Elegia de um Tucano Morto
Dia frio,
um cigarro de bom gosto,
com cinzas
tão bonitas
que invejavam
as do morto.
Tragou a morte,
por sempre tossir
com a vida.
Foi jogado
ao mar,
onde há
poesia.
Quando você morre, tudo passa. Você está morto... Pessoas morrendo ao seu redor. Essa é a parte difícil. Você deveria ter medo de estar vivo.
O MORTO HABITUADO
Não são leves os laços
do absurdo exercício:
o homem lado a lado
com seu laçado ritmo.
muito menos cumprido
do que dependurado,
plataforma do umbigo
ao pescoço do hábito.
Mas ao engravatado
qual o conforto vindo
provar que o inimigo
não inventou o laço?
Por outro lado, fausto
do que secreto visgo
se o absurdo do ato
costuma ser tranquilo?
Discreto e convencido,
como não dar o laço,
rebento do risível
com o bem comportado?
Conhecer o ridículo
quando se chama exato,
isento de impossível
e impossibilitado?
Demasiado antigo,
já não é bem um trato:
vertical compromisso,
enforca-se o enforcado.
Quem teme a morte só está apegado ao corpo e aos sentidos. No sono profundo você está morto todos os dias. Morte nada mais é que perder o senso de ser. Morra antes de morrer e seja feliz.
Lembre-se de que, dentro em breve, estará morto; e não poderás mais ver todas estas coisas quevêseconvives.
Nunca fui morto, para explicar melhor, mas estou vivo e sei que da morte só um voltou de facto embora seja lenda para alguns o texto é claro e a morte é real.
O anel da invisibilidade do ódio
deve ser morto na sua raíz
Se ficarmos nos contorcendo
para rir melhor e rir por último
achando que a vida está boa
com ódio no sangue
Levamos uma timbalada
bem por meio do qual
outrem em sua defesa legítima
contra algo que não é seu
se legitima sendo bom
o suficiente para passar
em análise de sua vida conjunta
bem no meio do coração.
Como se fosse um símbolo
congruente mas não o suficiente
para ser mais que fonética
ser também palavra
que não quer, por si só,
dizer que é amor.
❤️
A história de um rapaz
Como qualquer outro
Que procurava amor e paz
Num coração de morto
Tentava amar
Mas nunca conseguia
Acabava sempre amado
E não retribuía
A melhor pessoa
Que poderiam conhecer
Um coração frio
A precisar de se aquecer
Por vezes parecia estranho
E também distante
E mesmo tão longe
Tinha uma luz radiante
Bondade é a virtude
Medo é o defeito
Partir sem conseguir
Fazer o que queria ter feito
Objetivos são muitos
Um é principal
Ajudar a humanidade
A cultivar o bem e não o mal
O futuro é incerto
Já nada me surpreende
De uma coisa tenho a certeza
Serei sempre correto para com toda a gente
Apresento-vos aqui
Parte do que sou
Tenho orgulho em mim
E no caminho onde vou
No dia em que partir
Irei certamente feliz
Pois Deus estará a sorrir
Por tudo o que fiz
A ele lhe agradecerei
Todo o meu passado
Se cheguei onde cheguei
Porelefuiguiado
Perdoe-me se eu parecer que não me importo, se eu parecer estar morto por dentro; É porque estou, apesar de me importar.
No túmulo frio do meu peito errante,
Sou zumbi que vagueia sem rumo certo.
Não sou vivo, nem morto, apenas distante,
Entre sombras escuras e lembranças de deserto.
Meus passos arrastados ecoam na solidão,
Entre ruas de concreto e almas sem cor.
Alimento-me de memórias, na escuridão,
De um passado que se desfez como pó.
Oh, como é amargo o sabor deste viver sem vida,
Onde meus olhos não veem, apenas fitam o vazio.
Meus dias são espinhos cravados na ferida,
De um coração que já não pulsa, apenas desafio.
À luz da lua, busco o alento dos sonhos perdidos,
Mas só encontro a névoa densa da desilusão.
Neste corpo frio e dormente, escondo meus gemidos,
De um tempo que se esvaiu na maré da ilusão.
Sou zumbi de mim mesmo, espectro de um naufrágio,
Afogado nas águas turvas da desesperança.
Onde tudo que resta é o eco do meu presságio,
De um destino traçado com tinta de lembrança.
Não me chame de vivo, pois sou apenas um eco,
De quem um dia respirou, mas perdeu a razão.
Zumbi de sentimentos, de amor desfeito em tropeço,
Sou o que restou de uma vida, perdida na escuridão.
Como os versos que escrevo, na penumbra do meu ser,
Sou a sombra que dança no muro do esquecimento.
Triste zumbi de mim, naufragado no meu próprio querer,
Busco em cada passo um alívio, um alento, um alimento.
Mas só encontro desespero, desamparo, solidão,
Neste mundo onde ser zumbi é a sina que me coube.
E assim sigo, sem vida, sem morte, sem redenção,
No labirinto sem fim de uma existência que me dobrou.
Ah, Menina, se soubesses do peso desta condição,
Da alma que vagueia sem destino, sem direção.
Talvez me entenderias, entre linhas de ilusão,
Como um zumbi que lê, que escreve, que clama por perdão.
Não está morto o que jaz eternamente, e no estranho longínquo infinito até a morte pode morrer.
[O Marco Zero de um Ponto Morto]
enfim,
compreendeste
tudo.
este é o glorioso destino
da humanidade,
um bando de desgraçados
solitários,
fazendo barulho
coletivamente
pra se distrair,
incomodando a todos,
enquanto sofrem
em silêncio,
desejando o amor
que nunca tiveram.
(Michel F.M. - Trilogia Ensaio sobre a Distração - 16/11/23)
Estou morto, mas tristemente vivo
Numa vida infinita, com fim.
E as horas, mais lentas que os dias,
Criam um vazio espaçoso, dentro de mim.
E antes que o bem feitor pudesse afagar póstumas memórias de seu então morto pai, reconheceu que para o morto basta qualquer coisa, pois é somente para o vivo que se faz justiça.
Nietzsche disse que Deus está morto, mas agora que Nietzche está morto ele tem a prova que Deus está vivo.