Efemeridade
A consciência da nossa efemeridade
é o que dá a importância a cada despertar
mesmo que nem sempre
tenhamos manhãs de sol
e céus azuis...
Cika Parolin
A efemeridade da vida é cada vez mais corroborada pela sensação de insegurança que assombra os dias em que vivemos. O que nos leva à conclusão de que devemos viver da melhor forma possível os nossos dias e noites, pois tudo pode acabar numa freiada, num passeio ou até mesmo durante o sono.
O que torna a vida tão encantadora é a sua efemeridade...
A consciência disso nos torna responsáveis pela "qualidade"
do que buscamos e vivemos, razão pela qual, nenhum segundo
deveria ser desperdiçado em sentimentos que não estejam
à altura do grande milagre de existir.
Cika Parolin
EFEMERIDADE DOS AMANTES
A efemeridade não combina
entre dois sujeitos amantes,
é passear sobre uma mina
no caminho de dois errantes.
Ela despreza qualquer bom sentir,
faz de tudo para omitir
de quem supõe nada querer
o verdadeiro sabor de viver.
Ser efêmero é como o vácuo:
tê-lo do lado de dentro
sem, no entanto, adimití-lo;
com ele não há sentimento mútuo,
só há o inexplicável nada-ser,
um imperceptível morrer...
A Vida como a flor,
tão bela e efêmera, segue seus ciclos.
Compreender e aceitar essa efemeridade
exige de nós desapego daquilo que desde sempre
habita o nosso âmago: O utópico desejo de perpetuarmos
a existência e de não fenecermos a exemplo de tudo que vive.
Cika Parolin
Torna-se nítido que a efemeridade e a limitação da nossa condição humana existem contraditoriamente paralelas à nossa ambição sem limites e à nossa capacidade de provocar a destruição de tudo que nos é fundamental à vida.
No ciclo dos passos não se vê efemeridade.
Os pontos permanecem, refletem um estado;
A paisagem se converte, simula a novidade;
Mas o ciclo ainda é ciclo, e não há efemeridade.
Sobre as mudanças, nada melhor do que vivê-las intensamente, pois sua efemeridade acompanha a vida, mas nem em toda vida, acompanha- se a fluidez das mudanças.
O encantamento que vida tem quando se amar é único mesmo tendo ciência da efemeridade dos relacionamentos, o que prevalece é o sentimento que é perpétuo em seu momento.
Entender a efemeridade da vida é valorizar cada minuto vivido
e tentar torná-los especiais no momento em que acontecem,
tem sido minha melhor forma de viver.
Cika Parolin
A efemeridade da vida nos move a assimilarmos de seus momentos sabedoria, experiência, aspectos positivos, e a buscarmos a convivência harmoniosa entre as pessoas que nos cercam.
O TEMPO EM SUA EFEMERIDADE
Parece que foi ontem
E já não era mais
Um dia acordamos, e percebemos
Que não se pode voltar a trás
Que o silêncio e a solidão
Já se tornaram uns vírus para a alegria
Já se tornou tristeza
Tudo que um dia significou felicidade
Momentos que se dissolveram
Em pensamentos soltos o vento
Que foram expressos com palavras desconexas
Coisas que esfacelaram os segundos do tempo que passou
Momentos deixados, feito sombras.
Em suas antigas verdades
Mas que se refazem na memória
Contudo, se vão como poeira e o vento leva rapidamente.
Como se fosse capricho do destino
O que não se pode entender
Sobre um mistério indefinido
Tudo passou como instantes
Coisas que inventamos no momento que desejamos
Sensação que sorrateiramente nos engana
E insistimos em ousar no que nos opomos
O que resta agora
É vago traço do vazio
Que tentamos decifrar
Sobre o valor conceitual do tempo
Mas descobrimos uma só verdade
Entre todas que não mais existe
Tudo é efêmero
Como essa lágrima...
Escorrendo delicadamente no rosto
Prefiro calar
Reconstruir um mundo onde a vida se refaz
Esquecendo-me dos gestos perdidos
Do olhar escondido
E busco encontrar no abraço
Seu poder revitalizante
E no sorriso
Nova forma de viver
Em nobres gestos que acolhem a alma.
A verdade é que perdemos tempo demais elaborando teorias que que justifiquem a efemeridade do amor, mas, na prática, o tratamos como as flores de plástico que enfeitam as estantes.
Amor é prática diária. É cuidando das raízes do outro e cultivando a relação com pequenas atitudes que podemos contemplar o desabrochar de seus botões.
Flores artificiais ficam lindas na estante, mas nunca darão vida à primavera.
O coração dos homens norteiam-se na pluralização dos antônimos da efemeridade. Quando, na verdade, os sinônimos os definem.