Efemeridade
VIOLA NO SACO
Na efemeridade dos sentimentos de prazer,
temos vezes ou outra, baixar a batuta, girar as craveias que
tesam as cordas, deixando-as relaxadas e em desafino.
A afinidade é deixada de lado, a harmonia em dissonância com a
melodia. O que rezava a partitura deixa de ser o manual que
regia todo conjunto. Hora de enfiar a viola no saco e navegar
por outros horizontes, onde uma nova melodia pode pedir
uma nova afinação, um casamento acústico harmônico e
melódico perfeito em que a alma de tão feliz, a plenos pulmões cantaria.
Ode à eterna efemeridade do tempo
I
Quando do tempo tornei à realidade, meus olhos já haviam perdido o brilho.
Perdi o brilho porque tu, desgraçada vida,
Tu, desgraçadamente, me ausentaras o sangue,
e as inglórias imagens da morte vêm me visitando à noite
e me tomando o sono, desde então.
Minha cama de doces lírios pálidos agora espeta-me o dorso,
e nada se há de fazer para conter as vastas mãos da tragédia.
Quando do tempo tornei à realidade, meu corpo já não me pertencia mais,
e pus-me a percorrer a vasta esfera para encontrar-me.
Só que a imensidão me é vil neste instante em que vago devasso por aí,
e esta terra abrasadora queima-me os pés calejados.
Tenho-me apenas na lembrança de um dia calmo,
Mas a lembrança me é insuficiente para sorrir.
[...]
"Prefiro, por profunda que é, a efemeridade de um instante, do que essa eternidade, por tantos almejada, distante. Porque, se fui feliz em um instante, mas, dado que é flamejante, a felicidade passou, é porque a promessa de eternidade falhou, mas o instante em mim se eternizou."
De tudo, a não observância na efemeridade da vida, torna-nos uma geração embriagada com o ópio da eternidade da juventude.
Eternidade Guardada
A efemeridade
humana
a nos lembrar
de guardar
uma eternidade possível do
Amor.
(Suzete Brainer)
Na era contemporânea, a efemeridade das relações e a busca incessante por novas experiências parecem ter substituído os valores tradicionais de romantismo e compromisso, fazendo com que a verdadeira cumplicidade se torne uma relíquia dos tempos passados.
A efemeridade da vida nos induz ao antagonismo do lapso temporal, quando somos novos queremos apressar os passos e avançar no sobrenatural, já na maturidade, desejosos estamos em nos livrar da fúria cronológica, dos desgastes naturais dos efeitos do tempo, e aí já não há nada que possa ser feito. A variante temporal é uma constante.
Diante a efemeridade da vida, ainda há quem saia na Barra/BA para ver o entardecer e o "sol virando lua", diante a tristeza cada um busca uma distração e algum tipo de conforto ou diversão, nós quanto ser humano jamais entenderemos a nossa desobediência, até porque queremos sermos livres mesmo diante a uma pandemia perversa que mata milhares de pessoas.
Saindo da Barra/BA passando pela Sete Portas/BA, vejo o abandono, lençóis em forma de casa, moradores de rua e um congestionamento miserável na rua e em por dentro de mim, abaixo a cabeça e tento não refletir a vida, até porque tenho que regressar ao meu próprio ser e cuidar de mim!
"A efemeridade da vida deverá, mais do que tudo ser consumida em adoração a Deus sobre todas as coisas e amar ao próximo com todas as forças"
Antes que a efemeridade do tempo, roube o que de mais precioso te dei, envolverei-o nesse sudário de encanto, e o sepultarei aos pés do sagrado altar, das minhas mais doces memórias.
Embora a lei da vida seja a mudança, tenho verdadeiro pavor a pessoas volúveis e a efemeridade dos relacionamentos fúteis.
Essa efemeridade, essa liquidez, essa palidez de dias rasos me faz querer ir além, mergulhar fundo, construir solidez nos afetos-reflexos.
EFEMERIDADE
Minúsculo flagelado
Pequeno Relato
Célula Viva
Descida Escorregadia
4 membros, uma cabeça e um tronco
Ainda frágeis, totalmente prontos
Começando a usar os membros
Falando e aprendendo
Brincando e sendo feliz
Sem pensar que a vida está por um triz
Logo vêm os conflitos, mudanças
Reconhecimento de Identidade
A vida passa
Já tenho muita maturidade
A inocência jaz
Resta experiência
A vida passa, já aparecem rugas faciais
E a vida num passo de um segundo
Já estou entre os especiais
A voz do silêncio
Com o tempo nos damos conta
Da efemeridade de um sentimento
Que se silencia, que se esvaire aos poucos
Que se esvazia de sua completude e existência
Deixando esquecido para trás
O silêncio das palavras não ditas
A solidão dos abraços não dados
A ausência dos sentimentos não demonstrados
A incerteza da transparência não declarada
A angústia na espera não correspondida.
Você vai, eu fico;
Minha razão vai, meus sentimentos ficam;
A efemeridade do meu sentido está aqui;
Mas a realidade, é outra.