Epígrafe de Livro
Leio sempre o mesmo livro, folheio sempre as mesmas páginas. A história fala de um homem e uma mulher que não tiveram coragem de se entregar a uma grande paixão e deixar pra história a mas bela história de amor.
O mundo é um belo livro, mas pouco útil para aqueles que não costumam ler e aprender o verdadeiro significado da vida!
O que é uma frase num livro?
Depende.
Existem frases que em absoluto traduzem, transformam e nos inspiram.
Outras, a maioria delas, são e estão no livro para compor. Não são de fato insubstituíveis ou inesquecíveis.
E você. Que tipo de frase é na história dos outros?
“Nascimento e Morte, são começo e fim de um livro chamado VIDA, que embora tendo em si histórias que sempre mudam, o final implacável e inerente é sempre a morte.’’
MORTE POR AMOR
Quando Otávio me bateu à porta, às dez horas da noite, eu tinha um livro aberto diante de mim. Não lia. À cólera, que me agitara durante toda à tarde, sucedera uma grande prostração. Parecia-me sem remédio a minha desgraça, depois daquela certeza, daquela terrível certeza, eu finalmente aceitei a realidade.
Minha vida jamais havia sido invejável, mas apesar de toda dificuldade que enfrentei e de todo o sofrimento que passei, minha vida não podia ser considerada uma vida triste.
A indigência que nos cercava não permitia que gozássemos das mais singelas mordomias que existem. Meus pais, apesar de analfabetos, nunca nos deixava faltar a uma aula sequer. Meu pai sempre dizia que o futuro que podemos escolher, nós o encontramos na escola.
Algum tempo depois minha mãe adoeceu. Não suportando as complicações de uma desconhecida doença, faleceu. Eu estava com a idade de dezoito anos e acabara de me formar no ensino médio. Minha mãe sempre havia sonhado em ser professora; daquelas que estudam a língua e escrevem contos e poesias, desejava possuir um diploma de mestre ou doutora. Entretanto, a terra que perdurava sob suas unhas representavam anos e anos de estudo de quem nunca estudou, os calos de suas mãos representavam as marcas do esforço de uma escritora que não sabia ler e escrever, as rachaduras de seus pés representavam a longa caminhada de uma professora que não sabia ensinar, mas que não deixava faltar comida para seus dependentes, tampouco educação. Esse era seu maior certificado!
Daquele dia em diante a vida não era a mesma. Todos nós, apesar de ter superado a dor da perda, não conseguíamos cobrir o buraco que se abriu em nosso coração. Meus irmãos não estudavam mais como antes e meu pai já não trabalhava com tanto vigor.
Havíamos prestado concurso, no qual somente eu fui aprovado e ingressei na faculdade. Independente de sua ausência, para alegrá-la, estudei Letras. Tornei-me doutor em língua. Embora tenha um amplo conhecimento sobre a escrita, prossigo com a mesma simplicidade com a qual sempre falei e escrevi. Não escrevo contos ou poesias, mas aplico-os em minha vida com a mesma devoção de um fiel em um culto; culto este que frequento diariamente.
Antes de as reminiscências interromperem a minha leitura, eu lia o poema que havia recitado para meus pais em um aniversário de bodas. Essas recordações que citei acima foram as mesmas que emergiram em mim correntezas bravias de uma cólera irremediável, mas efêmera. Otávio, meu irmão, trazia sempre boas notícias e, ao abrir a porta e cumprimenta-lo, minha cólera deu lugar a uma imensa alegria. A ansiedade de saber a notícia que estava por vir desapareceu quanto tive de aceitar aquela tão terrível certeza, aquela tão terrível realidade.
Lembrei-me do poema que havia lido para meus pais naquele dia e recitei-o para meu irmão:
Velejando sem barco ou vela
Viajando na Vida
Por uma simples tela
As ilusões me espreitam,
Horizontes desordenados
Com placas de várias setas
Mas que não inibem minhas frestas
De sonhos que se deleitam
De imagens ilimitadas
Multicores
Refletem por sobre os mares
Por sobre os ares
Por sobre as flores
E nas variações do destino
Enraigados por desafios
Não me induzem a desistir
Pois nesta fascinante tela
Que faço da vida
A imagem mais bela
Do porto onde
Quero seguir.
Tínhamos pranto e lamentações no coração. De nossos olhos, cascatas de dores. E essa era a tão terrível certeza, a tão terrível realidade: enquanto lembrava-se de minha mãe, meu pai havia morrido.
Nem sempre as pessoas são o que a gente pensa. Nem sempre elas se encaixam no contexto e no livro do futuro que a gente escreve com o pensamento, nem sempre a vida nos proporciona com aquilo que a gente precisa, temos de adaptar o que a gente tem com o que a gente quer. Pare de planejar, quase nada planejado da certo e nada é pra vida toda. São momentos que formam seu mundo, independente de quem esteja contigo, você vai ser feliz quando você quiser, os méritos de conquista da vida você sempre conquistou sozinho. Arrependimento, desgosto e decepção acontece com todo mundo. Então para de investir nos outros e começa a investir em você. Porque aí o máximo que você vai ter vai ser se decepcionar com você mesmo.
Num livro de Augusto Cury, ele escreve a seguinte frase -Sempre existe alguém apaixonado por você, que sonha viver longos anos ao seu lado- Só não consigo imaginar que no meu caso, exista alguém.