Engolir
Meu amor, não diga de dor pra mim
Você não aguentou a noite chorando
Engolindo lágrimas como um mar sem fim
Diziam que o amor era pra ser algo
Bom algo eterno
Eu só carrego pra sempre no meu peito a dor
Deste amor
Que não durou nem a metade do inverno.
E na ponta daquele penhasco, de braços abertos, era como se o mar, o céu e o vento me engolissem, uma sensação de liberdade indescritível. Era uma simbiose com a natureza.
Se o pensar e a poesia
Fosse carne no churrasco,
Tanta gente engoliria
O pitéu, mesmo com asco.
(Carlos de Castro, in Há Um Livro Triste Por Escrever, em 15-06-2024)
Por muito tempo o silêncio foi a companhia mais leal à minha boca. Dela a palavra se perdeu. Engoli e com força o vômito, o suspiro, o choro, o rancor, a dor, a raiva. Às vezes, até mesmo a alegria. Esse medo bobo de desagradar que implantaram dentro de mim. E nesses movimentos caóticos me perdi dentro de mim mesma. Me afoguei no mar de palavras que permaneceram em tempestade, me puxando para dentro, não permitindo emergir. Esse mar que me tira a liberdade e que me faz muda diante, principalmente, daquilo que me fere a pele. E venho escolhendo todos os dias a desaprender o silêncio. A reencontrar a palavra, a não mais engoli o que me tira o sono. O que deixa na boca um sabor amargo.
"Cai em um poço fundo, sufocado e engolindo água, tentei sair umas 70 vezes, não conseguia sair, adormecido, cansado, umas 7 lagrimas se derramaram, no outro dia estava em Terra firme, eu já estava com a idade de 522 anos, exausto, eu disse, a tua graça Senhor excede a uma floresta de carvalho."
Acordei meio abatido, pensei ter sido engolido pelas frustrações do dia passado, mas sempre ao meu lado meu bom e velho livro o mesmo que foi escrito a milênios já transformados.
Talvez quem ouça não creia mas minha fé é segura e não há altura que desafie meu consciente, tentando desesperadamente me tirar o norte no balanço da morte desta vida consequente.
Já engoli a seco os meus sentimentos várias vezes e a maioria delas foi por eu ter sentidos por pessoas que não mereciam e por haver falta de reciprocidade. Mas preciso confessar que engolir uma melancia inteira teria sido melhor, mais fácil e menos doloroso.
Como aquele que se debate no mar, enquanto é engolido pelas ondas, assim é aquele que se agita frente aos problemas ao invés de aguardar com a leveza de quem flutua pelo socorro de Deus. Por isso tantos afundam.
A cegueira da cidade esconde tatos e olfatos
As ruas possuem velocidade autônoma
São ruínas engolindo sentidos.
Sabe, é muito triste você ver os dias passando e, a cada dia que passa, você começa a ser engolido pela rotina e não pode fazer nada para impedir isso.
Você acorda, é segunda-feira. Você toma o café e vai para o ponto, a insônia do final de semana ainda te afeta. Você acorda na metade do caminho para o colégio e o resto do dia é como qualquer um: primeiro tempo no colégio, você almoça, segundo tempo, você pega o ônibus para a faculdade, você dorme no caminho, pega o ônibus pra casa, você janta e se deita; cansado de mais para tomar um banho.
É terça-feira, você não dormiu ainda, o banho espanta o sono que logo volto quando você senta no ônibus, você acorda na metade do caminho; está com uma cara horrível no reflexo da janela. Primeiro tempo, você almoça, segundo tempo, você acorda em cima do ponto da faculdade, você volta para casa, toma um banho e dorme, não esta com fome essa noite.
Você está atrasado, é quarta-feira. Você pega o segundo ônibus e chega em cima do horário na aula, é intervalo do primeiro tempo e seus amigos tentam te apresentar uma pessoa nova, você não sabe o nome dela e esta com fome de mais pra se preocupar com isso. A falta do café de fez comer o dobro no almoço. Você dorme no ônibus a caminho da faculdade e passa do seu ponto, vai chegar meia hora atrasado. Você chega e dorme, sem comer ou tomar banho.
É quinta-feira, você dormiu só metade da noite e, mesmo assim, está mais animado. Toma café e vai para o ônibus, você não consegue dormir. Percebe que tem alguém te olhando e, quando você olha de volta, ela sorri. Você não retribui o sorriso. Primeiro tempo, seus amigos te chamam pra jogar cartas, você não sabe jogar cartas. Almoço. Segundo tempo. Tem prova na faculdade hoje, você não estudou. Chega em casa, frita um ovo, toma banho e dorme.
Você acorda antes do despertador. É sexta-feira. Coloca um par da roupa na mochila hoje. Você toma café reforçado. Seu ônibus está atrasado, você perde alguns minutos. Por causa do atraso você vai em pé, não tem como dormir. A caminhada te deixa cansado e com cede. Primeiro tempo, você encontra a mesma menina que te olhava no ônibus, você a ignora. Almoço. Segundo tempo, nada de anormal até aqui. Hoje não tem aula na faculdade.
Você acorda na casa da sua avó, é sábado. Ela fica contente por você estar ali, você também fica ao ver a felicidade dela. Não tem nada para fazer ai, só a televisão para assistir e sua avó para conversar. Você não tem internet no celular, mesmo assim olha para ele a todo instante. A noite chega mais rápido do que você espera, sua avó vai dormir cedo. O celular não tocou ainda.
Você acorda meio dia, o almoço de domingo já esta pronto. Seus tios apareceram para visitar sua avó, sua aparência esta horrível. Parece que ninguém além de você percebeu isso. Seus tios vão embora, sua avó se deita. Você espera ela levantar para poder ir para casa. Seus pais estão no quarto assistindo e seu pai pergunta sobre sua avó, você diz que ela esta bem, toma um banho e vai para o quarto. O céu já esta escuro quando você chega em casa, são 22h. Nada, nenhuma mensagem. Você sabe que espera por algo que jamais ira acontecer de novo. Você vai até sua gaveta e pega uma caixa, que não esta escondida. Ainda é domingo e você acaba de desistir de esperar e vai até a única solução que lhe resta, se drogar, sentir seu corpo flutuar e sua cabeça esquecer cada problema que te prejudica.
Você acorda, é segunda-feira. Você toma o café e vai para o ponto [...]
Um mar atroz, vejo ninguém sabe o que aconteceu. o mar engoliu ponto final. para os familiares apenas o desconhecido e para quem se foi...
Nesta solidão de vida
Tão vivida que já esta roída
E quase o mar me engoliu
E quase não encontrei saída
Engoliu
Quando minha alma desmaiou dentro de mim, lembrei-me do Senhor. -
Jonas 2: 7
Escritura de hoje : Jonas 1: 1-17
Você provavelmente já ouviu a história de Jonas e o grande peixe. Mas você sabia que o profeta desobediente foi “engolido” não uma, mas três vezes? Deixe-me explicar.
Primeiro, Jonas foi engolido pelo preconceito. Os ninivitas eram um povo perverso e idólatra (Jonas 1: 2), e Deus queria que Jonas pregasse arrependimento para eles. Mas Jonas queria que eles sentissem a ira de Deus (4: 2), então ele embarcou em um navio e seguiu na direção oposta (1: 3).
Segundo, Jonas foi tragado pelo mar. Uma tempestade violenta estava atingindo o barco, de modo que os marinheiros supersticiosos lançaram um monte para descobrir quem era o culpado, e “o lote caiu sobre Jonas” (v.7). Ele disse: "Jogue-me no mar" (v.12). Quando as águas rodopiantes o envolveram, ele afundou na direção da morte certa.
Terceiro, Jonas foi engolido por um peixe grande que Deus havia preparado para resgatá-lo (1:17). Dentro do peixe por três dias, ele confessou seu pecado e prometeu obedecer a Deus (2: 1-9). Depois que ele foi libertado, ele seguiu a diretiva de Deus e pregou o julgamento a Nínive, e todo o povo se arrependeu (3: 1-5).
Deus às vezes nos permite enfrentar circunstâncias assustadoras para que aprendamos a confiar e obedecer a ele. É sempre melhor obedecer ao Senhor imediatamente - então não seremos "engolidos".
Refletir e orar
Quando andamos com o Senhor à luz de Sua Palavra,
que glória Ele derrama em nosso caminho!
Enquanto fazemos a Sua boa vontade, Ele permanece conosco ainda,
e com todos os que confiam e obedecem. Sammis
O caminho da obediência é o caminho da bênção. David C. Egner
Eu me li e reli várias vezes, questionei, refleti e me mastiguei, engoli palavras, engoli dores, engoli pensamentos, solucei lembranças e chorei mágoas, respirei desilusões e contrai angústias, adoeci cronicamente, me refiz por fora, me reservei por dentro, dificultei, lutei, resisti, intensidade minha, legítimo verso, sou eu minha obra, meu universo, corpo, mente em espírito, absorvo-me como visto, descendo da arte, é o que soma a minha natureza.
O destino
Cruzou a tua frente
Te deixou fascinado
Envolvido
E por ele engolido
Perdeu a noção
Do tempo
A percepção do belo
Numa rotina massacrando
Delirante
Cai no precipício
Escravo da própria sorte
Perde sua essência
E o valor da vida
@zeni.poeta
Somos feito nuvens!
Ora ali! ora aqui! ora acolá...
Até sermos engolidos pelo tempo.
Somos nuvens passageiras.
Eu tentei me libertar longe dessa monotonia
Revirei o meu passado, descobrir o que me engolia
Toda vez que me olhava no espelho percebia
Era mais um fruto burro dessa louca burguesia.