Elegia de um Tucano Morto
“Vejo sonho nos olhos singulares, mas a vala política está cheio de ratos vivos em um sistema morto.”
Giovane Silva Santos
“Fui menino, moço, morto e agora transitório, também fui louco, sonhador e agora busco o que ainda não fui.”
Giovane Silva Santos
No Brasil, um policial mesmo aposentado corre o risco de ser morto por um bandido. Isto é uma evidência de que no Brasil policiais e criminosos disputam influência e poder sobre territórios e pessoas que os colocam num ciclo de violência que ignora a aposentadoria do policial e a saída do criminoso da vida de crime.”
Segunda canção do peregrino
Vencido, exausto, quase morto,
cortei um galho do teu horto
e dele fiz o meu bordão.
Foi minha vista e foi meu tacto:
constantemente foi o pacto
que fez comigo a escuridão.
Pois nem fantasmas, nem torrentes,
nem salteadores, nem serpentes
prevaleceram no meu chão.
Somente os homens, que me viam
passar sozinho, riam, riam,
riam, não sei por que razão.
Mas, certa vez, parei um pouco,
e ouvi gritar:-"Aí vem o louco
que leva uma árvore na mão!"
E, erguendo o olhar, vi folhas, flores,
pássaros, frutos, luzes, cores...
-Tinha florido o meu bordão
O amor é a única bagagem que devemos carregar para todos os lados. Quem vive sem amor, vive morto. Acredite.
Parça, é foda quando cê cai na real
Que cê tá sozinho mesmo e que seus amigo foram morto
Mano, eu já vivi várias fita, várias treta de família
E disso nóis já sabe um pouco
Tantos tons de laranja, quando à mente estava a falhar, fechando os olhos o morto levantou e dizia que as últimas cores que via eram os múltiplos tons de laranja e vermelho, se fechando na nuance escura da morte.
O que estava morto em mim antes hoje é só seu, todo seu, acredite. Achei que já tinha vivido ou sentindo aquele verbo forte de 4 palavras que soltam por aí de qualquer jeito, mas não, não tinha vivido ainda, muito menos sentido, o vejo agora, ele é tudo que falam mesmo nas músicas, ele tudo sim, ele é sim o que há de mais valioso na Terra.
PARA RESSUSCITAR PRECISA ESTÁ MORTO ("Lázaro morreu e ressuscitou. Jesus morreu e ressuscitou. A diferença entre ambos? Lázaro morreu de novo!" — Reinaldo CantalÍcio)
Páscoa: ressurreição de Cristo, será? Ou roubaram o corpo do Mestre! Disseram que Ele disse: Não me toques porque não subi ao pai. Logo em seguida o Tomé já podia tocá-Lo. Então, comeram juntos depois de atravessar a porta sem abrir. E na estrada de Emaús ainda não tinha subido ao pai? Mas, lá comeu de novo! Já fazia 40 dias, comendo e bebendo, e ainda não subira ao pai. Eu e o pai somos um. Então o pai tinha descido ao invés do filho subir. Nesse caso, fica melhor acreditar que roubaram o corpo e explicar dizendo que a conspiração romana escondeu o corpo para mostrar que a guarnição era fraca e falha, mas se quisesse acreditar que foram os judeus, também se cumpria o intento da milícia rebelde. "Eu que simbolicamente morro várias vezes só para experimentar a ressurreição…" (Clarice Lispector). Assim morre-se e se ressuscita na literatura, metaforicamente. Não sei como alguém realmente pode ressuscitar literalmente depois de cremado e ser às cinzas espalhadas no mar. Ou o espírito tem cérebro para pensar e aparelho fonador para falar!? Há o fanático que acredita em tudo, e o outro tipo de fanático não acredita em nada. De qual desses o céu precisa? Eu me estabeleço como coerente, pois entendo que SÓ A VIDA GERA VIDA, E MORTE GERA MORTE. "Quem morre ressuscita toda vez que é lembrado." (Abraatiko). Quero ser lembrado ainda vivo, não importa se é ressurreição ou renascimento, o ideal são os benefícios do céu circunstancial. CiFA
Morto
Sinto que perdi um pedaço
Talvez
É difícil manter o quebra cabeças
Montado
Sempre exibido a todos.
A moldura não é firme
As peças não se seguram sempre
As pancadas, toques, quedas
Fotos
Desgastam a forma completa.
Fecho os olhos e
Cubro meus ouvidos
Vejo e ouço meu interior
Vomito
Sou muito podre para meus sentidos.
Uma parte de mim morreu hoje
Tentei reanimá-la
Sem sucesso
Acho que perdi minha melhor parte
A parte que me amava.
O MORTO RIO VIVO
Era uma vez o nosso Rio Preto...
De águas tranquilas e escuras de lanolina,
onde banhávamos com alegria.
Ali, em meio a família, nós nos divertíamos.
Chegávamos em casa e não lavávamos os nossos cabelos, para que a lanolina permanecesse neles e os hidratasse com sua preciosa propriedade.
Quão saudável era aquele banho de água doce!
Bom para pele, bom para o cabelo, bom para a alma.
Saudade desse Rio Preto morto pelo homem;
Saudade de afundar meus pés na areia macia que ali existia;
Saudade de ver os moleques atrevidos saltarem da ponte para se aventurar nas águas desse tesouro;
Saudade de brincar de correr de um fantasma jacaré que diziam que ali havia;
Saudade do churrasquinho que papai fazia na beira do chamego Rio Preto lá no antigo Camping, que por sua vez nos recepcionava com um sorriso que só as crianças viam;
Saudade de correr em suas margens e catar os restinhos de lixo para levar de volta para casa, só para deixar o “meu riozinho” limpinho do jeito como chegamos de manhã cedinho para passar o dia com ele e só sair ao entardecer.
Saudade...
Só saudade do morto Rio Preto que ainda vive dentro do meu ser e que lá no seu lençol freático ainda luta pra viver.
24/01/2017