Epifania

Cerca de 127 frases e pensamentos: Epifania

Cotidiano

- Não era amor!
Quando fecho os olhos, quase posso ouvir a porta se batendo outra vez. Você partindo sem olhar pra trás, me deixando em pedaços impossíveis de se reparar!
- Não era amor!
Eu só queria acreditar que, dessa vez, a vida havia me dado você de presente!
Já foram tantas tentativas frustradas... Por que não!?
Doce ilusão... Logo me vi saindo por aquela -maldita- porta, sem ao menos olhar pra trás.
Mas você sabe... Eu sei que sabe! A porta pela qual saí, foi aberta por você...
- Você não levou apenas meu coração. Levou meus sorrisos, meus sonhos e projetos.
Vai culpar-me por tê-lo feito ir, mas esquece das tantas verdades que escancarei ao longo dos dias. Tentando fazê-lo enxergar que tudo estava esvaindo, escorrendo pelos dedos, enquanto me fazia acreditar que não se passava de um mau momento!
- Você se esquece de que não se trata apenas de você, sobre como se sente...
Acredite, nesse momento, não há motivos para sorrir!
E se acontecer, tenha certeza que me peguei pensando em algum momento vivido por nós - isso sempre acontece.
Eu só queria tornar as coisas mais simples.
Confesso: você tentou abrir os meus olhos sobre nós, mas não se moveu para, junto comigo, reverter essa situação.
Eu sempre amei seu jeito de falar, de lidar, você sabe. Mas amava mais ainda quando uma frase vinha acompanhada de uma intensa vontade de mudar as coisas- ou tentar. Eu não te culpo, apenas. Eu te culpo também!
- Ainda lembro a primeira vez que nos vimos... Você irresistivelmente lindo! Espalhando carisma naquela mesa de bar!
Sua camisa vermelha, a maneira como passava a mão no cabelo vez ou outra... Cada detalhe me hipnotizou. Não demorou muito para eu dar-lhe meu telefone... E foi ali meu erro! Tudo isso poderia ser evitado...
- Eu estava ali, naquele bar, por acaso. Pelo mesmo acaso que te trouxe pra mim. Seu olhar sereno invadiu minha alma de tal forma que eu não consigo explicar. Seu jeito de menina, e aquela sensualidade escondida por trás daquele jeito tímido: o bastante para pedir seu número. Mais uma semana e eu já o tinha decorado em minha memória. Sinceramente, não consigo ver como um erro. E, ouvir você dizer isso, me faz crer que, minha melhor escolha foi ter saído por aquela porta naquela tarde de sábado.
- Acabou! Não há mais o que discutir...
Sinto um gosto salgado em minha boca agora... É bom que tenha ido. Eu não ia querer que me visse assim!
Você desistiu de nós!
Acabaram-se as brigas, as discussões, as noites em claro de tanto pensar...
E também os abraços, beijos e reconciliações.
Em seus braços, sentia que nada poderia me afetar. E pensar que não tenho mais isso, me faz chorar!

- Você é muito tola, menina! Tola demais pra perceber o que se encontra em frente aos seus olhos.
Você foi a melhor coisa que me aconteceu até hoje, acredite!
Mas cega o suficiente pra perceber que, apesar de ter saído por aquela porta, eu não a fechei. E se eu não a fechei, é porque, de algum modo, eu nunca quis sair. Nunca quis sair por aquela porta, nem tão pouco do seu lado, quiçá do seu coração...
Chora. Pode chorar! Contanto que me deixe enxugar suas lágrimas...
- Volta! A porta está aberta desde que você se foi... Entra, tranca, e joga a chave fora!
- Não ERA amor. É amor... E sempre vai ser!

J

É desvairada a forma como observo o alfabeto. As letras me perdem quando me atenho a escolher quais delas devo usar para criar um nome de alguma personagem. É uma tarefa arriscada. Embaraçosa. Escolha de nomes exige esforço. Exige atenção. As letras saltam de todos os cantos para mostrar-nos que a escrita é uma arte incalculável e que nos penetra com uma veracidade tamanha, capaz de nos arrancar o fôlego. Arranca e desarranca.
Certo dia, um desconhecido me fez uma pergunta tão peculiar que rapidamente procurei uma forma de desenhar minha resposta, de modo com que eu simplificasse rapidamente, sendo poético e utilizando uma letra. Fechei os olhos e respirei fundo – de fato não tenho um respaldo longo para estes tipos de perguntas – e comecei a respondê-la.
“Imagine um J.” – indaguei.
Ele balançou a cabeça positivamente. Estava imaginando.
“Repare que o ‘J’, é formado por uma linha e uma curva” – concordou com o que eu estava dizendo – “Então, resumo a isso, a linha é o caminho que trilhamos e quando estamos trilhando este percurso, nossas imaginações afloram gradativamente, os olhos brilham e nossa mente focaliza apenas o caminho no qual estamos. Não olhamos para o lado. Continuamos em frente. Mas...” – parei de falar. Um suspense.
Ele franziu as sobrancelhas como quem estivesse curioso.
“Vêm a curva” – continuei. – “Esta letra tem uma curva” – ele concordou.
E exemplifiquei.
“Nesse momento, somos domados pela razão e o longo caminho reto, torna-se apenas uma lembrança, pois o que vem pela frente é totalmente diferente. A curva mudou os rumos” – bufei comigo mesmo.
Meu amigo me fitava seriamente, mas não entendera o desfecho de minha explicação.
“E termina por aqui?” – perguntou.
“Se encompridarmos esta curva, vira um ‘U’” – rebati.
“E por que você não termina?” – ele perguntou.
“Fica para uma próxima” - falei.
Ele fingiu que entendeu.
Essas coisas são difíceis de entender. Principalmente, com perguntas peculiares, como a que ele fez.
Ele perguntou-me: “O que é o amor?”
(diante do reflexo de um espelho que mostrava o meu rosto).

⁠Nós não podemos e não sabemos o que os outros estão pensando. Não podemos e não sabemos que motivações as pessoas têm para fazer as coisas que fazem. Nunca. Não totalmente. Essa era a minha aterrorizante epifania da juventude. Nós nunca conhecemos realmente alguém. Eu não conheço. Nem você.

Na manjedoura nasceu a fonte de toda a humildade e na cruz, a fonte de toda a misericórdia.

Aquele, que, desiludido, se afasta da política, está mais próximo da verdade política do que essa gente politizada.

Quando se aprende a aproveitar a própria companhia, não há solidão maior do que estar em meio a multidão.

A burrice é um suicídio em doses homeopáticas.

Inserida por otiagom

Os anos já se passaram, e não existem mais as juras de amor, tampouco existe a lembrança do seu cheiro. A poluição dos dias já confundiu minha mente e fê-la esquecer o aroma do nosso amor passado. Já não existem as fotografias, e também não existem as cartas. O tempo passou devagar, e encarregou-se de levar aos poucos nossas memórias. A chuva que molhava o assoalho e me lembrava você foi a mesma chuva que varreu nossas pegadas. Não, não o amo mais, e isso basta. É o bastante para amar o nosso amor já findo. E agora que chego ao fim desta epifania, esqueço-te por mais dez ou vinte anos.

Inserida por davidmesquita

AMOR INVENTADO

Havia um tempo em que víamos o futuro com o mesmo olhar. Onde os planos eram um só. Onde nomes de futuros filhos eram rabiscados em um papel qualquer e, uma casa desenhada na imaginação.
Havia um tempo em que éramos um só... Mesmo embebidos de diferenças gritantes.
Nos seus braços eu encontrava acalento e em seus olhos, esperança!
Havia um tempo em que todo tempo do mundo era pouco ao seu lado. Tempo em que não me preocupava em ser cuidada. Tempo aquele, em que eu não enxergava o entorno, e isso não era ruim.
Minha história foi desfeita, minha vida vivida por outra vida. E esperar já não é uma opção!

Inserida por lizaalvernaz

BAGAGEM

Acordo cantarolando uma intenção frustrada de “Yesterday”... Programo meu dia distraindo-me com uma xícara de café. A animação é incomum ao horário.
O vento forte lá fora enrola meu cabelo no fone do celular. Quase atrasada, repasso essas cenas na cabeça e tudo me remete a um comercial qualquer!
A fragilidade do momento me leva ao tempo em que qualquer conselho era guardado, unidos aos pré-julgamentos e opiniões que muitas vezes vinham e dilaceravam...
Hoje, diminuí os saltos, desfiz-me dos pensamentos negativos e abdiquei das dores desnecessárias.
Não ouço os lamentos alheios, a menos que haja intenção de mudança.
Urgências não têm mais espaço no dia-a-dia.
Troquei, definitivamente, ‘achismos’ angustiantes por certezas confortantes.
Saudades foram dispensadas.
Porque, na bagagem de hoje, só carrego o que não pesa!

Inserida por lizaalvernaz

COISA DE MENINA

Quando nasci, minha mãe me deu o nome da minha bisavó, figura feminina da qual todos se orgulhavam.
Mãe, avó e esposa exemplar, bisa Eliza levou um casamento até o fim, como manda os bons costumes do matrimônio “perfeito”: ‘Até que a morte os separou’. Sofreu ameaças, agressões e gritos de um marido agressivo e alcoólatra. Mas, “como deve ser”, nunca cogitou uma separação.
Doce, bondosa, religiosa, mãe de oito filhos. Assim era a mulher que inspirou meu nome.
Já nos primeiros dias de vida, ganhei pulseira de ouro e um par de brincos. Coisa de menina.
Antes mesmo de aprender a falar, já tinha dezenas de bonecas.
Minha mãe gostava de fotografar cada passo meu, e, para isso, contratava um fotógrafo profissional. Trocas de roupa, penteados e vários batons a cada foto.
Tive coleção de Bonecas Barbie, milhares de roupinha, sapatinhos, bijuterias... Tive todas as coisas de menina.
Minha avó me proibiu de brincar na rua o quanto pode. Porque isso não era coisa de menina.
Menina tinha que brincar em casa. Com as amiguinhas. De casinha, comidinha, mamãe e filhinha!

E assim foi. Até meus onze anos.
Foi aos onze que descobri a rua. Foi aos onze que descobri que além das panelinhas, havia um mundo de brincadeiras e diversão!
Foi quando descobri as trilhas de bicicleta, os inúmeros ‘piques’, o jogo de Taco, bolinha de gude e o rolimã.
Foi quando percebi que eu era flamenguista e o que isso de fato significava. Foi quando eu descobri o que era um pênalti e um gol olímpico.

Anos depois, grávida, vi minha vida se encaminhar sem que eu me desse conta. Perdi as rédeas e as coisas aconteceram, simplesmente.
Montei casa, me mudei e voltei a brincar de casinha!
Uma brincadeira que me sufocava a cada dia. Daquelas que dá vontade de guardar tudo numa caixa e não brincar nunca mais. Deixar lá no alto do guarda-roupa, até mofar e ir pro lixo.
Não durou muito. Não havia como durar.
Levou tempo, mas hoje entendo com perfeição. Eu não cabia naquele lugar, naquela vida. Aquela brincadeira já não me servia mais. Eu queria as trilhas e o rolimã!
Separei.
Queria trabalhar em algo que pudesse fazer diferença na vida das pessoas. Estudei, me formei.
Hoje, sou Pedagoga, com dois empregos públicos, e mãe do Arthur, com oito anos.
Nenhum marido.
Não lavo, não passo, não cozinho, não limpo!
Sou um desastre para encontrar coisas, e um maior ainda para manter arrumações.
Esqueço roupa no chão do banheiro, toalha molhada em cima da cama, sapato no meio do caminho! Tomo iniciativa em relacionamentos, pago a conta, pego o telefone, no fim da noite, sou eu quem vou pra casa!
Minha avó tem Alzheimer avançado. Quase não reconhece ninguém. Mas, ao me ver, sempre pergunta: “Quando você vai casar?”
Lido com olhares de lamento de amigas, que torcem para que eu me case,trabalhe menos, tenha mais filhos...
Hoje sei que posso me casar sim, mas que isso não implica em voltar a brincar de casinha. A certeza de que não preciso mais das panelinhas, me traz leveza.

De minha bisa, apenas o nome. Dos ensinamentos da infância, a certeza que posso ser o que eu quiser.

Entre bonecas e rolimãs, futebol e novela, sigo sendo o que sou, sem necessidade de aceitação externa e com a certeza que nada disso me faz menos ‘menina’. Pois coisa de menina é tudo que a menina quiser!

Inserida por lizaalvernaz

Condor

Quero eclipsar a minha existência
E quero-o já... não é um pedido,
É uma ordem que me anda a deixar insolente.
Quero ir para o lado de lá do teu sentido
Dar sentido à minha vida.
Quero ser uma pena na bigorna do forjador.
E que ele não perdoe das suas mãos a minha demência.
Esta sentença de estar onde não estou,
Esta injunção que me obriga a ser quem não sou,
Pois não é mais da ausência a minha dor.
O Anjo do Abismo com sua gadanha
É presença que ao meu lado se senta.
Ouço o sobrevoar silencioso do Condor
Só ele me acalma a alma.
Enquanto ele inalar o meu padecer,
Enquanto ela pairar sobre minha cabeça,
Eu sei que não estarei só.

Porque é para o lado de la
Que eu quero ir... e quero ir já!
Quero ser o litígio entre ambas as partes,
Ser acuso de não ter cumprido o compromisso,
Quero que as cabeças que me andam a atormentar
Sejam mutiladas por Excalibur.
Ordeno sair de dentro de mim.
Irei fazer escorrer meu sangue ladeira a baixo,
Trocar a minha alma pela epifania
E vou querela a toda a hora
Sem demora nem mania,
A toda a hora!...
Ordeno eu ao mais alto dos altos
Que seja agora.
Que seja neste minuto.
Troco o meu lamento
Pelo teu estatuto!
Transforma-te ó Tempo,
No mais bruto forjador,
No cavaleiro de maior talento
E ordeno a Excalibur
Acabar com este momento
Decepar esta minha dor
Onde eu só sinto sofrimento!...

Ouço o alento do bater das assas,
Vai pousar ao meu lado o Condor...
Já não lamento!...


Um tentativa em exonerar da minha imaginação, da minha alma se assim me atrevo a dizer, a dissertar aquilo que de mais profundo imagino pairar sobre muitas consciências humanas, ao se aproximar o momento de uma morte anunciada. Por mais difícil que seja de me pronunciar desta forma tenho que ser fiel àquilo que sinto e deitar cá para fora tal como sinto ao imaginar esse momento.

Inserida por ruialexoli

⁠“Para livrar-me dos mitos não careceu cair e bater com a cabeça, desiludir-se com a raça humana, ser assaltado por uma epifania. Só minha existência foi o assaz.”

Inserida por CRIPERGUE

"O espelho tem me dito duras verdades, e a saudade, escrevendo suas lembrançasnas linhas de expressão do meu rosto, faz cada memória ser como uma ruga que a maquilagem do tempo não corrige.⁠"

Inserida por JaimeFilho

"Eles me acham moderno
mas ainda escrevo cartas
e choro em despedidas."⁠

Inserida por JaimeFilho

⁠"O dia fica mais bonito quando você resiste!"

Inserida por JaimeFilho

⁠"Deixei de ter medo da solidão quando descobri que também sou o escuro da noite."

Inserida por JaimeFilho

⁠"Ainda bem que você existe."

Inserida por JaimeFilho

⁠"Foi me perdendo nas suas curvas que encontrei o meu caminho."

Inserida por JaimeFilho

⁠⁠AUTO CORREÇÃO

⁠Pessoas maldosas cujas ações são obscuras e Insidiosas, constantemente são reprimidas inconscientemente por uma espécie de epifania a qual por um insight revelador instiga-os a corrigir seus erros.
Nestas condições, paradoxalmente encontraremos pessoas extremamente ruins falando sobre,
DEUS e JESUS