Elegia de um Tucano Morto
O olhar morto passeia em torno, vê as imagens familiares: a cama desfeita, os livros da noite, empilhados sobre o mármore da mesinha-de-cabeceira, a escrivaninha com papéis em desordem; nas paredes brancas, a máscara mortuária de Beethoven e o espelho oval por cima da pia, o espelho que rebrilha, refletindo na superfície lisa o semblante dum homem triste...
Quando desistimos de acreditar no mágico amor,não precisa nem mais viver.Porisso que eu ja to morto a um bom tempo.
Fazia muito tempo que não olhava para céu.
Revi aquele brilho que estava morto.
Nessa escuridão não houve grandes mudanças,
Pois ainda me lembro do seu nome e
Todo sentimento que inalcansavel,
Bem como a minha estrela distante.
Falo dos meus sentimentos,
Pois quando for embora, não os levarei comigo.
Por isso os deixo com voce e com todos que me conheceram nessa terra.
Para onde vou, não faz diferença levar-los.
Hoje eu olhei para o céu e isso me traz grandes lembranças
Recordações de um tempo que não posso carregar.
Noites como essa mexem muito com a gente.
Não consigo dormir...
Continuo pensando em você.
Mas quando eu for embora, não te levarei comigo.
Há muito não olho para céu.
Rever aquele brilho que sempre esteve morto.
Depois dessa escuridão não houve grandes mudanças,
Pois ainda me lembro do seu nome e de todo sentimento inalcançável,
Tão longe quanto a minha estrela mais distante.
Falo aos meus sentimentos e nada se resolve.
E quando for embora, eu não os levarei comigo.
Assim acalento minha mágoa e curo minha dor.
Por isso os deixei com você e com todos que me conheceram nesses dias.
Para onde vou, não há diferença em levar.
Hoje eu olhei para o céu e isso me traz grandes lembranças
Recordações de um tempo que não posso carregar.
Essas noites mexem muito com a gente.
Não consigo dormir...
Continuo pensando em você.
Mas quando eu for, não poderei levar.
Nenhuma das coisas que amei tanto cuidar.
Morto
Morto é o escravo do hábito
Deixando se levar
Pela rotina do dia-a-dia
Percorrendo os mesmo lugares
Fazendo sempre a mesma coisa
Não se importando em mudar
Morto é quem não se arrisca
A falar uma nova língua
Dá pelo menos um grito
E apenas se põe a calar
Morto se contenta com uma só cor
Um só sabor, nenhum amor
Morto é aquele que não faz amigos
Não é amigo nem de si
Se aproxima do nada
Deixando o tudo partir.
Morto por uma causa
Abrimos nossos olhos para um novo mundo.
Quebramos nossos espelhos.
Travamos uma batalha sem fim, contra o governo.
Revoltados com causa.
Lutando por um sonho.
Fim da desigualdade.
Fim do pesadelo político.
Desligue-se do mundo virtual.
Olhe pela janela e veja os manifestantes.
Ocupando seu lugar na passarela.
Os fardados se preparam para a guerra.
No momento o respeito se destrói.
E a ignorância e a estupidez reinam.
De repente um tiro e os olhos se fecham.
E lá se vai mais um ideal.
Morto injustamente.
Morto por uma causa.
A dor toca a todos menos os assassinos.
Abrimos nossos olhos e fechamos nossas cabeças.
Nelas não cabem suas leis.
Quebrei meu espelho.
Por que antes eu me espelhava em vocês.
Têm dia!
Tem dia que se sente pequeno.
Tem dia que se sente morto.
Tem dia que se sente partido.
Tem dia que se sente excluído.
Tem dia que se sente sozinho
TEM dia que se sente nu
São nesses dias que você pode não sentir,
mas Vê que não estais só.
O Mano lhe carrega em seus ombros.
MORTO POR UM ABORTO
(Esta poema é produto de uma ficção que traz à tona o veemente repudio do próprio feto, contra UM CRIME CHAMADO ABORTO.)
Mãe! Eu consigo e você comigo,
Poderíamos viver juntos por muito tempo
Se não fosse esse seu inescrupuloso intento,
Prestes a decretar minha não-vinda.
Esse intento que desenfeita a beleza feminina
De dois corpos num só.
Que desvenda o mal que você apronta,
Ao ilustrar na tela do desrespeito à vida
Ao apresentar a aparição dos contras
E o desenrolar da eliminação dos prós.
Mãe! Eu que queria ser o fruto de sua existência.
A rósea flor da sua façanha,
Regada com o choro da criança que viria,
Sou, no entanto, um botão pisoteado num canto.
SOU UMA CRIATURA sendo abatida, sem clemência.
SOU UM SER sendo assassinado nas entranhas,
Sob os mandos e desmandos
Da frieza, da perversidade, da covardia.
Mãe, como é pecaminoso esse seu delito!
Emolduras um quadro com falso desenho.
Colas um cartaz com rasurados manuscritos,
Ocultando, no ventre, a falência de seu juízo,
Ao agredir-me, às escondidas, com golpes doloridos,
Certificando-se, assim, que não mais tenho
O vigor que possuí outrora.
O calor materno daquela ocasião...
Nos minutos daquelas horas.
Mãe, eu me perco na escuridão desse desafeto
E, pouco a pouco, desfalecendo,
Sou um feto doado à dor e à agonia.
...Me remexo, me enfraqueço.
Desfaço-me nesse embaraço
Que tanto me judia.
Que me tinge com o corante da violência.
Que me queima com o fogo do sofrimento,
Levando-me a saborear
A ceia das conseqüências,
Como o mais recomendável dos alimentos.
Mulher!
Você é simplesmente mulher, adiante,
Porém, jamais pura ou sublime.
Você não é mais digna
Da minha admiração que se finda,
Ao ser impiedosamente detonada, explodida,
Pela exterminadora sem-vergonhice do seu crime.
Você, pra mim, vale menos que uma moeda,
Pois a gestante que se preza não pratica isso:
Não ignora a semente de sua vida,
Pondo-lhe um maltratante sumiço.
Mulher, conclui-se o seu insensato desejo!
Sei que, prematuramente, sairei.
Que sua barriga logo... logo eu a deixarei,
Para entre os seres vivos não permanecer.
Para não dar e nem receber
Sequer um... um único beijo.
Agora, mulher!
Agora... agora tudo está para ser desfeito.
Se o arrependimento a fizer voltar atrás,
Não será possível dar um jeito,
Porque já é tarde demais.
Porque eu já presencio a morte
Vindo ao meu encalço, ao meu encontro,
E, daqui a alguns segundos,
Ela fará com que eu esteja morto.
Morto por sua conduta contrária.
Morto por seu aborto.
Por essa injustiça cruel e voluntária,
Que me traz o ponto final
De um total desconforto.
Adeus,
Mulher que não quis dar-me ao mundo.
Adeus,
Mulher que não quis ser a minha mãe.
Adeus...
É o meu irremediável fim... ADEUS!