Embriagado
Inventei que precisava comprar filtros e saí pela rua como um embriagado a buscar os filhos num abrigo, mas a barriga tremulava café e a boca necessitava mais um trago. Passei pelo beco, esperando encontrar uma caçamba de entulhos, mas a rua estava limpa, vazia. A casa velha da rua de trás, intacta. Me ofendendo por estar tão viva, também acolhera em seu quintal de mato alto uma ninhada de gatos de olhos verdes acusadores e ferinos, olhos que me encararam. O silêncio deles, eu de chinelos e meia, a rua toda parada e a velha lá em cima, vigiada por um homem de chifres e cara de boi. Tudo funcionava como a suspensão do respirar de um mundo. Estava no ar e crescia em mim, percebi, quando os gatos fecharam os olhos e se ajuntaram para descansar – e uma mariposa passou voando sobre eles e sumiu no mato – percebi: de nós todos, eu era – eu era –, eu era; eu era a mais irrefletida das criaturas.
Órbita
Para cada erro consciente
Um perdão embriagado
Para cada perdão consciente
Um erro embriagado
Para cada erro embriagado
Um perdão consciente
Para cada erro consciente
Um perdão embriagado
Anseios Mágicos
Envolvo-me em teus costumes
Sem ti me sinto pálido
Embriagado em teu perfume
E no doce beijo cálido.
Meu amor te assume
Nestes anseios tão mágicos
A paixão nos leva ao cume
Num encontro tão rápido
( uma parábola de tempo )
Na margem que beirava o rio, avistava-se um embriagado rapaz que trazia consigo o último gole de ilusão em sua garrafa.
Desejando imensamente mergulhar e alcançar o outro lado, não criava impulso para tal coisa.
Na verdade o rapaz não tinha medo de não conseguir nadar até onde devia, a embriagues não o impedia, pois de certa forma o fato de não sentir-se por completo retirava dele o frio sem piedade que cobria o final de tarde.
Ele não entrou na água doce. Ele desistiu bem logo após não avistar seu amor na margem do outro lado do rio. Foi embora.
Certo tempo depois, o agora sóbrio e mais velho rapaz recebeu uma carta e uma fotografia.
A fotografia mostrava um por do sol sem alguém pra presenciar ao lado da belíssima moça que sentada sozinha a beira do rio, olhando o céu estava.
A carta era formada por três frases simples: "Eu não estava sozinha, tive lágrimas a mim acompanhar. Era pra ter olhado o rio, não a margem. Eu já havia me jogado e nadava ao teu encontro".
Paralisado por instante o rapaz ficou. Chorou. E descobriu que os amores não esperam nas margens do rio de sonhos. Eles entram, mesmo no frio, eles tentam, mesmo fraco, eles têm fé, mesmo sem paz. Os amores estão indo ao encontro e não ficam nas margens sozinhos. Não existe amor conquistado facilmente. Amor fácil [mente].
Minha voz treme enquanto repete a sussurrar seu nome.
Embriagado pela saudade, com a tua ausência, a noite nos sonhos, nada veste minha solidão, se tu não estás. Traço o ar com os sussurros de meus batimentos e o eco me devolve, disfarçado teu nome, às vezes penso ouvir você me chamar no silêncio, às vezes penso que me escutas quando em você penso.
Quando tu me olhas e sussurras
Meu coração sorri enamorado atrapalhado
E fica embriagado desnorteado
Escandalizando em mim meu vicio
Não tem como não te amar
Escuta o meu coração que bate e vem
Num corpo a corpo de nos dois me abraça
Quero ficar neste nosso amor e não me encontrar
Minha gota de orvalho te seco delicadamente
A sua voz,me deixa embriagado de amor e de tristeza,pois eu não conseguirei lhe conquistar... ou consegirei???
Te sorvo, te adentro, te faço cálix, e portais, e embriagado de ti, viajo em ti, para paraísos mais atraentes, que o das houris prometido pelo profeta...
odair flores
“O homem nasce embriagado na dor, pois até involuntariamente experimenta o gole amargo do pecado.”
Giovane Silva Santos
O AMOR
Já é LINDO ❤️
Imagine ele embriagado
Com o perfume da FLOR 🌹!...
A poesia ficará no ar por tempo indefinido...🙏
***
Quando se vive embriagado
É fato, tudo começa por um gole, e se passa o tempo e perdemos a dimensão que adentramos aos caos existentes, na embriaguez latente.
Um gole de orgulho e logo se mergulha no lago sujo da soberba, um gole de paixão, se assiste televisão e o resultado é desastroso, um pintada de fuxico e logo se enche de ira contra o irmão, imagine o que a língua destila a demais semelhantes.
Até mesmo invariavelmente sem muita maldade, por vias inocentes ou a própria desestruturação na condição educacional, permite se inserir em raptar as coisas alheias, quando se acorda está aprisionado nas celas do arrependimento ou até mesmo pela auto repreensão do destino que insistiu em castiga-lo.
Bebe das mais variadas bebidas que saturam o corpo, a mente, o espírito e a alma.
Banha se na prostituição, na malícia e adultério, se mistura com a ignorância e se faz igual e imperceptivelmente se insiste nas vias errôneas.
Tudo isso provoca, insinua e atrai derivações emocionais, como um gole de ganância, preconceito, ambição, truculência, insensatez e a matéria carnal ganha vida, se não houver decisão, arrependimento, atitude e muita fé em uma restauração, continuamos insanos e equivocados como, quando se vive embriagado, nos goles do pecado.
Giovane Silva Santos
O LEÃO, O DOMADOR E A ARENA
Na grande jaula em que o encerra,
um leão furioso, bem embriagado,
entre açoites e bramidos de guerra,
espera seu algoz para ser domado.
O domador se faz senhor da selva,
enquanto o animal urra e vocifera,
pois sabe que ali não existe a relva
a ocultá-lo de ser visto como a fera.
Mas numa arena a história se altera,
ao carrasco insensível que o espora,
o animal livre e pujante se arremete.
Devorá-lo ferozmente quem o dera?
Porém a fúria do leão não compete
contra o látego cortante que devora.
Do seu Livro "Sua Majestade, o Circo Lírico" - 2018
Brasil, um povo embriagado na ignorância e na ganância.
Não podemos ignorar toda construção de um determinado padrão, um exército singular, refinarias e mineradoras, navios, aviões e na construção civil belas obras admiradoras, porém os mecanismos são entorpecente na desgraça de um povo de uma gente, embora muito socorro existe, a miséria ainda consiste, a natureza do pensar, agir e conduzir a sociedade, a arquitetura das famílias de pura vaidade, filhos como ninhadas de rato, são fêmeas parecendo cadelas, no meu íntimo elevo meu pedido de perdão se alguém venho a magoar, mas está disseminado a destruição do lar.
A elite que se empanturra no dinheiro, no embaraço da indiferença e preconceito, na compostura ilegal, os dois elos existentes, encima e embaixo, o teatro do desencaixo que não se aproxima de uma construção eficaz, até cansa falar de tanta lambança, Brasil, um povo embriagado na ignorância e na ganância.
Giovane Silva Santos