Efemeridade
A consciência da nossa efemeridade
é o que dá a importância a cada despertar
mesmo que nem sempre
tenhamos manhãs de sol
e céus azuis...
Cika Parolin
O TEMPO EM SUA EFEMERIDADE
Parece que foi ontem
E já não era mais
Um dia acordamos, e percebemos
Que não se pode voltar a trás
Que o silêncio e a solidão
Já se tornaram uns vírus para a alegria
Já se tornou tristeza
Tudo que um dia significou felicidade
Momentos que se dissolveram
Em pensamentos soltos o vento
Que foram expressos com palavras desconexas
Coisas que esfacelaram os segundos do tempo que passou
Momentos deixados, feito sombras.
Em suas antigas verdades
Mas que se refazem na memória
Contudo, se vão como poeira e o vento leva rapidamente.
Como se fosse capricho do destino
O que não se pode entender
Sobre um mistério indefinido
Tudo passou como instantes
Coisas que inventamos no momento que desejamos
Sensação que sorrateiramente nos engana
E insistimos em ousar no que nos opomos
O que resta agora
É vago traço do vazio
Que tentamos decifrar
Sobre o valor conceitual do tempo
Mas descobrimos uma só verdade
Entre todas que não mais existe
Tudo é efêmero
Como essa lágrima...
Escorrendo delicadamente no rosto
Prefiro calar
Reconstruir um mundo onde a vida se refaz
Esquecendo-me dos gestos perdidos
Do olhar escondido
E busco encontrar no abraço
Seu poder revitalizante
E no sorriso
Nova forma de viver
Em nobres gestos que acolhem a alma.
A efemeridade da vida é cada vez mais corroborada pela sensação de insegurança que assombra os dias em que vivemos. O que nos leva à conclusão de que devemos viver da melhor forma possível os nossos dias e noites, pois tudo pode acabar numa freiada, num passeio ou até mesmo durante o sono.
O que torna a vida tão encantadora é a sua efemeridade...
A consciência disso nos torna responsáveis pela "qualidade"
do que buscamos e vivemos, razão pela qual, nenhum segundo
deveria ser desperdiçado em sentimentos que não estejam
à altura do grande milagre de existir.
Cika Parolin
Sobre as mudanças, nada melhor do que vivê-las intensamente, pois sua efemeridade acompanha a vida, mas nem em toda vida, acompanha- se a fluidez das mudanças.
VIOLA NO SACO
Na efemeridade dos sentimentos de prazer,
temos vezes ou outra, baixar a batuta, girar as craveias que
tesam as cordas, deixando-as relaxadas e em desafino.
A afinidade é deixada de lado, a harmonia em dissonância com a
melodia. O que rezava a partitura deixa de ser o manual que
regia todo conjunto. Hora de enfiar a viola no saco e navegar
por outros horizontes, onde uma nova melodia pode pedir
uma nova afinação, um casamento acústico harmônico e
melódico perfeito em que a alma de tão feliz, a plenos pulmões cantaria.
A efemeridade do julgar
Manhã fria que aos poucos se aquece. Como de rotina metrô cheio. Pessoas com histórias, idades, gostos, estilos... enfim, a diversidade que há numa metrópole. Os que conseguem viajar sentados: livros nas mãos, jogos, trabalhos, pastas e um estilo próprio que toca aos seus ouvidos, hora suave, hora gritante, assim é a manhã de um paulistano.
De repente as portas se abrem, uma senhora entra...olhos amedrontados, corpo encurvado e as pernas ansiosas por um assento... ninguém levanta e nem a percebem; os sentados fecham os olhos e a ela menosprezam...ela procura o banco azul em tom claro. Logo avista uma moça, sentada no banco em que ela se enquadraria. Moça elegante e sorridente, traços de pouco sofrimento e um meigo olhar para a senhora que ali permanecia.
Um senhor já grisalho, ao ver tamanha frieza logo exclama: "já que os jovens não se levantam...assenta neste banco minha senhora...". A moça ergue a cabeça e avista os olhares de reprovação. Sorriu e novamente a seu livro se fixou. E na longa trajetória a ela todos olhavam...
Na penúltima estação um jovem rapaz se aproxima, com duas muletas e pernas saudáveis. O Rapaz elegante da moça se aproxima, e a entrega seu apoio e as muletas que nas mãos trazia. Todos pasmos. Quem diria? Aquela meiga moça uma de suas perna já não possuía...
No ciclo dos passos não se vê efemeridade.
Os pontos permanecem, refletem um estado;
A paisagem se converte, simula a novidade;
Mas o ciclo ainda é ciclo, e não há efemeridade.
LONGEVIDADE
REFLITO SOBRE A EFEMERIDADE DA VIDA
E A LONGEVIDADE DA ARTE,
E COM O PENSAMENTO QUE EM MIM SUSCITA
EMERGE JUNTO A CRIATIVIDADE.
FAÇO DA COMPOSIÇÃO POÉTICA
A MINHA FORMA DE EXPRESSÃO;
VERSANDO DE FORMA LIVRE
E CONTRA AS FORMAS DE OPRESSÃO.
COM CRIATIVIDADE INSURGENTE
ESCREVO PALAVRAS E TRAÇOS FORMAS,
AS QUAIS UMA VEZ DENTRO DA MENTE
PODEM CULMINAR EM REFORMAS.
PROPAGO PENSAMENTOS QUE FORAM ADQUIRIDOS
E QUE POR MEIO DE REFLEXÕES FORAM ALCANÇADOS
NA FORMA DE VERSOS SUBVERSIVOS
NUMA FOLHA DE PAPEL A4.
PODEM MATAR O NOSSO CORPO,
MAS NÃO NOSSA ARTE, NEM PENSAMENTOS,
POIS ELES PODERÃO SER SEMPRE LEMBRADOS
INDEPENDENTE DO ESPAÇO E DO TEMPO.
A efemeridade da vida é uma expressão muito usada para lembrar que a vida é passageira, e por isso, é imperioso que cada instante seja vivido intensamente.
Então: Eu acho que a vida é tão efêmera que eu não me dou mais tempo para sentir vergonha, mágoa ou raiva por qualquer coisa que eu tenha dito para alguém ou alguém tenha dito para mim. No final, são somente momentos e escolhemos a cada instante como vamos nos sentir com relação a eles. Sabe o que eu escolho? Ficar em paz comigo.
Torna-se nítido que a efemeridade e a limitação da nossa condição humana existem contraditoriamente paralelas à nossa ambição sem limites e à nossa capacidade de provocar a destruição de tudo que nos é fundamental à vida.
EFEMERIDADE
Minúsculo flagelado
Pequeno Relato
Célula Viva
Descida Escorregadia
4 membros, uma cabeça e um tronco
Ainda frágeis, totalmente prontos
Começando a usar os membros
Falando e aprendendo
Brincando e sendo feliz
Sem pensar que a vida está por um triz
Logo vêm os conflitos, mudanças
Reconhecimento de Identidade
A vida passa
Já tenho muita maturidade
A inocência jaz
Resta experiência
A vida passa, já aparecem rugas faciais
E a vida num passo de um segundo
Já estou entre os especiais
Essa efemeridade, essa liquidez, essa palidez de dias rasos me faz querer ir além, mergulhar fundo, construir solidez nos afetos-reflexos.
Você vai, eu fico;
Minha razão vai, meus sentimentos ficam;
A efemeridade do meu sentido está aqui;
Mas a realidade, é outra.
Ampulheta do Tempo
Traduzir a efemeridade com poesia
Era tudo que eu mais queria
Mostrando que envelhecer é inevitável
Porém crescer é opcional
Que egoismo é lama de esgoto
Consome tudo o que é vivo e o torna morto
Ensinar que o medo é uma cova mental
Que te prende em sim mesmo e o banha em sal
Te faz o player 2 de sua mente e o obriga
A tomar más decisões em toda a sua vida
Na ampulheta do tempo o abraço é um bom passo
Pois respeito e empatia andam meio escasso
Mostra que as folhas que com o vento caem
São chances e vidas que com o tempo se esvaem
As lembranças e ações de um eterno momento
São marcadores astrais da passagem do tempo
Que resumem e definem toda uma vida
Seja de dores ou amores a resposta é ouvida