Engolir
Já cometi muitos erros e acertos também. Já se passaram muitos altos e baixos e muitos ainda vão passar. Mas depois de um certo tempo, aprendi que os sapos são gordos demais para serem engolidos.
Certo?!
Cassia Guimarães
O choro não passava da garganta, parecia que havia um nó ali e eu era obrigado a fazer aquilo que a minha mãe dizia: “Engole o choro”.
(Do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser")
Não importa se você veste terno, jaleco ou farda. Não importa se você é rico ou pobre. Isso não define caráter, não te faz melhor ou pior que ninguém. Você é um cidadão como qualquer outro. Você também é povo. E se você mora no Brasil é povo brasileiro. Então pare de se achar o fodão ou a fodona. Porque todo mundo trabalha com o mesmo objetivo: sobreviver para viver ou vice-versa.
O tempo passa depressa demais e a vida é tão curta. Então – para que eu não seja engolido pela voracidade das horas e pelas novidades que fazem o tempo passar depressa – eu cultivo um certo tédio. Degusto assim cada detestável minuto. E cultivo também o vazio silêncio da eternidade da espécie. Quero viver muitos minutos num só minuto.
Deve ser o nosso jeito de sobreviver – não comendo lixo concreto, mas engolindo esse lixo moral e fingindo que está tudo bem.
Engoli com alguma dor meu orgulho que sempre fora feroz, e aceitei humilde o que o destino me dava de esmola.
Quando saber se o casamento está ruim? Quando você está engolindo sapo ao invés de comer a perereca.
Não resmungou nem gemeu nem bateu com os pés. Simplesmente engoliu a decepção e optou por um riso calculado - um presente dela para si mesma.
“Vou engolindo dor e funciona que nem droga, no começo faz bem e depois vai machucando aos poucos, por dentro.
Acredito que quando alguém chora sem motivo é para aliviar todas as vezes que ela engoliu o choro e colocou um sorriso falso em seu rosto.
Detesto esse silêncio frio e aterrorizante que parece estar me engolindo e atende pelo nome de Solidão