Epigrafe Fernando Pessoa

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O universo é o sonho de si mesmo.

O amor é uma amostra mortal da imortalidade.

Fernando Pessoa
Aforismos e afins. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

Quem não quiser sofrer que se isole. Feche as portas da sua alma quanto possível à luz do convívio.

Assim como lavamos o corpo deveríamos lavar o destino, mudar de vida como mudamos de roupa — não para salvar a vida, como comemos e dormimos, mas por aquele respeito alheio por nós mesmos, a que propriamente chamamos asseio.

Fernando Pessoa
Livro do Desassossego

Sinto, por vezes, um temor espantado das minhas inspirações, dos meus pensamentos, compreendendo quão pouco de mim é meu.


(aforismos e afins)

Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.

(do poema "Mar Português")

Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.
(Tabacaria)

“Ah! dá nojo ver o mundo
Pensar tão pouco profundo”.

(escrito em 15.11.1908), In Poesia 1902-1917)

Senhor, dá-me alma para Te servir e alma para Te amar. Dá-me vista para Te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para Te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em Teu nome.

Fernando Pessoa

Nota: Em "Prece" - Extraído de "Fernando Pessoa - O livro das citações" - Organizado por José Paulo Cavalcanti Filho - Editora Record - Rio de Janeiro, 2013

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Custa tanto ser sincero quando se é inteligente! É como ser honesto quando se é ambicioso.

Fernando Pessoa
Aforismos e afins. São Paulo: Companhia das Letras, 2006.

Fiz de mim o que não soube
E o que podia fazer de mim não o fiz.
O dominó que vesti era errado.
Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me.
Quando quis tirar a marcará,
Estava pegada à cara.
Quando a tirei e me vi ao espelho,
Já tinha envelhecido.

Fernando Pessoa
Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, 1944.

Nota: Trecho do poema Tabacaria.

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A vida que se vive é um desentendimento fluido, uma média alegre entre a grandeza que não há e a felicidade que não pode haver.

Há qualquer coisa
de longínquo em mim neste momento.
Estou de facto à varanda da vida,
mas não é bem desta vida.
(...)
Sou todo eu uma vaga saudade,
nem do passado,
nem do futuro:
sou uma saudade do presente,
anônima,
prolixa e incompreendida.

(...) Porque enfim
Sempre haverá sol
Ou sombra na cidade
Mas em mim...
Não sei o que há

Não sou nada,
Não posso ter nada,
Não quero ter nada,
À parte isso,
Tenho todos os sonhos do mundo.

Este é o dia. Esta é a hora, este o momento, isto é quem somos, e é tudo. Perene flui a interminável hora que nos confessa nulos. No mesmo hausto em que vivemos, morreremos. Colhe o dia, porque és ele.
(Ricardo Reis, heterônimo de Fernando Pessoa in “Odes”)

Ah, meu maior amigo, nunca mais
Na paisagem sepulta desta vida
Encontrarei uma alma tão querida
Às coisas que em meu ser são as reais.

Fernando Pessoa
PESSOA, F. Poesias Inéditas (1930-1935). Lisboa: Ática, 1955 (imp. 1990).

Quem sou eu para mim? Só uma sensação minha.

Ninguém pode sonhar por ti.

“Para compreender, destruí-me.”