Envelhecer
Nas minhas caminhadas matinais, vou treinando meu olhar para descobrir belezas escondidas em cada canto, em cada momento.
E a natureza está sempre me surpreendendo.
Tempo...tempo...tempo!
Brincando, como um carrossel
passando, rodando, redondo
sem quinas ou cantos
pra gente agarrar ou esconder
e só observar o tempo passar.
Vai nos mudando
depressa
ou devagar.
Mudanças sutis.
Ou grandes mudanças
refletidas no espelho do tempo...tempo...tempo!
Caprichoso, teimoso, impaciente.
Sempre muda a gente
que muda com o tempo.
Gente que não consegue
descobrir mágica, feitiço ou oração
que tenha a chave para mudar o tempo...tempo...tempo!
Da série quase sessenta
Escaneando fotos antigas...
Percebo que à medida que vivemos também morremos aos poucos a cada dia. Primeiro morre em nós a infância, depois a juventude. Na idade adulta as preocupações diárias nos envolvem. Falta tempo. Ou não nos damos o tempo que precisamos, para viver plenamente. O tempo vai passando, se desfazendo dia após dia e não percebemos o que deixamos de fazer, ou de dizer.
E nosso livro da vida vai sendo apenas folheado.E não lido...
Infância não é um tempo.
É um lugar com ruas de terra, casinhas sem muros, sons, cores, cheiros...
que só visitamos quando envelhecemos.
Ah!
Som do mar, música que nunca envelhece
música que nunca se repete
música que nunca para
música que dá fôlego para viver,
Som do Mar...
Arrepsia
Tem coisas na nossa vida
Que não sei compreender
Nós queremos viver muito
Sem querer envelhecer
Usamos de artifícios
Procurando benefícios
Pra jovem permanecer.
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
23/11/2023
Carolina.
Quero morrer de amor contigo,
Isso mesmo,
Morrer de amor,
Depois de uma vida tão linda,
Só de pensar,
Um frio na espinha,
Borboletas no estômago,
Histórias,
Tempo da juventude,
Nós duas bem velhinhas,
Deitadas numa esteira ao entardecer,
Sorriso implantado ou banguela,
Não importa,
Amor de alma quero,
Ultrapassa qualquer barreira,
Transpassa,
Quero ser sua calmaria,
Enquanto você,
É vento tempestuoso,
Quero ser teu sol,
Teu abrigo,
Aquele dia de domingo que se torce para jamais findar,
Infinda,
Comigo,
Fica?
ESPERA
Ah! quem dera que as lembranças de outrora
Inda aromatizasse! Ah! e que assim pudera
O tempo de ontem fosse o tempo de agora
E não só este imaginar: - a outra primavera
Já não se tem mais uma extasiada aurora
No vetusto ser, tudo é igual, sem quimera
Onde a imaginação era de hora em hora
Agora, silêncio. Ah! como díspar quisera:
Debruçado nos sonhos, e o sonho recendia
O desconhecido, cheio de poesia intensa
No brotar do alvorecer duma nova hera
Ah! quem me dera que isto, fosse um dia
Uma razão, e não devaneios d’alma densa
De saudades, que poeta suspira e espera...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
28/08/2020, 15’18” – Triângulo Mineiro
CERTIFICADO
A velhice é um treco, dor e cansaço
O dia é um balanço, no vai e vem
o que resta, o mínimo que se tem
Se faço, com a dificuldade abraço
Devagar e no compasso, tudo bem
Se vou além? ... pergunte ao passo
Pois, da vagarosidade sou refém
No próprio eu não tenho espaço
Tudo me cansa, comove, maça
Se rio, o choro faz igualmente
E o tempo parece uma ameaça
Já, a própria inércia é ausente
Quase sempre sou sem graça
O reflexo não reconhece a gente!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
06/09/2020, 15’15” – Triângulo Mineiro
Ao invés de pensar que estamos envelhecendo, vamos entender que estamos na verdade, adquirindo maior vivencia, mais experiência, estamos amadurecendo...
É melhor assim...
Ósculos e amplexos,
Marcial
AMADURECER É ENVELHECER COM ALEGRIA
Marcial Salaverry
Muitas pessoas encaram a passagem dos anos com autêntico pânico. Imaginam que a chegada da velhice vai torná-las pessoas em decadência, incapazes sequer de cuidar de si mesmas, e assim, procuram disfarçar a chegada da tão temida velhice, usando dos mais diversos artifícios.
Recusam-se a admitir a idade, mas acontece que ela chega. E fazem disso um drama. Então começam a entrar numa certa paranóia, e procuram fazer de um tudo para tirar as marcas do tempo. Então, engordam a conta bancária de cirurgiões plásticos, com os famosos "estica daqui, tira dali", além de uma série de medicamentos rejuvenescedores, que por vezes acabam prejudicando a saúde.
Quero deixar claro que não sou contra operações plásticas necessárias, reparadoras. Só penso que plásticas, apenas por vaidade, deveriam ser evitadas. Afinal, temos que levar em conta todos os riscos inerentes a uma operação, e na verdade, não são algumas rugas aqui e ali que vão tornar uma mulher mais feia ou mais bonita. E o mesmo se aplica aos homens, que também estão sofrendo da "Síndrome da Juventude Perdida", e partindo para cirurgias plásticas e otras cositas más...
O que todos deveríamos fazer é chegar à sábia conclusão de que é impossível segurar a "inexorável marcha do tempo", e aproveitar a chamada velhice. Como muita gente considera a palavra velhice meio deprimente, vamos mudar para Maturidade. Fica mais bacana, né? É a mesma coisa, mas soa melhor dizer Eu Sou um Homem Maduro, e vamos entender que maduro não é podre, pois não?
Então, ao atingirmos a maturidade, devemos tirar o máximo proveito disso, uma vez que teremos mais tempo para fazer coisas de que gostamos, pois não precisamos mais nos preocupar tanto com o "guardar para amanhã". Se voce não gostar da profissão que exerceu por toda uma vida, pode tentar fazer aquilo que gosta. Tive um amigo que foi advogado toda sua vida, e hoje é pescador. Tudo a ver.
Poderemos curtir melhor certos passeios, aproveitar melhor a vida. Viver com alegria no coração. Procurando fazer coisas que nos tragam prazer, e não stress.
Problemas decorrentes da idade, claro que teremos. Muitas coisas não teremos condições de fazer, mas existem muitas outras coisas que poderemos fazer no lugar daquelas. É só questão de se acertar com as opções.
Se mantivermos a cabeça aberta, procurando aprender coisas novas, não teremos tempo de pensar que estamos envl.., perdão, amadurecendo. Ao invés de nos preocuparmos com as limitações provocadas pelo "amadurecimento", vamos nos adequar a esses limites para não judiar do corpo e da saúde, que devem ser preservados e bem cuidados.
Exemplificando, ao invés de futebol, tênis, basquete, vôlei, existe natação, hidroginástica, caminhadas, e até mesmo bocha e dominó (por que não?). Não nos esqueçamos da bicicleta ergométrica, que é uma excelente opção para "pessoas maduras".
Podemos descobrir um insuspeitado talento para escrever, e assim podermos passar nossa experiência para quem o desejar, como para os mais jovens, na verdade, parece que não, mas eles gostam de um "papo cabeça". Gostam de ouvir o que temos a dizer. Só não gostam de ouvir reclamações sobre "como no meu tempo as coisas eram diferentes", mas sim querem trocar idéias, comparando nossas experiências com a realidade atual, para ver aonde podem utilizar o que aprendemos e fizemos.
Como vemos, existem inúmeras opções sobre como nos ocuparmos. Os que tem talentos artísticos que por circunstâncias diversas ficaram sufocados durante toda a vida, tem agora a oportunidade de dedicar seu tempo a isso.
Sempre lembrando que existem também inúmeras atividades humanitárias onde podemos aproveitar nosso tempo, em creches, hospitais, asilos, levando apoio a quem estiver precisando...
O negócio, crianças, é procurar a felicidade nas coisas simples e boas que estão à nossa frente. Por que se amargurar com o inevitável? Vamos aproveitar o fato de estarmos vivos, e vamos "Amadurecer com classe".
Para começar, vamos saber aproveitar o tal do distanciamento, e procurar fazer de cada dia, sempre UM LINDO DIA...
SONETO DA SAUDADE
Saudade – o olhar do outrora andando
e o pranto, uma lágrima na lembrança
deslizando. Saudade! os dias de criança
cantigas de ninar e de roda: cantando!
Noites, até às 10 horas, na vizinhança
a meninada, na diversão, em bando
na chuvada, muito mais que amando
saudade ingênua de dias de pujança
Saudade – asa da dor no sentimento
Recordações vans do tempo ao vento
Ai! dantes no pensamento em guerra
Saudade – “o que fica do que não ficou”
a velha mocidade, que hoje já passou...
O apito da “Mogiana” da minha terra!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
09/09/2020, 10’07” – Triângulo Mineiro
Tão sensacional
enxergar você,
vai muito além dos olhos
dos outros,
e perceber que sua pele
pode envelhecer.
Mas o que eu desejo,
vai através da minha retina,
e se enquadra dentro de ti,
como uma tela,
com várias cores,
quanto mais se aprecia,
se deseja...
Sentindo a euforia
de uma criança,
na primeira vista ao mar.
Com o passar dos anos, eu tenho feito descobertas surpreendentes... aprendi a valorizar cada parte do meu corpo, do jeito que ele é, usando o que me cai bem, independente da idade que tenho. Muita gente pode achar “fora do padrão”, uma mulher com mais de 40 anos, usando shorts e croped. Aliás, foi essa neura que me causou uma crise existencial há 4 anos atrás. Eu achei que deveria mudar meu modo de me vestir e de me comportar. Mas os anos estão passando e cada vez mais eu entendo que quem manda na nossa maneira de ser, é nossa mente e não nosso corpo... porque ela não envelhece na mesma velocidade. Pelo menos é assim comigo rsrs. A aceitação, em todos os sentidos, gera um poder tão grande na nossa autoestima, que ficamos exibidas demais 😄. E melhor, sem nos preocuparmos com que os outros vão pensar, pois não queremos agradar ninguém. Queremos apenas nos sentir poderosas, como uma Top Loba deve ser!! #toploba #toplobapode #angelmancio
Qualquer tipo de vida pode dar errado, adoecer ou sofrer. As vidas envelhecem, decaem e, por fim, morrem. Não gostar desse fato porque é doloroso não é diferente de não gostar da própria vida.
(Nyanta)
CREPÚSCULO DO TEMPO (soneto)
Vê-se no espelho, e vê, pelo tempo fugaz
Uma desconhecida face que ali se ilumina
Decaída, expira a mocidade, e aí! termina
A juventude mais pasmada, que agora jaz
Outra ruína mais funda se revela... sagaz
As marcas do andamento... uma heroína?
Não... Furtou-me a idade, pérfida chacina
Mais que ter beleza, foi-se o ânimo audaz
Os fios brancos, e o amarrotado desgosto
Abarrotado de opaco, o intrépido se ver
Pondo no olhar, o luzidio de um sol posto
Chora, o dispor, que não faz então esquecer
Trêmulo no viver, de lágrima triste no rosto
Põe a confidenciar... que estou a envelhecer.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
10 de janeiro de 2020 - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
E quando a caneta não escrever mais? Quando o lápis não tiver mais grafite? Quando a borracha ja estiver ressecada?
Os olhos se esforçam para enxergar, a fala mal se pode ouvir, o corpo luta para manter-se em pé. A cada dia uma batalha diferente, bem diferente das travadas no passado.
A contagem agora é regressiva, o tempo já não tem mais valor pois dele não se espera mais nada.
A mente ainda que pensante ja não se importa mais em fazer sentido, ela apenas é e ali esta. Nada mais é criado a partir da longa experiência que foi vivida.
Os sons, os textos, as músicas, as letras, organizações sistemáticas do que se aprende a sentir e que hoje ja não as expressam.
O sentimento é o que resta, a percepção mesmo que falha é o que move este antigo ser. O caminho foi longo, não tão longo que eu pudesse crer que mais 100 anos de sentimentos eu pudesse viver.
Deparar-me com a velhice por vezes chega a me abater, não pelo avançar dos anos e pela imagem que verei no espelho, mas pelo ostracismo que se instala na mente empoeirada pelo tempo e pela falta de interesse, esta sim é a verdadeira velhice, a que mata em vida.
SEXAGENÁRIO
Velhice. Um novo horizonte num outro amanhecer
Lúrida, o vigor sem luz, roto e frágil; o pensamento
No ontem, a tremer, e o olhar revoando pelo vento
Cambaleando na encosta do tempo, e ali a descer...
Passa. Passando. Sucessivo, um novo sentimento
Que sombreia a fronte, o eu e o querer nesse ter
Sentir, ser, afinal, ainda no roteiro do poder viver
Amparando os passos, desamparados, sofrimento
E neste encanecido silêncio, a cada passo a ilusão
Volta, evocando o sentido do velho terno coração
Deixando a saudade solta pela lenta madrugada
E cochila o olhar: e o olhar alucinado, tão calado
Cabeceia nos segundos empoeirados do cerrado
Incomodado, tal um leão em uma furna apertada
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
26/06/2020, 09’33” – Triângulo Mineiro
Olavobilaquiano