Efêmero
Embora a lei da vida seja a mudança, tenho verdadeiro pavor a pessoas volúveis e a efemeridade dos relacionamentos fúteis.
A vida não é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à
Eternidade”.
(Trecho do livro em PDF: do universo à jabuticaba)
Os japoneses apreciam tanto as flores das cerejeiras não apenas porque elas são belíssimas, mas porque são efêmeras como a própria vida e sempre voltam na outra primavera. Isto é o melhor: apreciar a vida enquanto ela existe e saber que ela só termina aqui, mas que muitas e muitas primaveras haverão de fazê-la florescer em outras paragens.
Muitas pessoas acreditam que conseguem projeção desqualificando outras. Medíocres criaturas... não sabem que o brilho roubado é efêmero, posto que a mentira é fugaz!
Tudo é de certo modo impermanente. O café que esfria, o cigarro que apaga, a amizade que termina, o viço da juventude que se esvai. O tempo passa, as pessoas mudam e o ontem não se repete mais. Logo, tanto melhor aprender a surfar se divertindo nas ondas da efemeridade.
Muitos vivem a vida sem a devida consciência, outros buscam a felicidade tentando compreendê-la. Considerando que a vida é efêmera e a morte perene. Qual o senso reflexivo que realmente deveríamos ter?
Quando trocamos um beijo valioso por mil beijos miseráveis e efêmeros, matamos o amor e nos preenchemos com ego e emoções obsoletas.
O melhor de se envolver com geminianas
é que elas cansarão de você
mais rápido do que você se cansará delas.
Verdades definitivas
não existem mais
nesses nossos dias efêmeros.
E todo o ódio
e mal
tendem a retornar
donde vieram.
Uma hora a gente cansa. Cansa de tudo que é superficial. De sorrisos e abraços que surgem apenas em datas comemorativas, de amigos de festa, das mesmas promessas de mudança que vez após vez aparecem e somem pra surgir novamente no ano seguinte. Tanta efemeridade me cansa, não gosto de ter data marcada pra ser feliz.
Transcendência
A única coisa que separa o bem do mal são os desejos efêmeros, mas que me arrancam o fôlego.
Desejos vorazes que entorpecem meu espírito e alimentam minha carne na busca pela tua, consigo sentir você sem ao menos ter te tragado.
Ouço sua alma fazendo barulho porque o mundo parou.
Vislumbro a guerra entre o céu e o inferno onde sou o campo de batalha e estou sendo arrastada para o inferno por esse desejo platônico, onde me sinto como se estivesse indo para o céu.
Porque estou presa entre a razão e a emoção.
Doença
Não foi nada não, um jeito de mal dormir,
passa logo, até que passou mesmo...
passou a não existir !
E enquanto as crianças corriam pela praça, e os adolescentes declaravam suas paixões, considerando eterno o que só poderia mesmo existir no efêmero, e que os adultos apressados passavam com as suas compras do mercado, eu ali, tentando enxergar os motivos de um mundo tão cruel e pior, tentando conviver com o fato de ser parte dele.
Quem é você?
Tenho certeza que pelo menos alguma vez na vida já fomos intimados a responder tal pergunta, e como era de se esperar a resposta foi precedida por uma breve pausa, e uma tentativa de olhar pra dentro de nós mesmos procurando a resposta, algumas palavras foram proferidas, mas a grande pergunta nunca foi totalmente respondida. É tão difícil falar de si pelo simples motivo de que estamos em constante mudança, o eu de hoje é diferente do eu de ontem e claro que menos completo que o eu do amanhã. Já gostei de novelas e hoje não mais assisto, tive uma quedinha por louras, hoje prefiro as morenas. Adorava futebol e hoje prefiro outros esportes, já tentei até beber, a euforia do álcool me agrada, mas a ressaca é desanimadora. Jurei nunca casar, filhos? Jamais, e veja só onde me encontro, já fui até organizado, hoje sou externamente bagunçeiro, não gostava de ler e hoje leio bastante. A vida nos transforma ou somos nós que transformamos a vida? Seres em constante mudança, em procura de algo que nem mesmo sabemos o que é, se hoje lhe odeio amanhã lhe tenho amor, como já dizia Raul Seixas, eu prefiro ser aquela metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Quem é você? Ninguém possui essa resposta, ou se a tem, precisaria escrever um livro pra respondê-la.
DOCE PRESENÇA
Deixei o som me tocar
Despi-me das tantas perguntas,
Indagações que aprisionam
E vi
Tantas e tantas personas caírem
E ao som de cada uma delas
Um novo encontro...
E assim,
Ri de mim, doce criança na ciranda da vida
Das inúmeras certezas,
Planos ou sonhos meramente humanos
Afins e Efêmeros.
E o som adentrando cada espaço humano,
Ao meu entorno e no meu ser espiritual,
Deitei-me sobre os lençóis das melodias.
Que me afinavam,
Que me embalavam
Que me harmonizavam,
Suavidade, encantamento.
E dancei, dancei, respirei, respirei...
Respirei até alcançar,
Meu ponto máximo de alegria e silencio,
Para assim, aqui e agora,
Receber o que é meu.
Na Luz e amor que me presenteia,
Meu ser espiritual,
Da minha essência eterna e bendita,
Que transborda e me alimenta.
Nesse instante luz- clareza,
Permito-me e aceito,
Serena e alegremente,
Toda essa Entrega
E perene Recebimento!
O coração dos homens norteiam-se na pluralização dos antônimos da efemeridade. Quando, na verdade, os sinônimos os definem.
A maioria das vezes por confiarmos demais nos outros e achar que eles são parecidos com a gente, nos machucamos demasiadamente, tão brutalmente que sangramos em silêncio, esvaindo aos poucos e desacreditando dos sentimentos nobres e serenos. E seguimos, quase num vazio intenso dessa imensidão de falhas e dores da alma. Porque precisamos desse desacreditar se essa passagem é tão efêmera???