Enquanto
O Poeta enquanto escritor é um ser histórico e atemporal. Ao passo que verseja a vida e tece suas reflexões, o faz sob a perspectiva da atualidade, porém não se prende ao tempo, posto que deste aproveita as flexões. As respeita e obedece. No presente não pretere e nem esquece o passado, tampouco profetiza futuros. Apenas os reverencia enquanto escreve, seja em prosa ou poesia.
Adriribeiro/@adri.poesias
A grama verde do céu
Fiquei olhando as flores que brotavam nas nuvens, enquanto sem perceber, pisoteava as margaridas do meu próprio jardim.
Ela contemplou a lua enquanto se acomodava na penumbra da janela.
Tentou encontrar significado mais profundo, em tudo aquilo que via diante dos seus olhos, apaixonados e submersos.
No entanto, já não existia significado algum dentro de si para projetá-lo.
Todos os dias foram os mesmos desde então... Existindo eternamente incapaz de enxergar dentro de si, algo que brilhasse tanto aos olhos quanto a humanidade, perdida em seu último tenebroso suspiro.
Não era capaz de amar e o tempo, sua bússola, lhe ensinará a dissuadir-se do desejo ardente, que mantinha o último enlace mortal em sua alma.
Era demasiado árduo, pois tudo em que seus olhos tocassem, a lembrariam da vida que jamais teria.
Da luz do sol que por ela não poderia sequer ser vista senão, por detrás de uma janela.
Do calor do fogo, que já não mais aqueceria sua pele, pálida e faminta de afeto.
Para ela, estes eram os pequenos milagres.
Deixava que a chuva espalhasse os cacos do seu coração pelo mundo, espalhando seu eterno sofrimento, e sofria, pois não era merecedora do amor.
Afinal, como poderia ser possível amar se nem mesmo seu coração era capaz de bater?
E a luz...
A única luz capaz de tirá-la da escuridão, era a mesma luz capaz de incinerá-la.
Morreu aos dezesseis anos de idade, mas sua vivência ultrapassa o infinito.
Enquanto eu tentava te compreender, eu me perdi em você, eu me perdi nos seus sentimentos, nas suas emoções. Cada abraço, deixado em seus braços, uma parte essencial, eu deixava para trás, cada beijo, cada sopro, cada toque, me levaram a vitalidade, aos poucos, eu fui esvaindo sobre nossa relação, agora, eu não sei como continuar. A dor, foi o que restou, você levou tudo. Meus sorrisos, perderam-se em suas memórias, meu reflexo, afundou sobre seus olhos, e nunca mais emergiu.
Eu não sei mais, como posso voltar a ressurgir, você me consumiu, até que não sobrasse mais nada, os pensamentos dedicados a você, cada sonho com você, e bom, cada pesadelo, fizeram-me um cadáver, sem brilho, minha vida, permaneceu ao seu lado, e você não está mais aqui. Eu reviro, revivo, e sinto, tudo que possui o mínimo, um simples, um sútil resquício, da sua existência. Eu constantemente, lhe procuro em meus sonhos, e estou passando a procurar por ti, em meus pesadelos. O brilho dos seus olhos, está vivido em meus pensamentos, em minhas lembranças, e meu maior receio, é que elas se apaguem com o tempo. Eu lhe mostrei, um lado jamais visto, por outro alguém, a pessoa vulnerável, e sensível, que eu já fui, a pessoa doce e inocente, regado a felicidade, e você, roubou-me. Agora, eu estou perdido, vazio, e incompleto, implorando por alguém, gritando pela alma, que já me pertenceu.
Enquanto formos maus aos outros
Seremos piores para nós mesmos
Enquanto o futuro não se decide, o agora me parece uma boa opção.
Enquanto o homem não amar o outro para sempre, continuaremos pré-históricos.
Enquanto a vida se limita a uma sobrevivência constante perante o vazio existencial, escrevo poemas de salvação, meros aperitivos para o vazio que me cerca profundamente enquanto luto para marcar a minha existência sábia e inocente diante das possibilidades que apenas me enlouquecem, assim escrevo poemas, de salvação.
Atualmente a minha existência se define perante os seus olhos sonolentos enquanto mergulho profundamente no vazio existencial da realidade tão cheia de vida, e assim se define os meus olhos despertos e atentos, focados em chegar do outro lado da porta, após esse infinito mergulho no vazio enquanto seus olhos dormem, dormem para não me ver mergulhar, no vazio, atrás da porta, do meu quarto quadrado, mais quadrado do que os teus pensamentos.
Você acha que é tão fácil? Dar as costas enquanto sua cidade te procura por salvação? Agarrar-se a princípios enquanto seu melhor amigo sangra em seus braços?
"Enquanto há esperança, o paciente não está pronto para aceitar a ajuda. É necessário o desespero para que o paciente se abra à terapia."
Ela sobreviveu as tempestades enquanto brincava com as gotas da chuva, se desviando dos raios impetuosos lançados sobre ela...
"Por tantas vezes procurei deixar-te,
enquanto ainda assim me aproximava,
em um paradoxo de ironia e arte,
no jamais se despedir de quem se amava."