Ele
Você pode estender a mão para ele, tentar uma carícia desinteressada. Mas será melhor não fazer gesto algum.
"Só pela dúvida", ele murmurou no meu cabelo, me apertando num abraço de urso que quase quebrou minhas costelas.
"Não consigo - respirar", eu asfixiei.
Ele me soltou imediatamente, mantendo uma mão na minha cintura pra que eu não caísse. Ele me puxou, mais gentilmente dessa vez, de volta para a cama.
"Durma um pouco, Bells. Você precisa fazer sua cabeça trabalhar. Você precisa entender. Eu não vou te perder, Bella. Não por isso".
- Jacob
Eu sorri. “Ele é um pouco novo demais pra mim”. A carranca de Jacob se aprofundou mais ainda. “Ele não é assim tão mais novo do que você. É só um ano e alguns meses.”
Eu tinha uma sensação de que não estávamos mais falando de Quil. Eu mantive minha voz leve, zombeteira. “Claro, mas considerando a diferença de maturidade entre rapazes e garotas, não temos que contar como a idade dos cachorros? O que isso me torna, uns doze anos mais velha?”
Ele sorriu, revirando os olhos. “Ok, mas se vamos começar a ser seletivos assim, você tem que contar o seu tamanho também. Você é tão pequena que teria que descontar uns dez anos do seu total”.
Quando nós chegamos em La Push, eu estava com vinte e dois anos e ele estava com trinta - ele definitivamente estava colocando a balança a favor das habilidades dele.
"Eu falo sério, Bella. Eu não estou..." ele relutou, sua voz ficando ainda mais rouca enquanto ele lutava pra controlar suas emoções. Seus olhos estavam torturados. "Eu já não sou mais bom o suficiente pra ser seu amigo, ou nada mais. Eu não sou mais quem era antes. Eu não sou bom".
"O quê?", eu encarei ele, confusa e apática. "O que você está dizendo? Você é muito melhor do que eu, Jake. Você é bom! Quem disse que você não é? Sam? Ele é um mentiroso, Jacob! Não deixe que ele te diga isso!" de repente eu estava gritando de novo.
O rosto de Jacob ficou duro e vazio. "Ninguém me disse nada. Eu sei o que sou". "Você é meu amigo, é isso que você é! Jake - não!"
Ele estava dando as costas pra mim. "Eu lamento, Bella", ele disse de novo.
- Estou tentando cumprir... - ele bufou de raiva, fazendo peso para trás e para a frente, enquanto o alto da árvore o sacudia - ... minha promessa!
- Quando foi que prometeu se matar caindo da árvore de Charlie?
- Posso te dizer qual é a pior parte disso? - ele perguntou hesitantemente quando eu não disse nada. - Você se importa? Eu vou ser bonzinho. (...) A pior parte é saber o que teria sido.
- O que poderia ter sido - Eu suspirei.
- Não - Jacob balançou a cabeça. - Eu sou exatamente certo pra
você, Bella. Teria sido fácil pra nós - confortável, fácil como respirar. Eu era o caminho natural que a sua vida teria tomado...
(...)
Eu podia ver o que ele via, e eu sabia que ele estava certo. Se o mundo fosse o lugar são que devia ser, Jacob e eu teríamos ficado juntos. E nós teríamos sido felizes. Ele era a minha alma gêmea nesse mundo.
Ele espremeu o corpo no espaço inexistente, forçando o zíper para cima. E depois eu não pude me opor - eu não queria mais me opor. Ele era tão quente! Seus braços se fecharam à minha volta, apertando-me confortavelmente contra seu peito nu. O calor era irresistível, como ar depois de ficar embaixo d'água por tempo demais.
Ela gostava quando, depois de muito tempo calada, ele pegava no seu queixo perguntando: - O que foi, guria?
Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala “Ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo “Ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai, mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase quinze anos. Somos pra sempre.
Ele me olhava triste. Eu não suportava seu olhar triste a lembrar-me das vezes todas que o tinha procurado inutilmente pelas ruas sem encontrá-lo. Agora que o encontrava, já não o procurava. E um encontro sem procura era tão inútil como quanto uma procura sem encontro.
Sempre pensei assim: a escolha é minha. Por pior que seja o problema (e eu sei que às vezes ele é bem cabeludo) sou eu que decido como as coisas vão ser. Posso encará-lo reclamando, me queixando e lamuriando ou tentando entender e aceitar que nem sempre a vida é simples. Eu prefiro tentar ver o lado bom das coisas. Mesmo que em um primeiro momento tudo pareça escuro e escorregadio, sei que uma hora tudo clareia. O tempo muda a todo instante. Por isso, procuro encarar os problemas de frente, mesmo que tenha que pegar aquele sorriso no canto da boca pela mão e dizer "ei, fica aqui".
Não só inalcançável por ele mas por ela própria e pelo mundo. Ela vivia de um estreitamento no peito: a vida. (...)
Ela se guardava. Por que e para quê? Para o que estava ela se poupando? Era um certo medo da própria capacidade, pequena ou grande, talvez por não conhecer os próprios limites. (...)
O que ela era, era apenas uma pequena parte de si mesma.
Sua alma incomensurável. Pois ela era o Mundo. E no entanto vivia o pouco.
Ele não é só um cara. Ele te ouve como se te entendesse, fala como quem soubesse o que dizer e não diz nada muitas vezes, porque ele entende os silêncios. Ele existe. Você sabe que seriam bons amigos, bons parceiros, bons inimigos, mas você prefere ser a garota dele. E sabe que serão importantes na história um do outro para sempre, independentemente de tudo que estiver pra acontecer.
Encontrei Deus nesta manhã,
enquanto eu ia pro trabalho.
Na verdade, topo com Ele de vez em quando
- ô Carinha para estar em todo canto!
Mas desta vez eu resolvi dar mais que um aceno
e fui lá ter um dedinho de prosa.
Perguntei se estava tudo bem com Ele,
e Ele disse que ia levando... muita dor de cabeça,
muita correria...
Eu imagino, lhe falei.
Não deve ser fácil ser Deus.
Daí Ele, cordialmente, perguntou de mim,
como eu estava.
Falei que eu estava bem,
que tinha conseguido
algumas coisas muito boas neste início de ano,
e que eu estava bastante empolgado
com meus novos desafios.
Ele sorriu.
Mas aí olhei no relógio,
vi que já estava atrasado
e me despedi às pressas.
Nem ouvi direito quando Ele disse
'abençoado seja, filho.'
E nem muito menos lhe abracei para lhe dizer
'muito obrigado, Pai'...