Dor do Luto
Ainda haverá um tempo, onde tudo será explicado.
O porquê da pressa da luz, que rir do leopardo.
Dessas coisas infelizes que temos que conviver.
De um dia abraçar a esperança, mas no outro dia ela desaparecer.
Se não for assim, nada terá sentido.
O nascer e o crescer, o erro e o arrependido.
Um dia, sim, eu acredito, tudo será esclarecido.
Teremos nosso próximo tempo de qualidade, de rir, de encontro.
Alí, banhados de um além, de um porvir, quando tudo estiver pronto.
Porque agora, somos mesmo esse vapor, esse fragmento.
Somos a sombra de um amanhã que se vai como um vento.
Esta questão já foi trabalhada, por muita gente na história.
A alma que agora foi desencarnada, estará sempre na nossa memória.
Do dia tirada foi a luz, da fogueira quente, foi tirada a brasa.
Um anjo que um tempo habitou entre nós, foi levado de volta pra casa.
Muitos dizem que quando a gente morre, morre. E tudo pra nós se acaba nesse momento. Mas eu já tive motivos concretos pra não acreditar nisso, e, no entanto, às vezes até eu mesma duvido deles. Outra hora eu conto pra vocês, porque agora estou com preguiça de falar sobre isso. Acho que ideal seria contar no dia dos finados, nada a ver falar disso, assim, sem mais nem menos, né mesmo?!
O nosso mundinho particular, com todas as coisas que gostamos, vai se desfazendo pouco a pouco. De repente, a gente olha para trás e não vê quase nada, nem os anos 80 nem os 90, nem o Chico Anísio, nem o Jô Soares, e nem mesmo o que éramos, nem mesmo os nossos pais. A gente vai morrendo aos poucos, sem perceber.