Egoísmo
O radicalismo egoísta não pode fazer com que a busca pela felicidade interfira no direito do outro de ser feliz.
O "outro" é senão o nosso depósito egoísta, e se "egoísta" é um termo demasiado terrífico a nós - tanto que nos leva a negá-lo com uma veemência suspeita; então, talvez, o tenhamos com tanta familiaridade que assusta.
Todas as ações humanas são egoístas. A única divergência relevante está no fato de que em alguns casos a minha satisfação depende da do outro
Ser boazinha demais é ser egoísta contigo mesmo. Não se ajoelhe pra alguém que não te escuta. Pare de chorar e de pedir. Demonstrar fraqueza é mostrar ao outro que ele pode dizer e fazer o que quiser com você.
E as pessoas ficam mais egoístas, guardam seus sentimentos, guardam suas palavras, guardam seus olhares, guardam a observação sobre tudo, se guardam para as pessoas menos egoístas. E se arrependem.
Os egoístas certamente são os mais tristes, porque nunca se sentem saciados de nada, são como um deserto em meio a um copo d'água.
LUTO EGOÍSTA x LUTO AMÁVEL - Sobre perdas em geral
Outro dia postei um pensamento meu e comecei com as palavras “se enganam as pessoas que acham que”. Peço desculpas por ter sido tão afirmativa. Provavelmente o fiz por ver meus pensamentos às vezes tão opostos aos da grande maioria das pessoas (louca eu...). Agora começo o texto com a observação de que respeito o processo de perdas de cada um.
Luto ou não luto? Se no luto eu luto, sinto minha grande dificuldade em aceitar uma perda. Quando sinto que luto, vou olhar dentro de mim e vejo o egoísmo. Luto por tudo aquilo que perdas nos roubam. EU deixarei de usufruir das coisas maravilhosas que tinha com a outra pessoa. Sofrerei com o medo das mudanças. Aí dói. Muito. Então num “atendimento a mim mesma”, busco compreensão. Agradece Mirian. Você usufruiu. Você teve, não importa o tempo ou a quantidade. E quando vejo, choro sorrindo. Ou sorrio chorando. Mas quando penso de forma amável naquele que perdi, lembrando do sofrimento que o outro teve, aí dói muito mais. Que é o sentimento de impotência. A minha incapacidade de mudar coisas imutáveis. Mais uma vez vem a luta, o luto. Luto por ver que perdi minha potência, meu poder. Aí começa novamente outro tipo de guerra. E na mesma busca pela compreensão eu digo a mim mesma: agradece Mirian. É na sua impotência que você se torna humilde. Se senti dor pela dor daquele que perdi, eu amo, amei e amarei. Aí não choro sorrindo. O choro então é de dor mesmo. Chorar por amar, é real. Mas por que não viver essa dor? Por que não olhar de frente pra ela e descobrir e aprender quem sou e o outro foi? Por que usar drogas que anestesiam minha dor mas me fazem perder a paisagem dessa jornada que ainda me é permitida, que é, viver? Esse é o luto amável, no qual choro por amor ao que sofreu e vivo por amor a mim.
O homem é bom, eu acredito nisso, o que os tornam egoístas são as circunstâncias que os impõe, é a ilusão que ele cria em sua mente. Se o homem fosse egoísta e ganancioso no seu intimo, não sentiria orgulho quando faz algo bom, não sentiria vergonha quando é pego fazendo algo errado, não sentiria honra em seguir o caminho honesto, não cuidaria de quem se ama. O problema está em querer se tornando algo que não é, para ter o que não precisa, para impressionar a quem não se importa.
Sofremos por sermos egoístas, decepcionemo-nos por sermos altruístas. Ao final, vivenciamos as frustrações e nos tornamos pessoas frágeis.
"As pessoas egoístas acreditam que têm o dobro de amor, pois recebem o amor dos outros e ficam para si mesmos com o amor que não dão" (ROBERTO FALCHI MARTINS - 17/10/2016).
Por que não conseguimos deixá-los livres? O que há na liberdade que tanto nos assusta?
Nosso egoísmo e nosso ciúmes são instintos tão primitivos! Queremos proteger o nosso território. Mas é claro, não é? É nosso, certo? Logo, a proteção se faz mais do que justa. Mas é aqui que se encontra o erro irracional presente em todos os instintos: não, não é nosso. Não é seu, não é meu, não é de ninguém se não de si mesmo.
A única coisa que temos é nós mesmos, de resto, nada é nosso. Isto se torna especialmente verdadeiro com pessoas. Não, não importa o quanto ele te diz o quanto é seu, ou o quanto ela jura que pertence a você e a mais ninguém. A verdade é que cada um se tem. E só. E isso deveria bastar. Por que nos ferimos tanto? Só par
a crer que possuímos o impossível?