Em meio a Fumaça
Forçosamente respiro essa fumaça chamada amor... já não me provoca tosse, mas as alucinações permanecem.
Hemorragia
Queria ser a fumaça do teu cigarro
Para destruir-te por dentro
Como me fizeste
Mas, apesar de tudo, te agradeço
É a hemorragia que me causaste
Que me faz acreditar
Que há sangue em minhas veias
E a dor que me deste
É o único sentimento que me restou
Guardo-a com apreço
Pois só ela me dá a certeza
De que ainda estou vivo
Mas ando procurando outra dor
Pois o amor que eu tinha
Foi-se na hemorragia.
É foda entender que acabou... Aliás, nem começou né?!
Fez faísca mas não pegou fogo, fez fumaça e como fumaça se foi pelo ar. Sem rumo e direção. Era de se esperar, más depositei todas as fichas que juntei durante o tempo de recuperação e apostei no número errado, a roleta girou e eu perdi, de novo!
Me parece que desde cedo estou na estrada errada, buscando os atalhos errados enquanto as lágrimas rolam sem parar.
Chegou sua vez de me apunhalar, o diferente é que agora eu deixei.
Vou manter sua risada juvenil e involuntária daquelas noites, seu sorriso lindo daquela quarta a tarde. E por fim, darei play nos seus áudios, sempre que sentir saudades, torcendo para que você tome jeito, e eu... Bom... que tome um rumo certo. Todavia, caso isso não aconteça, tomarei uma xícara de café durante um remember emocional... Afinal, as feridas acumuladas durante anos cicatrizaram, mas durante as frias noites, ainda doem.
Às vezes, um sorriso, pode ser uma cortina de fumaça para esconder os piores sofrimentos. Nem sempre quem sorri é feliz. Uma dica.
Ascendo um cigarro e, a memória da noite passada parece se reproduzir na fumaça.
O cheiro dela... Se desfaz na lembrança de sua pele fresca junto ao aroma suave de alfazema que sinto nos lençóis.
A cada trago, lembro-me de seus beijos com sabor frutal do batom vermelho rubi. Parece que sinto a maciez dos teus lábios na minha pele.
Cinzeiro, cinzas e pontas de cigarro. Lembranças da cama desfeita, dos nossos corpos largados e exaustos de tanto fazer amor só por amar...
A fumaça evapora e parte do tempo vai embora ou fica sem sua hora. O fogo que queima é o estrago do trago mas melhor que o amargo de cena do povo. Só quero d-novo viver o bom sopro de mente pacífica bridando com quem fica.
A relação amorosa é uma bomba que explode, a fumaça que sobe, depois se dissipa, se sobrou o amor, a vida a dois segue, se não, dissolve...
Fumaça
Fumarei!
Expirarei a fumaça como reza,
e desenharei as respostas para
absolutamente todos meus questionamentos...
Criarei as setas indicativas de
corações, estradas, paisagens e visões.
Enxergarei através delas os caminhos
por onde hei de andar ou correr...
Me colocarei no tempo-espaço de
impossíveis possibilidades,
deixarei meus neurônios à navegar,
e pensamentos em segurança aportar...
E ao final da reza esfumaçante...
a certeza de um caminho incerto,
a velocidade duvidosa de meu caminhar.
Livre arbítrio arbitrário!
Restará em mim o pulsar de um sonho,
esperado, aquietado, vislumbrado, deslumbrado...
de um coração subserviente à razão,
caminhante sorridente com pés de passos firmes,
rumo a maratona do eterno perde e ganha
no jogo da vida!
Seus olhos estão ardendo, ner? E não é fumaça, poeira nem problema de vista. É choro preso, ner? Eu sei!
A todo momento
na fumaça esparsa do meu café
vejo cores e dores.
E quase perco o fôlego
quando apareces inteira
ligeiramente acordada
fingindo não saber onde estás!
Fecho os olhos
abro a vida
e te recolho em meus braços.
Solenemente!
Ah! Que as minhas dores desaparecessem na fumaça de um cigarro, num trago sujo, num gole profundo ou numa noitada. Mas não! Minha dor é consciente. Arde e lateja como dor de dente!
Anjo de Sol e Fumaça
Anjo de sol e fumaça
Guardião do som e da palavra
Anjo de luz
Sereno sorriso
Nas dobras do sono
Atento e preciso
Ao corte que traça
Anjo das águas e dos doces mistérios
Anjo das igrejas e dos monastérios
Folheia manso o livro das horas
Deita perfumes na epiderme da aurora
Colhe paisagens nos descaminhos dos ventos
Abraça furacões
Sorve ares pestilentos
Amaina as fúrias
Os esgares do louco
Anjo de planaltos
Abismos e superfícies
Anjo de espumas
Escombros ruínas
Coluna magnífica entre o céu e a terra
Freqüência estelar entre globo e esfera
Armistício planetário entre o córrego e o leão
Anjo solar citadino rural
Senhor dos oceanos das vagas e marés
Anjo boreal
Trópico rosa
Anjo neblina bruma e temporal
Imprime no céu o princípio
Afere na balança o juízo
E pausa
Solar silente
Entre o corpo e a vida
Aragem
Ardente
Acorde.
Quero ser a fumaça em seu trago
O envelhecer do teu vinho
O tira-gosto em sua boca
A sua fantasia mais louca.
Vendo o sol se pôr destorcido com a fumaça do meu cigarro, lembrando dos nossos melhores momentos juntos e chorando por saber que é o fim da nossa história de amor.