Epígrafe de Maquiavel
Em verdade, há tanta diferença de como se vive e como se deveria viver, que aquele que abandone o que se faz por aquilo que se deveria fazer, aprenderá antes o caminho de sua ruína do que o de sua preservação.
Não podemos atribuir à fortuna ou à virtude o que é alcançado sem nenhuma delas.
Um povo corrupto, liberto, com dificuldade grandíssima pode manter-se livre.
É tanta a ambição dos grandes que, se por várias vias e de várias maneiras, ela não for abatida em uma cidade, logo conduzirá tal cidade à ruína.
Um povo totalmente contaminado pela corrupção não pode viver livre mais do que um curto período.
Aos amigos do Rei, exceções e favores.
Aos desconhecidos e inimigos, nada além do que o rigor da lei.
Contra quem tem boa reputação com dificuldade se conspira, com dificuldade é atacado
Decidir com lentidão é sempre prejudicial.
Quem quiser praticar sempre a bondade em tudo o que faz está condenado a penar, entre tantos que não são bons.
A guerra nunca é evitada, apenas adiada para sua própria desvantagem.
O amor é mantido por um vínculo de reconhecimento, mas, como os homens são maus, se aproveitam da primeira ocasião para rompê-lo em benefício próprio, ao passo que o temor é mantido pelo medo da punição, o qual não esmorece nunca.
Os homens se devoram uns aos outros e sempre se sai mal quem menos pode.
O príncipe às vezes devia encarnar o leão poderoso e firme, às vezes a raposa astuta e esquiva.
O príncipe não deve ter a bondade como fundamento de suas ações, mas deve saber ser bom ou mau conforme a necessidade política. Se puder, deve ser bom, mas se necessário deve usar da maldade, evitando sempre o meio termo. Deve evitar ficar em cima do muro e pender hora para um lado hora para outro, pois isso seria sua ruína.
“... há três espécies de cabeças – uma, que entende as coisas por si mesma, outra que sabe discernir o que os outros entendem, e, finalmente, uma que não entende nem por si, nem sabe ajuizar do trabalho dos outros. A primeira é excelente, a segunda muito boa e terceira inútil".
Niccolò Machiavelli in O Príncipe - cap.XXII
Os bons conselhos, venham de onde vier, resultam da prudência de quem os analisa e os acata. Os bons conselhos, por mais sábio que seja o conselheiro não pode incutir prudência em ninguém e quem não é prudente por si mesmo não pode ser bem aconselhado.
(O Príncipe - trad. Francis Iácona)
[Caso o Príncipe prefira a neutralidade durante uma briga de dois poderosos, é bom se preparar para enfrentar as consequências, pois] :
“Quem vence não quer amigos suspeitos e que não ajudem nas adversidades; quem perde não te aceitará porque não quiseste, de armas na mão, correr a mesma sorte”.
(O Príncipe - cap.XXI)