Engolir
Já engoli muito ódio, muita angustia. E eu tenho certeza, certeza absoluta, que um dia os vomito na cara de quem merece.
Quando uma pessoa não quer mudar, não adianta ficar martelando em sua cabeça. Quando engolimos nosso ego e percebemos que é hora de crescer, entenderemos e saberemos viver com mais intensidade e desfrutar das coisas boas da vida.
O papel da verdade
Vai se engolindo a verdade com menos temperos.
Real em essência e busca.
Com atenção.
Com pensamento.
De pé na fila.
Entre um bando de responsáveis.
Entre as modas por estação.
Com as patentes de presos políticos.
O preço do globo e números
Circenses ou teatrais, puramente instrumentais.
O cotidiano fim de semana,
Sempre no particípio.
Arte plástica.
Como ser mais de dois mil anos depois de Cristo e uns trinta a mais depois de Cleópatra.
Sem muito destaque para contribuição à memória.
É verdade agora e mais ou menos.
Já que 'sapo mora na lagoa e perereca na folhagem', o ideal é não comer qualquer perereca nem engolir sapo dos outros!
Chegava de humilhação para mim, muito obrigada. Não engoliria mais minha raiva. Honestamente, não entrava mais nem uma garfada. Mas estava deliciosa. Foi você quem fez?
Ela sentia como se estivesse sendo engolida pela escuridão. Não importa o quanto tentasse, simplesmente não havia escapatória…
Era em que se pega tudo mastigado e se engole muitas coisas juntas, é engolido coisas , pouco se colhe e tudo se aproveita.
Ah, modernidade…
Engoliste cartas,
Fizeste lagartas
Que sem qualidade
E sem humildade
Se julgam normais
(por serem iguais)
Vivendo de abraços,
Sorrisos e laços
Que são virtuais…
Já engoli a seco os meus sentimentos várias vezes e a maioria delas foi por eu ter sentidos por pessoas que não mereciam e por haver falta de reciprocidade. Mas preciso confessar que engolir uma melancia inteira teria sido melhor, mais fácil e menos doloroso.
Para usar aqueles sapatos apertados
Engoli dor ,raiva,não por tentar ser mais
Mas,por me encaixar, ser menos
Trecho do poema Sapatos Apertados
Não deixe ser engolido pela Expectativa Humana, mas seja sensato no seu proceder, para não ser Vomitado da Vontade Divina!
E foi hoje que eu engoli o orgulho. Ele não é muito bom ao paladar. Me faz vomitar. Nem consegui comer a minha salada. Ele cheira como um peixe falecido há anos. Sob o escaldante sol do verão. E eu comi ele. Engoli esse orgulho repugnante que me atrapalhou durante todos esses anos. Valeu a pena? Não sei. Sim. Não. Não sei. Ainda não decidi. Mas esse sabor inigualavelmente enjoativo ainda está rodando em meu estômago. Remoendo mágoas passadas. Quase esquecidas. Mas que nunca o serão. Não é possível esquecer. Pois tentar esquecer é lembrar. E lembrar dá raiva. Perdoar, talvez. Esquecer??? Nunca. Nunca. Nunca!!! Era para ser um esforço conjunto. Um esforço mútuo. Igual para ambos os lados. Mas não. Ela estava me esperando. Esperando que eu tomasse a iniciativa. Esperando sentada. Que bom. Porque eu sou alérgica a esse orgulho que tive de engolir, sabe? Sim, sou alérgica. E ela não valorizou meu esforço. Nunca valorizou meu esforço. Mas mesmo assim eu estava lá. Me abrindo para ela. Chorando para ela. Chorando com ela. Sobre todo o mal que tive de suportar em silêncio até hoje, e para sempre. E sobre todo o mal que ela teve de suportar por minha causa até hoje. Igual. A única pessoa que me entenderia era ela. Por que eu não pensei nisso antes? Não sei. Eu não queria. Me faz mal. MUITO mal. Muito mal MESMO. Mas consegui. Eu engoli esse orgulho apodrecido e repugnante, ainda que não tenha me feito bem a curto prazo, pois sei que à longa distância vai resolver. Sim: heróina sou. Heróina. Realmente é o que penso. Porque não vou contar isso para ninguém. Fiz isso por ela. Só por ela. Libertei ela. E quanto a mim? Continuo na mesma. Eu acho. Mas agora deve estar melhor. Em algum lugar do céu ou do mar. Espero que logo eu possa entender como fiz isso. Porque... eu consegui.