Dor Física
Nesses últimos tempos em que meu vazio existencial se tornou quase o gene dominante de todo o meu ser, a recessividade tardia quase consegue me comandar. A madrugada se apresenta como um refúgio, ninguém tem medo dos monstros quando se vive no meio deles. Meus demônios a muito lutam para se libertar. Tenho aceitado as forças de atração que me puxam para a terra. Agora vejo que meu fim não está tão longe quanto pensei ser. O atrito de minhas moléculas é a única coisa que mantém meu coração aquecido nesses tempos de um inverno tão rigoroso.
Sinto como se os polos magnéticos estivessem agora situados em meu peito, e como opostos, se atraem, tomando-me por uma implosão sem limites, explodindo de fora pra dentro, sendo corroída massivamente a cada novo pôr e nascer do sol.
O movimento das marés, que tanto me encantava já não tem mais um efeito tão positivo. Sou mais sal do que açúcar, ainda assim, insolúvel. Indescritivelmente heterogênea acerca de qualquer outro componente que não seja você.
Thaylla Ferreira {Poesias sobre um amor inatingível}