Epigrafe Mário Quintana

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Na mesma pedra se encontram,
Conforme o povo traduz,
Quando se nasce - uma estrela,
Quando se morre - uma cruz.
Mas quantos que aqui repousam
Hão de emendar-nos assim:
"Ponham-me a cruz no princípio...
E a luz da estrela no fim!"

O que me impressiona, à vista de um macaco, não é que ele tenha sido nosso passado: é este pressentimento de que ele venha a ser nosso futuro.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Não me ajeito com os padres, os críticos e os canudinhos de refresco: não há nada que substitua o sabor da comunicação direta.

Quiseste expor teu coração a nu.
E assim, ouvi-lhe todo o amor alheio.
Ah, pobre amigo, nunca saibas tu
Como é ridículo o amor... alheio!

A gente sempre deve sair à rua como quem foge de casa,
Como se estivessem abertos diante de nós todos os caminhos do mundo.
Não importa que os compromissos, as obrigações, estejam ali...
Chegamos de muito longe, de alma aberta e o coração cantando!

Da calúnia

Sorri com tranquilidade
Quando alguém te calunia.
Quem sabe o que não seria
Se ele dissesse a verdade...

Mario Quintana
QUINTANA, M. Espelho mágico. Porto Alegre: Ed. Globo. 2005

Só se deve beber por gosto: beber por desgosto é uma cretinice.

Se alguém te perguntar o que quiseste dizer com um poema, pergunta-lhe o que Deus quis dizer com este mundo...

OS DEGRAUS

Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Esses padres conhecem mais pecados do que a gente...

Ah, esses moralistas... Não há nada que empeste mais do que um desinfetante!

Maravilhas nunca faltaram ao mundo; o que sempre falta é a capacidade de senti-las e admirá-las.

Se eu amo o meu semelhante? Sim. Mas onde encontrar o meu semelhante?

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Ela

Mas que haverá com a Lua, que sempre que a gente a olha, é com um novo espanto?

Mario Quintana
Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2006.

Do bem e do mal
Todos tem seu encanto: os santos e os corruptos.
Não há coisa na vida inteiramente má.
Tu dizes que a verdade produz frutos...
Já viste as flores que a mentira dá?

Da perfeição da vida

Por que prender a vida em conceitos e normas?
O belo e o feio... O bom e o mau... Dor e prazer...
Tudo, afinal, são formas
E não degraus do ser!

Mas, afinal, para que interpretar um poema? Um poema já é uma interpretação.

Mario Quintana
Intérpretes. In: A vaca e o hipogrifo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2012.

Esquece todos os poemas que fizeste. Que cada poema seja o número um.

Mario Quintana
Caderno H. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Minha vida é uma colcha de retalhos. Todos da mesma cor.

Quando guri, eu tinha de me calar à mesa: só as pessoas grandes falavam. Agora, depois de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem.