Efêmero
Espelho
Mergulhei no sono eterno da alma,
Vi-me refletida no espelho moldurado
Em madeira entalhada ao molde europeu,
Pendurado na parede branca e fria
Analisei o espelho, e eu
De pé em sua frente procurei
Respostas para as perguntas
Que eu mesma formulei.
Meu rosto empalideceu.
Moldado pelo efêmero modelo
Que me fizeram usar,
Arranquei-o junto com toda tristeza e pranto
No chão espatifou-se a máscara fria.
Vi meu rosto em vários pedaços
Olhei-me no espelho novamente
Estava eu lá diante dele
Só a máscara caiu...
Observa o quão cruel é a cobrança interna de viver àquilo que se tem sede de viver. Nos pegamos pensando sobre as energias que pairam sobre as nossas vontades e como isso nos anestesia à medida que vamos ficando com medo da entrega. Afinal, conexão não é algo que se adquire com o tempo, ainda mais em tempos sombrios de escassez afetivas. Conexão é permissão, é entrega.
Observa que o melhor sentimento é esse que você sente ao visitar o pensamento que te faz vibrar na tua melhor sintonia. Deu saudade de reviver o sentimento, o momento de outrora? Não hesite! Reviva! A saudade é o coração dizendo onde quer ficar, são os resquícios de algo que valeu a pena.
Observa ao seu redor e veja o quanto você cresceu com as suas experiências afetivas. Sabe o que é melhor? O que tiramos de positivo disso tudo que vivemos. No final, olharemos para trás e nos perguntaremos de forma retórica em tom de afirmação: está ficando alguma coisa? Só a vontade de voltar de novo.
Observa que o tempo foi pouco! Não deu para viver tudo. Por isso a vontade de reviver tudo novamente, de sentir a conexão de sentimentos num enlace jamais vivido. É um sonho de fazer a escassez inundar nesse manancial de saudades que ainda estão por vir.
Com todo o coração, entreguei-lhe A prosa em um momento único. Ainda hoje, continuo dedicando A prosa e todas palavras mais belas aos amores que, embora efêmeros, deixam marcas eternas em minha alma.
A vida não é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à
Eternidade”.
(Trecho do livro em PDF: do universo à jabuticaba)
Os japoneses apreciam tanto as flores das cerejeiras não apenas porque elas são belíssimas, mas porque são efêmeras como a própria vida e sempre voltam na outra primavera. Isto é o melhor: apreciar a vida enquanto ela existe e saber que ela só termina aqui, mas que muitas e muitas primaveras haverão de fazê-la florescer em outras paragens.
O que realmente importa:
A vida não é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim. Dei-me conta, ao contrário, de que a vida é um álbum de minissonatas. Cada momento de beleza vivido e amado, por efêmero que seja, é uma experiência completa que está destinada à eternidade. Um único momento de beleza e amor justifica a vida inteira. Tenho terror de ser enganado. Se estiver para morrer, que me digam. Se me disserem que ainda me restam dez anos, continuarei a ser tolo, mosca agitada na teia das medíocres, mesquinhas rotinas do cotidiano. Mas se só me restam seis meses, então tudo se torna repentinamente puro e luminoso. Os não essenciais se despregam do corpo, como escamas inúteis. A Morte me informa sobre o que realmente importa.
(Do universo à jabuticaba)
Muitas pessoas acreditam que conseguem projeção desqualificando outras. Medíocres criaturas... não sabem que o brilho roubado é efêmero, posto que a mentira é fugaz!
Tudo é de certo modo impermanente. O café que esfria, o cigarro que apaga, a amizade que termina, o viço da juventude que se esvai. O tempo passa, as pessoas mudam e o ontem não se repete mais. Logo, tanto melhor aprender a surfar se divertindo nas ondas da efemeridade.
Muitos vivem a vida sem a devida consciência, outros buscam a felicidade tentando compreendê-la. Considerando que a vida é efêmera e a morte perene. Qual o senso reflexivo que realmente deveríamos ter?
O melhor de se envolver com geminianas
é que elas cansarão de você
mais rápido do que você se cansará delas.
Embora a lei da vida seja a mudança, tenho verdadeiro pavor a pessoas volúveis e a efemeridade dos relacionamentos fúteis.
Quem é você?
Tenho certeza que pelo menos alguma vez na vida já fomos intimados a responder tal pergunta, e como era de se esperar a resposta foi precedida por uma breve pausa, e uma tentativa de olhar pra dentro de nós mesmos procurando a resposta, algumas palavras foram proferidas, mas a grande pergunta nunca foi totalmente respondida. É tão difícil falar de si pelo simples motivo de que estamos em constante mudança, o eu de hoje é diferente do eu de ontem e claro que menos completo que o eu do amanhã. Já gostei de novelas e hoje não mais assisto, tive uma quedinha por louras, hoje prefiro as morenas. Adorava futebol e hoje prefiro outros esportes, já tentei até beber, a euforia do álcool me agrada, mas a ressaca é desanimadora. Jurei nunca casar, filhos? Jamais, e veja só onde me encontro, já fui até organizado, hoje sou externamente bagunçeiro, não gostava de ler e hoje leio bastante. A vida nos transforma ou somos nós que transformamos a vida? Seres em constante mudança, em procura de algo que nem mesmo sabemos o que é, se hoje lhe odeio amanhã lhe tenho amor, como já dizia Raul Seixas, eu prefiro ser aquela metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo. Quem é você? Ninguém possui essa resposta, ou se a tem, precisaria escrever um livro pra respondê-la.
DOCE PRESENÇA
Deixei o som me tocar
Despi-me das tantas perguntas,
Indagações que aprisionam
E vi
Tantas e tantas personas caírem
E ao som de cada uma delas
Um novo encontro...
E assim,
Ri de mim, doce criança na ciranda da vida
Das inúmeras certezas,
Planos ou sonhos meramente humanos
Afins e Efêmeros.
E o som adentrando cada espaço humano,
Ao meu entorno e no meu ser espiritual,
Deitei-me sobre os lençóis das melodias.
Que me afinavam,
Que me embalavam
Que me harmonizavam,
Suavidade, encantamento.
E dancei, dancei, respirei, respirei...
Respirei até alcançar,
Meu ponto máximo de alegria e silencio,
Para assim, aqui e agora,
Receber o que é meu.
Na Luz e amor que me presenteia,
Meu ser espiritual,
Da minha essência eterna e bendita,
Que transborda e me alimenta.
Nesse instante luz- clareza,
Permito-me e aceito,
Serena e alegremente,
Toda essa Entrega
E perene Recebimento!
Quando trocamos um beijo valioso por mil beijos miseráveis e efêmeros, matamos o amor e nos preenchemos com ego e emoções obsoletas.
O coração dos homens norteiam-se na pluralização dos antônimos da efemeridade. Quando, na verdade, os sinônimos os definem.
Uma hora a gente cansa. Cansa de tudo que é superficial. De sorrisos e abraços que surgem apenas em datas comemorativas, de amigos de festa, das mesmas promessas de mudança que vez após vez aparecem e somem pra surgir novamente no ano seguinte. Tanta efemeridade me cansa, não gosto de ter data marcada pra ser feliz.
O tempo em que vivemos é um tempo de incertezas, de desconstruções, de muitos desafios... O presente é efêmero, o futuro imprevisível... Temos muitas perguntas, mas poucas respostas... Estas são transitória, breves, provisórias.