Epígrafe de Livro
Penso que os governantes devem ter o livro de Machiavel à cabeceira, pois vejo que todos aprenderam a ser leões e raposas ao mesmo tempo.
O meu primeiro livro foi como um primeiro filho, na inexperiência me preparei para vencer a batalha de sair do primeiro e produzir um "segundo" com mais leveza, com menos pressa, com mais experiência.
Elizabeth Torny - Minha primeira filha. Que o mundo te conheça. Afinal, não importa o tempo o importante é que já faz parte da história.
Estava flertando com a Bahia, e comigo sempre a poesia num livro de Emily Dickinson e no vai e vem do mar que assistia.
Então você gosta de seu livro de contos?
Isso é tudo o que eles são
Nada mais do que contos de fadas
Só mentiras.
Minha vida é um livro aberto, cheia de erros, mas também cheia de correções. Minha vida é um livro onde estou disposto a esclarecer o que não está claro e ser o mais transparente possível.
Colorindo
Vi num livro minha vida,
mas quase tudo em branco.
E o título ali dizia,
Eis sua vida...
Assustei-me com aquilo,
não podia acreditar.
O que fazer com esta vida,
que sem cor ali esta.
Um estalo nos sentidos,
foi o que senti ali.
Uma vontade de escrever,
colorir e colorir...
Vou mudar toda esta história,
cruzar os braços jamais.
Pincel, caneta, tinta...
papel em branco nada mais.
Fui pintando devagar.
ora firme, ora trêmula,
não podia fraquejar,
tinha que valer a pena.
Sonhos, medos, esperanças...
papel em branco nada mais.
Fui pintando com firmeza,
descobrindo com jeitinho,
na melodia dos sonhos,
fui traçando meus caminhos.
Esta bem melhor agora,
um colorido bem melhor.
Pintei flores, pintei verde,
ascendi minha esperança.
Desenhei faces serenas,
pessoas da minha infância.
Este livro em construção,
estou vivendo agora.
Colorindo o sem medo,
vou pintando até agora.
Pintando meu destino,
é que faço agora.
E o que estas esperando,
que não faz o mesmo agora?
Fecho o livro Gênesis de Sebastião Salgado e percebo que há uma infinidade de olhares cravados em mim.
Não consigo mais deixar de visualizá-los impregnados na retina da minha percepção humana. São olhares que não olham, são olhares que apenas permitem serem olhados e o infinito mora dentro desses instantes.
Desta vez, Sebastião mostra além de um mundo que desconhecemos. Ele desnuda um mundo que desconhece o nosso mundo. 46% do planeta ainda existe intocado como no Gênesis da vida. E quase como quem percebe que durante muito tempo estava errado sobre algo, me envergonho por saber tão pouco do que vive além da nossa dita civilizada sociedade.
Lembro a primeira vez que cruzei com um desses olhares. Eu tinha uns 12 anos e era frequentadora assídua da biblioteca da escola em que estudava. Um dia caiu nas minhas mãos uma capa conhecida da revista National Geographic, com o rosto de uma jovem afegã em um campo de refugiados na fronteira do Paquistão. Era uma foto de Sebastião, a primeira que me apresentou para ele. Lembro de chegar em casa sem fome, visivelmente abalada. Percebi que eu também cabia ali dentro, que a esperança e a sofreguidão que aqueles olhos denunciavam a partir daquele momento eram responsabilidade minha.
Somos o que vivemos e também aqueles que vivemos.
Gênesis retrata o meio e, com a sensibilidade dos que olham além da superfície, o homem misturado a esse meio. São homens, mulheres, crianças, animais selvagens, animais marinhos, vastidões cobertas de neve, reflexos nas margens dos rios, vulcões que fumegam, horizontes esverdeados mesmo no preto e branco do livro que é só mais um convite para colorirmos a nossa revelia.
E tudo e todos olham num profundo silêncio de quem, como os mais velhos, tem prioridade nessa vida. São os lugares quase intactos, os que ficaram mais próximos da nossa origem, os que podem, com propriedade, contar a história. É o distante do que somos hoje, mas que habita nossa epiderme, comove nossa descendência, que ainda existe nas lembranças genéticas do que nos trouxe até aqui.
Animais, homem e meio falam a mesma língua. Uma mulher olha o horizonte com os filhos carregados no dorso e na força de continuar o mundo. Uma onça leva a caça para a casa e olha com a mesma intensidade para a sua função maior: gerar e alimentar os que permanecerão. Nesses olhares maternos cabem a admiração de uma batalha vencida. A mãe, a natureza, a mãe natureza dando sentido à palavra.
Fecho o livro, mas sei que, assim como carrego desde os tempos da escola aquela imagem que olhou para dentro de mim, tudo e todos que eu pude observar agora seguem comigo.
E todos esses olhares, todo esse mundo que vive tão longe e tão do nosso lado, imploram a mesma coisa.
Pedem, com a calma de uma vida que só vive, que possam continuar intactos.
São olhares que não querem ser vestidos. Que nos permitiram a bondade de olhá-los, mas que avisam com a calmaria de uma margem adormecida:
"Deixe-nos para que possamos continuar genuínos. O mundo que aqui começou pode muito bem apenas continuar. Existir é a nossa grande reivindicação".
O escritor baiano Jorge Amado disse um dia numa palestra que o escritor pare um livro, quanto o termina de escrever.
Naquele dia achei essa ideia um pouco estranha. Hoje, porém, tenho de admitir que concordo com ele.
Eu hoje pari um livro!
Você lê um livro, depois lê outro. Após ler o segundo se desejar reler o primeiro verificará que ‘ele se alterou’.
365 páginas da nossa vida.
Mais um ano se finda
Com ele, um capítulo
Do nosso livro da vida
Que escrevemos no decorrer
De 365 dias.
Um capítulo com 365 páginas
Envolvidas em sentimentos
De alegria, de tristezas,
De realizações, de frustrações
De perdas e ganhos.
Um capítulo envolvente
Com páginas memoráveis:
Nele vivemos sonhos
Criamos metas
Realizamos algumas
Outras não
Mas, isto, não importa
O importante é que estamos vivos
Para colocarmos um ponto final
Neste capítulo.
Iniciaremos um novo capitulo
Onde a cada dia
Uma surpresa nova irá surgir
Que estará sendo escrita
Que possamos terminar
As 365 novas páginas.
Nunca julgue um livro pela capa.
Não se sabe ao certo se o mesmo que desenhou sabia escrever... Não deixe que as aparências o enganem, as vezes um sapo tem um veneno que uma cobra nem sonha ter...
Gente deveria ser tratada como um livro, que se pudesse ler, tentar entender, e se não conseguisse não o rasgasse, não o julgasse, e não o jogasse no lixo, apenas o devolvesse à estante, porque com certeza um dia apareceria alguém a quem servisse de inspiração.