Entender o Amor
"É difícil lidar comigo, é complicado me entender. Às vezes grito, outras vezes não suporto nem ouvir minha voz. Às vezes me acho sem graça e chata, outras vezes discordo disso. Às vezes rio à toa, outras vezes me dói à alma ter que sorrir a alguém. Às vezes não tenho o mínimo de vergonha, outras vezes não consigo dizer “oi” a um estranho. Às vezes odeio todo mundo, outras vezes acho que foi precipitado generalizar. Às vezes me acho cheia de amigos, outras vezes acho que sou a pessoa mais solitária. Às vezes acho que odeio, outras vezes acho que gosto e em ambas às vezes, quase sempre mudo de opinião. Às vezes me acho burra por ter errado, outras vezes me acho inteligente por ter aprendido com o erro. Às vezes me sinto carente, outras vezes não quero que ninguém nem me abrace. Às vezes não consigo dormir, outras vezes não consigo acordar. Às vezes acho que chegou ao fim, outras vezes acho que só começou. Às vezes sou insegura, outras vezes sou um poço de segurança e certeza. Às vezes sinto demais, outras vezes sou uma pedra de gelo. Às vezes acho coisas demais, outras vezes acho que não acho nada e me sinto muito confusa para entender isso. Às vezes fico me sentindo perdida, outras vezes continuo me sentindo assim. Odeio decepcionar, mas às vezes nem percebo o quanto consigo magoar alguém só com minhas palavras."
Quem começa a entender o amor, a explicá-lo, a qualificá-lo e quantificá-lo, já não está amando.
O amor não mata a morte, a morte não mata o amor. No fundo, entendem-se muito bem. Cada um deles explica o outro.
QUANTO VALE UM SIM
Você consegue um bom emprego na hora que bem entender?
Você descola um amor do dia para a noite?
Se entrar num banco, sai de lá com um empréstimo sem burocracia?
Se você respondeu sim para todas estas perguntas, parabéns. E fique atento para o horário de partida do seu disco voador, pois a qualquer momento você terá que voltar para o seu planeta.
Entre nós, terrestres, o sim é uma resposta rara. Na maioria das vezes, não há vagas, não querem editar nossos poemas, não temos fiador, a garota não quer ouvir uns discos na sua casa, o garoto não quer usar camisinha e o guarda de trânsito não foi com sua cara e vai multá-lo, sim senhor. Não está fácil pra ninguém.
Ao contrário do que possa parecer, esta não é uma visão pessimista da vida. As coisas são assim, dão certo e dão errado.
Pessimismo é acreditar que ouvir um não seja uma barreira para realizar nossos planos.
Tem gente que fica paralisado diante de um não. Nunca mais vai à luta.
Já o otimista resmunga um pouco e em seguida respira fundo e segue em frente.
Quando eu tinha 17 anos, mandei uns versos para um concurso de poesia. Não ganhei nem menção honrosa. Daí entreguei meus versos para o Mário Quintana avaliar. Ele não respondeu.
Neste meio tempo eu estava apaixonada por um cara que ignorava a minha existência. Quando eu não estava pensando nele, fazia planos de morar sozinha, mas o meu estágio não era remunerado. Aí quis viajar para a Europa, mas não consegui entrar num programa de intercâmbio.
Surpreendentemente, não passou pela cabeça a idéia de me atirar embaixo de um caminhão.
Hoje tenho nove livros publicados (cinco deles de poesia), sou casada com o homem que amo, tenho a profissão dos sonhos e viajo uma vez por ano, e tudo isso sem ganhar na megasena, sem cirurgia plástica, sem pistolão ou pacto com o demônio.
O segredo: cada não que eu recebi na vida entrou por um ouvido e saiu pelo outro. Não os colecionei. Não foram sobrevalorizados.
Esperei, sem pressa, a hora do sim. O não é tão freqüente que chega a ser banal. O não é inútil, serve só para fragilizar nossa auto-estima. Já o sim é transformador.
O sim muda a sua vida. Sim, aceito casar com você. Sim, você foi selecionado. Sim, vamos patrocinar sua peça.
Quando não há o que detenha você, as coisas começam a acontecer, sim.
Ando no escuro para tocar onde não devo. Amor é tocar onde não se deve. E curar sem entender a doença.
À sua maneira, ela o amava. Podia não ser um amor do tipo que as outras pessoas entendessem, mas não importava. O que Marilyn e Leo tinham era bom o suficiente para eles.
Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.
Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós.
Se você não consegue entender o meu silêncio, de nada irá adiantar as palavras, pois é no silêncio das minhas palavras que estão todos os meus maiores sentimentos.
Eu nunca vou entender por que a gente continua voltando pra casa querendo ser de alguém, ainda que a gente esteja um ao lado do outro. Eu nunca vou entender por que você é exatamente o que eu quero, eu sou exatamente o que você quer, mas as nossas exatidões não funcionam numa conta de mais...
Mas aí, daqui a uns dias... você vai me ligar. Querendo tomar aquele café de sempre, querendo me esconder como sempre, querendo me amar só enquanto você pode vulgarizar esse amor. Me querendo no escuro. E eu vou topar. Não porque seja uma idiota, não me dê valor ou não tenha nada melhor pra fazer. Apenas porque você me lembra o mistério da vida. Simplesmente porque é assim que a gente faz com a nossa própria existência: não entendemos nada, mas continuamos insistindo.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro. Difícil é ocupar o coração de alguém. Saber que se é realmente amado.
Nota: Trecho do poema "Reverência ao destino".
Eu nunca aceitei a simplicidade do sentimento. Eu sempre quis entender de onde vinha tanta loucura, tanta emoção. Eu nunca respeitei sua banalidade, nunca entendi como podia ser tão escrava de uma vida que não me dizia nada, não me aquietava em nada, não me preenchia, não me planejava, não me findava.
Nós éramos sem começo, sem meio, sem fim, sem solução, sem motivo.
(...)
Não sinto saudades do seu amor, ele nunca existiu, nem sei que cara ele teria, nem sei que cheiro ele teria. Não existe morte para o que nunca nasceu.
(...)
Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo. Você era lindo.
Sinto falta da perdição involuntária que era congelar na sua presença tão insignificante. Era a vida se mostrando mais poderosa do que eu e minhas listas de certo e errado. Era a natureza me provando ser mais óbvia do que todas as minhas crenças. Eu não mandava no que sentia por você, eu não aceitava, não queria e, ainda assim, era inundada diariamente por uma vida trezentas vezes maior que a minha. Eu te amava por causa da vida e não por minha causa. E isso era lindo. Você era lindo.
Simplesmente isso. Você, uma pessoa sem poesia, sem dor, sem assunto para agüentar o silêncio, sem alma para agüentar apenas a nossa presença, sem tempo para que o tempo parasse. Você, a pessoa que eu ainda vejo passando no corredor e me levando embora, responsável por todas as minhas manhãs sem esperança, noites sem aconchego, tardes sem beleza.
(...) sinto falta de quando a imensa distância ainda me deixava te ver do outro lado da rua, passando apressado com seus ombros perfeitos. Sinto falta de lembrar que você me via tanto, que preferia fazer que não via nada. Sinta falta da sua tristeza, disfarçada em arrogância, de não dar conta, de não ter nem amor, nem vida, nem saco, nem músculos, nem medo, nem alma suficientes para me reter.
Prometi não tentar entender e apenas sentir, sentir mais uma vez, sentir apenas a falta de lamber suas coxas, a pele lisa, o joelho, a nuca, o umbigo, a virilha, as sujeiras. Sinto falta do mistério que era amar a última pessoa do mundo que eu amaria.
Você pode até dizer que não entendeu o que eu disse. Mas jamais poderá dizer que não entendeu como eu te olhei.
Você entende a relatividade quando vê que uma hora com a sua namorada parece um minuto, e um minuto sentado num formigueiro parece uma hora.
Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo – quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.
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