Engolir
Eu te guardei como se guarda um tesouro,
fiz dos teus pés o meu caminho,
engoli orgulho pra que plantasses os teus sonhos nos meus
e guardasses o meu olhar.
Se eu pudesse ser a tua vontade,
eu dormia e acordava na minha pele,
pois a minha virou a tua.
Bastou o teu olhar no meu
e nossos segredos se entrelaçaram,
como almas que se encontram nos olhos.
No meu colo tu te achavas
e nós ficávamos fora do mundo.
Não precisas mentir o teu amor
se o dizes sem dizer a toda hora,
sei bem que a palavra nunca te foi íntima
quando te escondes no forno do silêncio.
Veio o tempo e nos mudou de estação,
tenho fome no corpo e sede no olhar
quando me vem à boca o teu nome.
Realidade te muda e te planta onde não chego,
mas ainda hoje eu te costurei em mim,
como detalhe em segredo de um só.
PERDIDO INVERNO
Camponês embaraçado
Entre os cachos da videira
Engolido no infinito pela linha férrea
Contava os minutos, as horas
No outono sem espelhos
Nas primaveras com pregos
Nas memórias sem armadilhas
Na brisa em agonia do verão
Nas lufadas da neve no inverno
Nas nuvens sem sombras
Onde estica, encolhe o seu acordeão
Pássaros no horizonte de tréguas
Preguiçoso criador que esqueceu a liberdade
Sem vontade num raio de sol
Morreu entre os carvalhos no monte.
''E em tudo se transformou em cinzas, as cores foram engolidas pela escuridão mórbida dos corações dos homens soberbos.''
Um amor romântico, para durar, precisa ser superficial, pois um amor visceral é engolido pela própria intensidade.
Aos poucos engolia a dor como se fosse o pó do amargo café… Estava ali, em todos os lugares diluída em lembranças, cheiros, fotografias. E de repente, ela fechava os olhos e sentia à chuva lá fora e aqui dentro escoando pelos olhos
Amarga Deixa.
Quando tu foste embora, engoli a tua deixa como se ela fosse um pão amanhecido.
Minha mente fantasiava teu corpo como quem pinta uma aquarela.
Tuas curvas eram desenhadas em minha mente como se fosse o autódromo de Interlagos.
Teu perfume era lembrado tal qual o cheirinho do almoço que mamãe fazia aos domingos.
Meus sonhos continuaram os mesmos, só os tive deitado em diferentes travesseiros.
Continuei ouvindo a música que era a doce melodia aos teus ouvidos, era ela que me despertava todas as manhãs.
Aprendi a falar em sussurros quando tarde notei.
Que você sempre gostou do barulho que o silêncio faz.
Escrevi cartas a mão em minha mão pra você sentir.
Em cada letra minha um pedaço do meu corpo.
Oh! Quão suave é sintonizar na estação das coisas bonitas que tem em você.
Ainda ando te esperando sem cobrar nada.
Ainda te recito mentalmente meus esboços que foram rascunhados à hora zero.
Demonstrei meu afago te presenteando com um ósculo. Qual teu corpo me agradece silenciosamente até hoje.
E depois desta melancólica e precoce partida.
Você voltou aos meus braços sem ao menos partir.
Somente para descobrir que:
Comigo o amor mora em detalhes.
Engoli todas as borboletas da terra. Vi constelações nos seus olhos. O vento soprou, e não era mais frio, agora era quente. Era outono mas virou verão, graças ao teu abraço. Teu sorriso me invadia e sem pudor roubava meu ar. Um coração que não cabe em linhas. Você é o céu inteiro. O sol raiou no seu sorriso e de repente amanheceu. Em degradê de vermelho, rosa e amarelo quando se põe. Teu cheiro é aquarela. E se dissolve em mim. Inevitável. É melhor que amor se isso é possível. E eu acredito. Em tudo aliás, depois que te encontrei. Minha alma encontrou uma casa. Teu peito é minha morada. Lar doce lar.
Preciso fazer um regime urgentemente, a gente acaba engolindo cada porcaria barata, idiotices e chatices por ai. E ainda, tem playboy e patricinha, se achando a última bolachinha do pacote. Tem homem por ai, que é melhor de boca calada e mulher de boca fechada.
O choro da Mãe TERRA
Rasguei a minha carne e engoli meus filhos
Ainda regurgito alguns aflitos,
Outros padecem nas minhas entranhas
Para serem completamente esmagados pelo meu peso insuportável.
Não estável
Devido à movimentação das minhas placas tectônicas.
Que estão à deriva sobre um magma incandescente
Onde sobre elas transita muita gente
E não posso me acomodar indefinidamente
Com a estabilidade da inércia.
Vez ou outra revolvo e fraturo minha coluna
Despedaço-me e fabrico milhões de lacunas
No meu corpo
Num sopro
De morte
E sem mesmo querer
Fazer padecer minhas crias
E depois vou chorar com a garganta do vento
Explodir em lágrimas de amar, o mar
Tentando tragar
A incomensurável dor
Dos padecentes sobreviventes.
Tem palavras que são como cacos de vidros na garganta. Você acaba engolindo para não machucar ninguém. Só sangra por dentro onde os mortais não conseguem tocar.
Todos os dias você tem que matar um leão,
não esqueça que enquanto isso muitos estão sendo engolidos.
As queixas e os louros
A queixa da maioria
1. Engolida pelo tempo
2. Espinhos nas relações
3. Mente inquieta
4. Egoísmo
5. Falta de amor
6. Desilusão e frustração
7. Tentar alcançar o inatingível
8. Estar sozinha
9. Coração partido
10. Imaturidade
Os louros da maioria
1. Prestar serviços com qualidade
2. Falta de problemas de verdade
3. Confiança
4. Amizades de ouro
5. Melhorias nas realidades sociais
6. Diversão
7. Conseguir conquistas com esforço
8. Nunca perder as esperanças
9. Evitar o desgaste
10. Amar como parte de nossa natureza
“A gente vai empurrando e deixando e remendando e engolindo e fingindo. Chega uma hora em que arrebenta a ferida: estoura, explode, sai pus, nojeiras e afins. É nesse momento que, ao invés de Band-Aid, pomada e beijinho, a gente precisa espremer mais um pouco e, quem sabe, enfiar o dedo fundo, forte, pesado e sentir a dor percorrer cada centímetro do corpo. É só após esse processo que tudo cicatriza – e a gente descobre até onde vai a própria força. E se supera.”
Eu posso não ter forças pra mudar o mundo, mas no espaço que estiver, não vou deixar mundo me engolir!
Abriu-se repentinamente uma cratera ousada que quase engoliu a mente.
Algumas cargas de serenidade e generosas doses de bom senso, misturada com a mais potenciada ternura cuidadosamente colocada por um mutirão de amigos, foi possível fechá-la.
Hoje a vida consegue passar por ela, mas a marca lá esta... Será eterna.
ANA SÍLVIA
o mar engoliu seu corpo,
numa manhã dominical,
o mar lambeu seus desejos...
o mar comeu seu sonho...
o mar bebeu suas paixões...
o mar levou seu olhar
cheio de promessas...
a primavera de um porvir
cheio de flores...
o mar também se apaixonou
e fez mais uma sereia...
Certo dia, uma mosca engoliu minha alma antes de ser engolida por um sapo. Uma cobra abocanhou o sapo. Uma águia comeu a cobra e me fez entender que todo mundo precisa começar do insignificante antes de alcançar o infinito.