Dor de um Homem

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A música me transporta para um mundo no qual a dor não cessa de existir, mas solta-se e tranquiliza-se.

Um amigo de verdade é aquele que vê a dor nos seus olhos, enquanto o resto do mundo acredita no seu sorriso falso.

Dor não tem nada a ver com amargura.
Acho que tudo que acontece é feito pra gente aprender cada vez mais.
É pra ensinar a gente a viver.

E Deus está sussurrando: "Sabe essa dor, filho?" Eu sou maior que ela, confie em mim.

O grande problema da vida é a dor que causamos aos outros, e a metafísica mais engenhosa não justifica o homem que despedaçou o coração que o amava.

Benjamin Constant
"Adolphe: anecdote trouvée dans les papiers d'un inconnu", Benjamin de Constant, Brissot-Thivars, 1824
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Sou a Consciência em ódio ao inconsciente,
Sou um símbolo incarnado em dor e ódio,
Pedaço de alma de possível Deus
Arremessado para o mundo
Com a saudade pávida da pátria...


Ó sistema mentido do universo,
Estrelas nadas, sóis irreais,


Oh, com que ódio carnal e estonteante
Meu ser de desterrado vos odeia!
Eu sou o inferno. Sou o Cristo negro,
Pregado na cruz ígnea de mim mesmo.
Sou o saber que ignora,
Sou a insônia da dor e do pensar

Razão e emoção são dois planetas que não habitam
a mesma galáxia. Você sabe que sua dor é superável,
você sabe que amanhã vai encontrar um novo amor,
você sabe que é uma felizarda por ter saúde, família,
um teto para morar, mas você não sente assim.
E o sentimento é poderoso. Comanda-nos.
E a gente sucumbe. Feito um avião caindo do céu,
feito refém de um assalto do coração.

Nenhuma dor significa o fim da sensibilidade. Cada uma de nossas energias é uma barganha com o diabo.

A dor muda as pessoas.

E essa dor que ora todos sentem não é uma dor eterna… Deus é tão sábio e misericordioso que ele criou o tempo e o tempo serve para muitas coisas, inclusive para ir amenizando e diminuindo a dor. Não que essa pessoa será esquecida, porém a dor vai aliviando, aliviando até uma hora ela permanecer apenas nas suas lembranças, no seu pensamento, e aí essa pessoa querida vai ter apenas um nome: saudade!

Os homens igualam-se na dor e diversificam-se na alegria.

Dói tanto que não dói mais, como toda dor que de tão insuportável produz anestesia própria.

Bem mais graves são os efeitos produzidos em nós pela ira e pela dor, com os quais reagimos às coisas, do que aqueles produzidos pelas coisas em si, pelos quais nos encolerizamos e sofremos.

Por vítimas de agressão, entendo aqueles que mudam de opinião pelo pesar ou pela dor. Por vítimas de doença, entendo aqueles que mudam de opinião seduzidos pelo prazer ou aterrorizados pelo medo.

Não há corte sem dor.

Ouça um bom conselho que eu lhe dou de graça: inútil dormir que a dor não passa. Espere sentado ou você se cansa. Está provado, quem espera nunca alcança.

Hino à dor

Dor, saúde dos seres que se fanam,
Riqueza da alma, psíquico tesouro,
Alegria das glândulas do choro
De onde todas as lágrimas emanam..

És suprema! Os meus átomos se ufanam
De pertencer-te, oh! Dor, ancoradouro
Dos desgraçados, sol do cérebro, ouro
De que as próprias desgraças se engalanam!

Sou teu amante! Ardo em teu corpo abstrato.
Com os corpúsculos mágicos do tato
Prendo a orquestra de chamas que executas...

E, assim, sem convulsão que me alvorece,
Minha maior ventura é estar de posse
De tuas claridades absolutas!

Augusto dos Anjos
ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

Eu chorava, no começo eu chorava e não entendia, apenas não entendia, e não entender dói, e a dor fazia com que eu chorasse, no começo.

A UMA PASSANTE

A rua, em torno, era ensurdecedora vaia.
Toda de luto, alta e sutil, dor majestosa,
Uma mulher passou, com sua mão vaidosa
Erguendo e balançando a barra alva da saia;

Pernas de estátua, era fidalga, ágil e fina.
Eu bebia, como um basbaque extravagante,
No tempestuoso céu do seu olhar distante,
A doçura que encanta e o prazer que assassina.

Brilho... e a noite depois! - Fugitiva beldade
De um olhar que me fez nascer segunda vez,
Não mais te hei de rever senão na eternidade?

Longe daqui! tarde demais! nunca talvez!
Pois não sabes de mim, não sei que fim levaste,
Tu que eu teria amado, ó tu que o adivinhaste!

Até hoje não houve filósofo que padecesse pacientemente uma dor de dente.