo, é abençoada pela bondade.
A mulher que sabe amar não faz alarde de sua superioridade sobre o homem.
A mulher que sabe amar é a responsável pela sobrevivência da espécie humana.
A mulher que sabe amar jamais ouvirá de seu marido a frase:
Eu não tenho opiniões: tenho esposa....
Menina mulher, já dizia o Poeta: "todas as mulheres deviam ser meninas".
Mulher menina, mistura perfeita para ser desejada.
Mulher, postura firme, imponente, mas o melhor mesmo, é quando nas horas certas, se deixa, se permite, sentir a menina que tem dentro de você.
Mulher desejada, amada, se protege, difícil de entender, mas sabe que deixa um doido, quando menina se permite ser.
Menina mulher, nas suas mãos, homens pensamos ser, mas na verdade, garotos somos, frágeis, impulsivos ao poder, que tanto nos faz enlouquecer. Enlouquecer de amor, de fazer e jamais cansar de querer.
Depois de muitas travessuras, um merecido descanso as voltas dos meu braços, menina volta a ser, e me permite pensar que tive o poder de fazer você se sentir mulher.
Uma mulher nua seria menos perigosa do que é uma saia habilmente exibida, que cobre tudo e, ao mesmo tempo, deixa tudo à vista.
Hoje não quero ser a mulher forte de atitude, a leoa sedutora, a que luta, defende, conquista, consola, abriga... Hoje eu quero deixar que a mulher sensível, delicada, romântica, frágil... seja vista e sentida! Quero carinho, abraço, colo... Quero braços que me envolvam, protejam, abriguem. Quero um corpo onde possa me aconchegar, um ombro, uma mão que acaricie meus cabelos, olhos que vejam minhas lágrimas rolarem no meu rosto quando falo dos meus temores, medos... uma boca que me diga palavras de ânimo e esperança e que me beijem com amor e desejo! Quero olhos q vejam minha fragilidade, que me admirem por ser delicada e que não desejem que eu tenha que ser forte o tempo todo! Quero ser admirada, notada e quero que me queiram por também ter um lado frágil. Quero que me admirem por ser mulher na total essência, não só o lado leoa, mas o lado beija-flor e também flor! O lado que necessita do outro que também precisa receber! Quero hoje a fragilidade de ser mulher!
O Homem Nu
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa ele bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido... Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: "Emergência: parar". Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.
Depois de um bom tempo dizendo que eu era a mulher da vida dele, um belo dia eu recebo um e-mail dizendo “olha, não dá mais”. Tá certo que a gente tava quase se matando e que o namoro já tinha acabado mesmo,mas não se termina nenhuma história de amor (e eu ainda o amava muito) com um e-mail, não é mesmo?
Liguei pra tentar conversar e terminar tudo decentemente e ele respondeu “mas agora eu to comendo um lanche com amigos”. Enfim, fiquei pra morrer algumas semanas até que decidi que precisava ser uma mulher melhor para ele. Quem sabe eu ficando mais bonita, mais equilibrada ou mais inteligente, ele não voltava pra mim?
Foi assim que me matriculei simultaneamente numa academia de ginástica, num centro budista e em um curso de cinema. Nos meses que se seguiram eu me tornei dos seres mais malhados, calmos, espiritualizados e cinéfilos do planeta. E sabe o que aconteceu? Nada, absolutamente nada, ele continuou não lembrando que eu existia.
Aí achei que isso não podia ficar assim, de jeito nenhum, eu precisava ser ainda melhor pra ele, sim, ele tinha que voltar pra mim de qualquer jeito. Decidi ser uma mulher mais feliz, afinal, quando você é feliz com você mesma, você não põe toda a sua felicidade no outro e tudo fica mais leve. Pra isso, larguei de vez a propaganda, que eu não suportava mais, e resolvi me empenhar na carreira de escritora, participei de vários livros, terminei meu próprio livro, ganhei novas colunas em revistas, quintupliquei o número de leitores do meu site e nada aconteceu.
Mas eu sou taurina com ascendente em áries, lua em gêmeos e filha única Eu não desisto fácil assim de um amor, e então resolvi que eu tinha que ser uma super ultra mulher para ele, só assim ele voltaria pra mim. Foi então que passei 35 dias na Europa, exclusivamente em minha companhia, conhecendo lugares geniais, controlando meu pânico em estar sozinha e longe de casa, me tornando mais culta e vivida. Voltei de viagem e tchân, tchân, tchân, tchân: nem sinal de vida.
Comecei um documentário com um grande amigo, aprendi a fazer strip, cortei meu cabelo 145 vezes, aumentei a terapia, li mais uns 30 livros, ajudei os pobres,rezei pra Santo Antonio umas 1.000 vezes, torrei no sol, fiz milhares de cursos de roteiro, astrologia e história, aprendi a nadar, me apaixonei por praia, comprei todas as roupas mais lindas de Paris.
Como última cartada para ser a melhor mulher do planeta, eu resolvi ir morar sozinha. Aluguei um apartamento charmoso, decorei tudo brilhantemente, chamei amigos para a inauguração, servi bom vinho e comidinhas feitas, claro, por mim, que também finalmente aprendi a cozinhar.Resultado disso tudo: silêncio absoluto.
O tempo passou, eu continuei acordando e indo dormir todos os dias querendo ser mais feliz para ele, mais bonita para ele, mais mulher para ele. Até que algo sensacional aconteceu. Um belo dia eu acordei tão bonita, tão feliz, tão realizada, tão mulher que eu acabei me tornando mulher demais para ele. Ele quem mesmo?
A verdadeira mulher é aquela que conhece a arte de escandalizar com classe; de delirar sem perder a razão; de roer as unhas sem demonstrar medo; de gargalhar sem cair na vulgaridade; de pedir desculpas sem se rebaixar; de seduzir um homem sem dar bandeira!
Sou uma Mulher cheia de desejos... e uma Menina cheia de sonhos...Sou uma mulher que luta... e uma Menina que tem medo... Uma Mulher que briga... E uma Menina que brinca... Sou uma Mulher séria... E uma Menina travessa... Sou uma mulher correta... E uma Menina louquinha... Sou uma Mulher desejada... e uma Menina sensível... Sou simplesmente eu mesma... Nos meus erros e acertos!
Absolvendo o amor
Duas historinhas que envolvem o amor.
Uma mulher namora um príncipe encantado por dois meses e então descobre que ele não é príncipe porcaria nenhuma, e sim um bobalhão que não soube equalizar as diferenças e sumiu no mundo sem se despedir. Mais um, segundo ela. São todos assim, os homens. Ela resmunga que não dá mesmo para acreditar no amor.
Peraí. Por que o amor tem que levar a culpa por esses desencontros? Que a princesa não acredite mais no Pedro, no Paulo ou no Pafúncio, vá lá, mas responsabilizar o amor pelo fim de uma relação e não querer mais se envolver com ninguém é preguiça de continuar vivendo. Não foi o amor que caiu fora. Aliás, ele talvez nem tenha entrado nessa história. Quando entra, é para contribuir, para apimentar, para dar sabor, para ser feliz. Se o relacionamento não dá certo, ou dá certo por um determinado tempo e depois acaba, o amor merece um aperto de mãos, um muito obrigada e até a próxima. Fique com o cartão dele, com os contatos todos, você vai chamá-lo de novo, vai precisar de seus serviços, esteja certa. Dispense namorados, mas não dispense o amor, porque este estará sempre a postos. Viver sem amor por uns tempos é normal. Viver sem amor para sempre é azar ou incompetência. Mas não pode ser uma escolha, nunca. Escolher não amar é suicídio simbólico, é não ter razão para existir. Não me venha falar de amigos e filhos e cachorros, essas compensações amorosas sofisticadas, mas diferentes. Estamos falando de homens e mulheres que não se conhecem até que um dia, uau. Acontece.
Segunda história. Uma mulher ama profundamente, é amada profundamente, os dois dormem embolados e se gostam de uma forma indecente, de tão certo que dá a relação, e de tão gostosa que são inclusive as brigas. Tudo funciona como um relógio que ora atrasa, ora adianta, mas não pára, um tiquetaque excitante que ela não divulga para as amigas, não espalha, adivinhe por quê: culpa. Morre de culpa desse amor que funciona, desse amor que é desacreditado em matérias de jornal e em pesquisas, desse amor que deram como morto e enterrado, mas que na casa dela vive cheio de gás e ameaça ser eterno. Culpa, a pobre mulher sente, e mais: sente medo. Nem sabe de quê, mas sente. Medo de não merecê-lo, medo de perdê-lo, medo do dia seguinte, medo das estatísticas, medo dos exemplos das outras mulheres, daquele mulher lá do início do texto, por exemplo, que se iludiu com mais um bobalhão que desapareceu sem deixar rastro-ou bobalhona foi ela, nunca se sabe. Mas o fato é que terminou o amor da mulher lá do início do texto, enquanto essa criatura feliz e apaixonada, é ao mesmo tempo infeliz e temorosa porque sente aquilo que tanta gente busca e pouco encontra: o tal amor como se sonha.
Uma mulher infeliz por amar de menos, outra infeliz por amar demais, e o amor injustamente crucificado por ambas. Ele, coitado, sendo acusado de provocar dor, quando deveria ser reverenciado simplemente por ter acontecido na nossa vida, mesmo que sua passagem tenha sido breve. E se não foi, se permaneceu em nossa vida, aí nem se fala. Qualquer amor-até aqueles que a gente inventa- merece nossa total indulgência, porque quem costuma estragar tudo, caríssimos, somos nós.
Toda mulher merece viver uma grande paixão, sentir um toque de ternura... nem que para isso tenha que pecar.
Você sabe o que é ser mulher?
Ser mulher é entender as fases da Lua por ter suas próprias fases.
É ser "nova" quando o coração está a espera do amor.
Ser "crescente" quando o coração está se enchendo de amor.
Ser "cheia" quando ele já está transbordando de tanto amor.
Ser "minguante" quando esse amor vai embora!
Ser mulher é hospedar dentro de si o sentimento do perdão.
É voltar no tempo todos os dias e viver por poucos instantes coisas que nunca ficaram esquecidas.
Ser mulher é cicatrizar feridas de outros e, inúmeras vezes, deixar as próprias feridas sangrando.
É ser princesa aos 20, rainha aos 30, imperatriz aos 40 e especial a vida toda.
Ser mulher é conseguir encontrar uma flor no deserto, água na seca e labaredas no mar.
É chorar calada as dores do mundo e, em apenas um segundo, já estar sorrindo.
Ser mulher é subir degraus e, se os tiver que descer, não precisar de ajuda, é tropeçar, cair e voltar a andar.
É saber ser super-homem quando o Sol nasce e virar Cinderela quando a noite chega.
Ser mulher é ter sido escolhida por Deus para colocar no mundo os homens.
É, acima de tudo, um estado de espírito. É uma dádiva, é ter dentro de si um tesouro escondido e ainda assim dividi-lo com o mundo!
Você, mulher, entende bem essas palavras...
Você, homem, ame e respeite todas as mulheres.
O homem tem três defeitos: mentir, fingir e magoar.
Mas a mulher também tem três: amar, sofrer e perdoar.
Homem não gosta de mulher que insiste com recados consecutivos, mas também não gosta de mulher que não telefona. Mulher não gosta de homem que a persegue, mas também não gosta de homem que não a procura. Homem não gosta de mulher fácil, mas também não gosta de mulher difícil. Mulher não gosta de homem doce, mas também não gosta de homem rude. Homem não gosta de mulher que fica com muitos, mas também não gosta de encalhada. Mulher não gosta de mulherengo, mas também não gosta de travado. Homem não gosta de ser questionado, mas também não gosta de ser esquecido. Mulher não gosta de ser contrariada, mas também não gosta de gente passiva. Homem não gosta de estardalhaço, mas não adia uma bagunça. Mulher gosta de estardalhaço, desde que não vire bagunça. Homem não gosta de ser debochado, mas também não suporta ser levado sempre a sério. Mulher não gosta de brincadeiras sem graça, mas não admite a ausência de brincadeiras. Homem não gosta de fofoca, mas é o primeiro a contar as novidades aos amigos. Mulher gosta de fofoca, mas deseja preservar sua privacidade. Homem não gosta de jantar na casa da sogra, mas também precisa dela. Mulher não gosta de ser comparada com as antigas namoradas, mas também quer saber todos os detalhes. Homem não gosta de ser surpreendido, mas também não gosta de saber antes. Mulher adora um mistério, mas com aviso prévio. Homem não gosta de comprar lingerie, mas também é o primeiro a criticar a que ela está usando. Mulher ama comprar lingerie, mas também é a primeira a dizer que a incomoda. Mulher prefere calcinha bege, não aparece com a roupa. Homem abomina calcinha bege, aparece demais quando ela tira a roupa. Homem não gosta de discutir relacionamento, mas também não gosta do silêncio. Mulher gosta de discutir relacionamento, mas odeia chorar no meio da briga. Homem não tolera filmes românticos, mas não desliga quando reprisados na tevê. Mulher não agüenta filmes de ação, mas também é um alívio não pensar muito. Homem tem dificuldades para se declarar, mas faz o impossível para ser denunciado. Mulher espera declarações, mas não quando está se arrumando. Homem reclama dos atrasos, mas também detesta quem chega antes. Mulher odeia a impaciência do homem, mas também se enerva com a letargia. Homem não resiste a um videogame, mas também não deseja ser chamado de criança. Mulher abusa dos diminutivos, mas também diz que cresceu. Homem pede desculpa quando machuca, mas não aceita desculpa quando machucado. Mulher se desculpa antes de errar, depois não se lembra. Mulher desvia o assunto quando se desinteressa, mas não gosta que não prestem atenção nela. Homem não gosta de ser interrompido, mas vive interrompendo. Mulher admira poesia, mas não no sexo. Homem procura agradar a mulher ao recitar poesia no sexo. Homem não gosta de unhas vermelhas, mas fica excitado com elas num filme pornô. Mulher gosta de unhas vermelhas porque detesta filme pornô. Mulher anseia pelas flores, mas nunca tem um vaso para colocá-las. Homem gosta de mandar flores, mas desiste na hora de escrever o cartão. E ambos não gostam do meio-termo.
Sou uma mulher madura
Que às vezes anda de balanço
Sou uma criança insegura
Que às vezes usa salto alto
Sou uma mulher que balança
Sou uma criança que atura
Quando chegar aos 30
Serei uma mulher de verdade
Nem Amélia nem ninguém
Um belo futuro pela frente
E um pouco mais de calma talvez
E quando chegar aos 50
Serei livre, linda e forte
Terei gente boa do lado
Saberei um pouco mais do amor
E da vida quem sabe
E quando chegar aos 90
Já sem força, sem futuro, sem idade
Vou fazer uma festa de prazer
Convidar todos que amei
Registrar tudo que sei
E morrer de saudade
Tenho urgência de tudo
Que deixei pra amanhã
Acho que não sou daqui
Paro em sinal vermelho
Observo os prazos de validade
Bato na porta antes de entrar
Sei ler, escrever
Digo obrigado, com licença
Telefono se digo que vou ligar
Não sou querida, me atrevo
A cometer duas vezes o mesmo erro
Espelho, espelho meu
Existe no mundo alguém
Que reflita mais do que eu?
Mesmo tendo juízo não faço tudo certo
Todo paraíso precisa um pouco de inferno
Ser bela e calma, quanta inutilidade
Mais vale um bom olhar profundo
E uma vida de verdade
Me corrijam se eu estiver errada
A realidade é nossa maior fantasia
Pudesse eu viver tudo o que imagino
Nem sete vidas me dariam tanto fôlego...
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