Engolir
Demos muito azar, querida. A vida nos engoliu, depois cagou e todo mundo só quer que a gente supere e aja como se nada tivesse acontecido.
Tem coisas que a gente ingere e digesta
Outras a gente ingere e regurgita
Nem tudo que engolimos faz bem
E isso, não é sobre comida.
Ando engolindo brasas ardentes que descem queimando, causando agonia. Queimaduras de 3° grau pelo meu ser corpo e alma. E cada vez que queima me faz lembrar o quanto sou quebrável, vulnerável e pequeno.
Mas tenho sido firme e me mantido de pé, quem sabe se mato ou morro.
Há situações na vida em que somos obrigados a aceitá-las e botar todas as mágoas e frustrações goela abaixo. A lenta digestão delas creio eu que são uma espécie de remédio para alma, e quando elas saírem, bom, aí serão só fezes mesmo!
Meus cílios são como barras de ferro aprisionando meus olhos
eu os sinto pesarem, ando olhando para o chão
a loucura é um espelho que liberta meus dragões
enfurecida, incendiosa
voo, subo alto e sou puxada de volta
não posso ultrapassar muros
as sombras nascem junto com o sol
antes que a realidade queime minhas retinas
vou arranhar paredes, roer as unhas
preciso ser mais leve
me desfazer de mim
comer a boca, me consumir inteira
serrar as grades
e todo dia engolir um sol,
pra fazer parar de chover aqui dentro.
Quando éramos bebês...
Costumo dizer que quando nascemos, estamos no "ponto"...
Mas, os adultos que cuidam de nós, se incubem de ir nos (des) "educando".
Para melhor entender isto, basta recordarmos algumas passagens da nossa infância que demonstram bem certas características que tínhamos e que hoje nos fazem faltam.
Éramos determinados... quando tínhamos uma meta, insistíamos até alcançá-la: aprendemos a andar, após várias tentativas e inúmeros fracassos.
Para atingir nossos objetivos, não nos importávamos com o ridículo: Ficávamos um tempão experimentando sons, fazendo os barulhos mais "esquisitos", até conseguirmos pronunciar palavras e depois frases.
Quando nos sentíamos incomodados, não engolíamos nosso incômodo. Literalmente "botávamos a boca no mundo".
Éramos assumidamente sinceros, curiosos e extremamente desejosos de aprender: Quando tínhamos alguma dúvida, insistíamos em perguntar até que conseguíssemos esclarecê-la.
Pois é... depois, à medida que fomos crescendo fomos (des) aprendendo muitas coisas e assim, perdendo muitas dessas características.
Passamos a ser inseguros e muitas vezes desanimar das nossas metas... abrir mão dos nossos sonhos... a temer fazer papel de ridículo, deixando assim, de alcançarmos muitos dos nossos objetivos... por nos inibirmos... a mentirmos em algumas situações... a ficarmos com dúvidas, temendo fazer o papel de pouco inteligente e ainda aprendemos a nos forçar engolir e remoer várias chateações, para passarmos a imagem de bonzinhos e "legais".
Imagine se o bebê nascesse com todas estas características que foram nos ensinadas?...
Pense nisso.
A verdade é que EU acostumei as pessoas mal. Meu erro foi sempre aceitar mesmo o que eu não queria. Sempre deixando passar, sempre engolindo sem digerir, e hoje só o que esperam de mim é isso: passar uma borracha por cima e seguir como se nada tivesse acontecido.
Já cometi muitos erros e acertos também. Já se passaram muitos altos e baixos e muitos ainda vão passar. Mas depois de um certo tempo, aprendi que os sapos são gordos demais para serem engolidos.
Certo?!
Cassia Guimarães
Analisando friamente, seja em que sentido for, existe uma técnica especial para que se possa praticar o ato de engolir sapos...
Vamos analisar...
Ósculos e amplexos
Marcial
A BOA TÉCNICA PARA ENGOLIR SAPOS
Marcial Salaverry
Existem muitas pessoas que são “especialistas” na desagradável arte de “engolir sapos”. Alguém poderá dizer que as rãs são mais saborosas. Até concordo, mas não estou dizendo engolir sapos no exato sentido da palavra, mesmo porque é exatamente pelo fato desse bichinho ter um aspecto tão repulsivo, e possivelmente ter um sabor extremamente desagradável, que se costuma dizer que vamos “engolir sapos”, quando, por razões diversas, somos obrigados a escutar coisas que não nos agradam, e nada podemos responder.
Obviamente essa atitude fere a sensibilidade de qualquer pessoa, pois não é nada simpático, termos que contrariar nossa vontade que, por vezes é mandar quem está nos falando e, possivelmente o resto do mundo para lugares pouco recomendáveis, e por certas contingências da vida somos obrigados a concordar, e a ceder, abdicando de nossa vontade, em nome da chamada “boa educação”...
O perigo reside no fato de que tantas vezes, durante muito tempo, violentamos nossos próprios desejos, cedemos tanto às necessidades dos outros, que começamos a acumular mágoas em nosso interior, e um dia explodimos. E, ao explodirmos, poderemos magoar pessoas que não chegam a ter tanta culpa por nossas frustrações, pois acabamos atingindo quem estiver por perto quando da explosão, e nem sempre são os verdadeiros causadores.
Essas mágoas, muitas vezes vêm de longe, e vão se acumulando aos poucos, e ficando represadas. Quando a barreira cede, a inundação varre tudo.
Por vezes, chegamos a desmarcar consultas médicas já marcadas há algum tempo, para atender a alguma necessidade de outrem. E isso vai nos aborrecendo.
Em conversa com um médico amigo, um clínico geral muito bem conceituado, ouvi o seguinte:
“As pessoas não devem engolir sapos, pois é uma das maiores causas de distúrbios gástricos (mesmo que não seja no sentido real da palavra...). E mesmo de stress.”
Entre um chopinho e outro, argumentei que nem sempre podemos deixar de saborear os batráquios em questão, pois nem sempre podemos dizer ao eventual interlocutor, o que realmente pensamos, seja por questões de educação, seja por interesse, seja por algum receio, seja por qualquer razão. Foi então que ele falou a fórmula mágica.
Vejam a simplicidade de sua explicação: “O negócio, meu amigo, é começar a falar sozinho... Ao invés de simplesmente ficar remoendo no pensamento as coisas que gostaria de dizer, assim que ficar sozinho, desabafe, falando em voz alta, como se àquela pessoa tudo o que lhe vier na cabeça. Solte os bichos. Se for o caso esmurre o travesseiro, o banco do carro, o que tiver de macio ao alcance da mão. O que não se deve fazer é guardar as coisas dentro de si. Essa terapia poderá tirar o emprego de muitos psicólogos, mas se for bem feita, resolve muitos problemas, principalmente os gástricos. Já fiz essa experiência com diversos pacientes impacientes, e eles ficaram mais pacientes... É o tipo de tratamento que não custa nada e, como se costuma dizer, “se não mata, engorda...”
Como em nossa vida quase sempre nos vemos nessa desagradável contingência de incluir esse bichinho no cardápio, não custa nada aplicar a “terapia do berro”. Após a “refeição”, no instante mesmo em que ficarmos sós, é só se concentrar na pessoa que nos irritou, e, imaginando ter a soturna figura em nossa frente, dizermos tudo aquilo que está entalado em nossa garganta, e não pudemos dizer-lhe ao vivo e a cores. Mas falar mesmo, se for o caso, gritar em altos brados. Nada de sussurros românticos. Gritar mesmo. Dizendo tudo que nos vier à cabeça. Acreditem, é uma excelente terapia para esses casos. Já experimentei diversas vezes...
Assim fazendo, descarregamos as frustrações interiores. É um desabafo que não irá magoar ninguém. Podemos dizer tudo o que queremos, e não teremos reação nenhuma.
Em apoio a essa terapia, é bom lembrar que no Japão algo semelhante é muito usado, pois nas grandes firmas japonesas, existe uma sala com um boneco representando o Diretor da firma, e os funcionários podem fechar-se nessa sala, e fazer o que querem com o boneco, menos destruí-lo, para não aumentar o prejuízo...
Bem, se por acaso tiverem algo a dizer em detrimento a quem sempre lhes deseja UM LINDO DIA, podem fazê-lo, teclando o que quiserem, mas com o pc desligado, e deletando antes de enviar...
EU NUNCA VI
um terremoto.
Nem sei se
isso passou perto,
mas o chão
com certeza se
abriu ao meio
só pra me engolir inteiro.
Vivemos em busca de sonhos. Queremos sempre ganhar sem se importar com as incertezas. Mas, a vida segue seu curso. Nada é para sempre. Nada é eterno. Precisamos saber lidar com as situações inesperadas. Nem que para isto tenhamos que engolir seco e sorrir.
O choro não passava da garganta, parecia que havia um nó ali e eu era obrigado a fazer aquilo que a minha mãe dizia: “Engole o choro”.
(Do livro "Dente-de-leão: a sustentável leveza de ser")
Não importa se você veste terno, jaleco ou farda. Não importa se você é rico ou pobre. Isso não define caráter, não te faz melhor ou pior que ninguém. Você é um cidadão como qualquer outro. Você também é povo. E se você mora no Brasil é povo brasileiro. Então pare de se achar o fodão ou a fodona. Porque todo mundo trabalha com o mesmo objetivo: sobreviver para viver ou vice-versa.