Ela é...

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A minha caravela? Ela balança, mas não para.

Se no momento em que fôsse esmagar uma formiga, ela unisse suas duas miseráveis patinhas numa prece a mim dirigida, eu me mostraria bondoso com ela. Por que então não há de Deus mostrar-se bondoso comigo?... Suplico-lhe que vos dê a vida eterna... a vós...a mim...a todos.

Cuidado com a solidão. Ela vicia tanto quanto as drogas.

Eu sei que o sonho era bom porque ela sorria até quando chovia.

A mulher tem o homem que reflete o valor que ela dá a si mesma.

Pedaços de mulher

(...) Quantos pedaços formam uma mulher? Tantos que ela vive inacabada.
Nossos pedaços custam a se encaixar. O epicentro do quebra-cabeça costuma ser a maternidade, um pedaço grande que precisa combinar com o pedaço da luxúria, com o pedaço da solidão e também com aquela partezinha da preguiça, que ninguém avisou que fazia parte do jogo.
Há peças variadas, que vistas separadamente, não têm nada a ver uma com a outra, mas juntas fazem o shazam. O pedaço da submissão que precisava encaixar com o pedaço da rebeldia, o pedaço da juventude que tem que encaixar com o pedaço da menopausa, um pedaço desgarrado que tem que encaixar com o imenso pedaço da nossa árvore genealógica, e vários outros pedaços aparentemente sem combinação: nossa parte homem, nossa parte criança, nossa parte louca, nossa parte santa, nossa parte lúcida, nossa parte conveniente, nossa parte viciada, e mais aquelas desgastadas pelo uso, e umas que se perderam, e outras tão pequenas que ficaram invisíveis. Como encaixar o que não se revela nem para nós mesmas?
Almadôvar filma as mulheres como se elas fossem pizzas de vários sabores. Mezzo freiras, mezzo HIV positivas. Mezzo doces, mezzo apimentadas. Mezzo dramáticas, mezzo divertidas. Almadôvar nunca fecha o quebra cabeça, apenas esparrama na tela os vários pedaços que, unidos, nos transformariam num ser único, e que, uma vez pronto, já não empolgariam ninguém.Daí a importância se haver sempre uma peça faltando, pois é isso que nos mantém acordados, assim no cinema como na vida.

Quando será derrubada a infinita servidão da mulher, quando ela viverá para ela e por ela, o homem, - até agora abominável -, tendo-a despedida, ela será poeta, ela também!
A mulher descobrirá o desconhecido! Seus mundos de ideias divergirão dos nossos? Ela encontrará coisas estranhas, insondáveis, repugnantes, deliciosas; nós as teremos, nós as entenderemos.

É ela! É ela! É ela! É ela!

É ela! é ela! — murmurei tremendo,
e o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi... minha fada aérea e pura —
a minha lavadeira na janela.

Dessas águas furtadas onde eu moro
eu a vejo estendendo no telhado
os vestidos de chita, as saias brancas;
eu a vejo e suspiro enamorado!

Esta noite eu ousei mais atrevido,
nas telhas que estalavam nos meus passos,
ir espiar seu venturoso sono,
vê-la mais bela de Morfeu nos braços!

Como dormia! que profundo sono!...
Tinha na mão o ferro do engomado...
Como roncava maviosa e pura!...
Quase caí na rua desmaiado!

Afastei a janela, entrei medroso...
Palpitava-lhe o seio adormecido...
Fui beijá-la... roubei do seio dela
um bilhete que estava ali metido...

Oh! decerto... (pensei) é doce página
onde a alma derramou gentis amores;
são versos dela... que amanhã decerto
ela me enviará cheios de flores...

Tremi de febre! Venturosa folha!
Quem pousasse contigo neste seio!
Como Otelo beijando a sua esposa,
eu beijei-a a tremer de devaneio...

É ela! é ela! — repeti tremendo;
mas cantou nesse instante uma coruja...
Abri cioso a página secreta...
Oh! meu Deus! era um rol de roupa suja!

Mas se Werther morreu por ver Carlota
Dando pão com manteiga às criancinhas,
Se achou-a assim tão bela... eu mais te adoro
Sonhando-te a lavar as camisinhas!

É ela! é ela, meu amor, minh'alma,
A Laura, a Beatriz que o céu revela...
É ela! é ela! — murmurei tremendo,
E o eco ao longe suspirou — é ela!

Se o ciúme é sinal de amor, como querem alguns, é o mesmo que a febre no enfermo. Ela é sinal de que ele vive, porém uma vida enfermiça, maldisposta.

Quando você não pode ver dentro da alma de alguém, tente ir embora e então ela volta.

Ninguém sabia que ela estava sendo infeliz a ponto de precisar buscar a vida. (...) Ela só sabia viver.

Clarice Lispector
Perto do coração selvagem. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Ela era muito satisfatona: tinha tudo o que seu pouco anseio lhe dava. E havia nela um desafio que se resumia em “ninguém manda em mim”.

Clarice Lispector
A hora da estrela. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Às duas horas da madrugada, enfim, nasceu ela, a ideia.

Clarice Lispector
A bela e a fera. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho do conto História interrompida.

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A amizade ocupa um lugar fundamental em nossas vidas. Ela é tão importante como a necessidade do ser humano de se alimentar e descansar por exemplo. A amizade perfeita apenas pode existir entre os bons

Digo-lhe que faz mal, que é melhor, muito melhor contentar-se com a realidade; se ela não é brilhante como os sonhos, tem pelo menos a vantagem de existir.

Machado de Assis
A mão e a luva

Nota: Trecho de Link

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À sua maneira, ela o amava. Podia não ser um amor do tipo que as outras pessoas entendessem, mas não importava. O que Marilyn e Leo tinham era bom o suficiente para eles.

Nicholas Sparks
SPARKS, N. O Melhor de Mim. São Paulo: Arqueiro, 2012.

Ontem ela me ligou.
E o mais engraçado é que pensei nela o dia todo.
Senti vontade de escrever-te.
Incrível como duas almas realmente podem se ligar mesmo estando longe e não tendo o menor interesse físico, comumente conhecido entre casais amorosos.

Nem posso dizer que tentei evitar, pois já descobri que se você evitar a vida, ela acontece do mesmo jeito.

Amanhã era amanhã. Depois ela resolvia

Ela é assim, confusa de vez em quando, mas decidida quando quer. Gosta de quem está por perto, mas também gosta de ficar sozinha. Ela sabe o que faz bem pra ela, e é por isso que ela evita as ruindades que a vida traz. Tem seus dias de calmaria, mas tem também seus dias de tempestades. Ela ama como ninguém, mas quando não ama, sai de perto, porque essa não volta atrás. Ela é meiga quando quer, tem aquele jeito de menina bruta que enfrenta a vida. Mas não é culpa dela, é só a maneira que ela encontrou para seguir sempre em frente. Se ela é carente? Poucas vezes, mas vai ser difícil você ver ela assim, mais provável encontrá-la fazendo o que ela mais gosta. Ela é sincera até não poder mais, não se importa muito com a opinião dos outros, ela se valoriza, ela se ama. Ela vive pra vida, e ela não se contenta com pouco. Pouco amor, pouca vontade, pouca coragem. Ela é imensidão, profundeza. Ela carrega no peito apenas as histórias que a fizeram feliz, e se você quiser ouvir as histórias dela, acho bom você escutar com atenção, pois ela vai contar com amor. Ela sabe o que quer, ela sabe quem ela é, ela sabe ser feliz sozinha, ela tem aquele jeito de menina sapeca do mundo, mas tem também aquele de mulher feita que encara a vida. Ela aprendeu a seguir em frente, sozinha ou acompanhada. E ela leva a vida assim, sendo quem ela é.