Doido
...aspiro o perfume das flores
respiro o ar comprimido
absorvo o sentimento doído
pretendo cheirar um alecrim
desejo profundamente um fim
para meus problemas
introduzo à mente
pensamentos de amar
...expiro minhas forças
esgoto minhas energias
exprimo minhas feições
solto o ar inalado
exalo um odor agradável
espalho um brilho por aí
lanço um olhar fatal
com intenção sem igual
...inspiro sensações
entusiasmo com o amor
sou musa inspiradora
faço brotar sentimentos
lanço meus cabelos ao vento
voam em leves movimentos
nasce no meu coracao
influências sobrenaturais
um desígnio espiritual
sou toda fora do normal
insiro suspeitas
de atitudes perfeitas
...piro e por fim
fico fora de mim
um surto, que absurdo
toma conta do meu ser
fujo às regras
me safo das leis humanas
me entrego às leis divinas
recorro aos guardas
que são anjos e guias
me iluminam e confiam
plenamente em seu trabalho
mesmo em meio à loucura
a fé continua
e a verdade nua e crua
aparece de todas as formas
de todas as cores
de todos os jeitos
daí voce apanha da vida
é melhor do que qualquer mentira
que possa satisfazer o ego
de uma mente doentia!!!
Cebola
Rosa que faz chorar
choro não doído
choro não irado
choro ardido
choro disfarçado
entregando o sabor
temperando o cozido.
Choro que é prova de amor.
Olhos fechados, e vem palavras borbulhando de um coração doído e sem rumo.
Dentro de mim um labirinto que não encontro saída.
Abro uma porta e vejo meus sonhos sufocados.
Abro outra os meus sentimentos gritando socorro, abro outra e meus medos querem ajuda, abro outra e tudo está sem ordem e sem lógica.
Dentro de nós existe a nossa escuridão e a nossa luz.
Somos um labirinto.
E aonde é escuro, só nós e Deus sabemos.
À luz é o que deixamos visível aos olhos de todos.
Mas existe uma luz que não só clareia, mas dissipa
E que consegue extirpar a nossa escuridão.
É Jesus!
REFLEXO
É o cachorro perseguindo osso
é o pássaro pulando atrás da fruta
é o vento doido no mês de agosto
é o bruto testando a força bruta.
É a espuma do mar sempre persistindo
é o lobisomem namorando a lua cheia
é a saudade tirando o todo o sossego
é o desespero da mulher feia.
é a morte amável e amiga de adeus
ao mesmo tempo inimiga da vida
pensamentos dos outros não seu teus
são todos tortos em causas perdidas.
Os pensamentos sim, são mesmo torto
irmãos de todos os infelizes aleijados
em vida têm enjoou, vômito e aborto
orgulho, vontades e desconfiados.
O galho da rosa não tem somente flor
tem caule com casacas e também espinho
o mundo é uma precisão de paz e amor
para encontrar-se com meiguice e carinho.
Antonio Montes
Amei sem medo, cai surpreso, me arrependi no chão.
Juntei os cacos, colei os pedaços, doído estava o coração.
Queria nunca repetir, pensei em desistir.
Amei de novo, abracei gostoso, dessa vez vai.
Casei com ela, viajei num braco a vela, daqui uns dias serei pai.
Percebi por ai que pra ser feliz, tem que ter coragem de repetir até conseguir.
insisti, insisti até te ter aqui.
RIVAL
O papai sempre gostava de dizer que “doido não tem juízo.” Eu, já digo que tem sim: apenas, em muitos momentos, “lhes faltam alguns parafusos.”
Há muitas histórias envolvendo esses personagens, com sofrimento mental; nas cidades grandes e pequenas, nesse mundão sem fim. Muitas delas, tristes; outras, engraçadas... Outras, nem tanto.
Em Campos Belos, conheci Rival; forte, de estatura mediana, usava cabelos longos, que nunca viam água. Ainda não totalmente brancos, afinal de contas ele só tinha cinqüenta anos; com uma pequena margem de erro, para mais ou para menos. E, uma imensa barba fechada.
Andava calmamente pelas ruas da cidade, sempre mastigando alguma coisa que a gente não sabia o que era. Andava e parava, ao longo de qualquer percurso que viesse a fazer.
Nessas paradas que fazia, geralmente eram para observar algo que lhes chamava à atenção; e sempre tinha uma coisa ou outra. Olhava os mínimos detalhes de tudo, com muito critério. - Como se tivesse mesmo fazendo uma vistoria minuciosa. E, em muitos casos, parecia discordar de algumas irregularidades que via: ao coçar, e balançar a cabeça negativamente, quando o objeto da observação não atendesse suas expectativas.
Morava num quartinho isolado na residência de um parente de primeiro grau, na Rua Sete de Setembro, próximo do açougue do Juá.
No final dos anos setenta e início dos anos oitenta, houve uma exploração de Aroeira muito intensa na região. Tempos depois, eu soube que a aroeira fora extinta no Nordeste goiano.
Paulo (in memoriam), o genro do Seu Farina (o italiano do Restaurante), trabalhava no transporte e comercialização dessa nobre madeira; e geralmente o fazia no Sul do Estado de Goiás; Minas Gerais e São Paulo. Em forma de mourões e laxas, muito usados em currais e cercas; pela sua potencial resistência em se decompor, na natureza.
Um belo dia...
Como de costume, Rival, subiu a Rua BH Foreman, atravessou a Av. Desembargador Rivadávia, e chegou ao calçadão em frente à Prefeitura Municipal.
Parou, e colocou a mão direita atrás da orelha, em forma de concha, para ouvir melhor o sino repicando a sua frente, na Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.
Era o sacristão chamando os fiéis, para a “encomendação de um corpo.”
O curioso é que, naquele dia, ele não atendeu o apelo religioso, apesar de nunca ter perdido um enterro na cidade (tinha essa boa fama); mas, aproximou-se da Paróquia, e tomou a benção ao Seu Vigário, que estava posicionado à frente do Templo, recebendo o povo, para a cerimônia fúnebre.
Riscou o dedo polegar direito na testa, três vezes, e inclinou-se levemente para frente, em sinal de respeito ao Pároco, ao Santuário e ao falecido. Beijou um enorme crucifixo metálico, preso num cordão feito de argolas, de lacres de latinhas de alumínio; confeccionados artesanalmente, pelos presos da cadeia púbica local;
Olhava ao longe, o esquife num ataúde com a Bandeira do Brasil sobre ele, próximo ao altar; era um filho ilustre que havia “partido antes do combinado.”
Rogou a Deus por ele em silêncio, estendendo as mãos unidas,uma a outra, e levantadas verticalmente, rumo ao céus.
Deu as costas ao Reverendo, sem se despedir, e desceu a Rua do Comércio, enxugando com a manga da camisa, algumas lágrimas que insistiam em descer, lentamente dos seus olhos castanhos, se escondendo no emaranhado de sua barba; resultante do impacto da perda irreparável. – O Pároco lhe dissera o nome do falecido anteriormente.
Teve fome...
Já era meio dia e ele ainda não havia forrado o estomago.
Entrou na padaria de Zé Padeiro. Pediu um lanche, sem dinheiro. – “Não preciso de dinheiro: tudo o que vocês vêem, são meus...” deixava isso bem claro nas poucas conversas que tinha com as pessoas,digamos,normais.
A atendente lhe deu um pão dormido, sem manteiga mesmo - como sempre o fazia, e um café num copo descartável.
- “Capricha senhora!... É para dois tomar.” A moça colocou mais um pouquinho.
E ficou sem entender: pois não o viu acompanhado de mais ninguém!...
Ao retornar a sua casa, pelas mesmas pisadas, parou diante do caminhão em que Paulo trabalhava; que estava encostado junto ao meio fio, logo à frente; e conversava seriamente com ele. Sim! Com o caminhão.
Que estava cheio de laxas de Aroeira. Com uma ponta de eixo quebrado. Na porta do Armazém de Seu Natã.
O proprietário do caminhão, já havia pedido ao papai que desse uma olhada no mesmo; pois, teria que se deslocar até a Capital Federal, para comprar a referida peça. Pois não a encontrava na região, para repô-la.
Ainda que as faculdades mentais de Rival não funcionasse cem por cento; ele tinha um coração piedoso. Com certeza, aquilo era um Reflexo da criação que recebera de seus pais. Que por sua vez, eram pessoas muito religiosas e bondosas.
O sol estava a pino e não havia uma nuvem sequer, nos céus, para atenuar a sua intensidade.
Rival, por sua vez, continuava parado em frente ao caminhão, dando andamento na prosa...
Depois de ter observado por muito tempo aquela situação; de todos os ângulos possíveis. Continuava olhando, olhando,olhando... E, balançava a cabeça de um lado para o outro. Como quem não concordando com aquela situação.
E conversava baixinho, de maneira que só o caminhão ouvia:
- “Isso que estão fazendo com você é um absurdo, é uma desumanidade muito grande! Como é que pode tanto descaso, com um ser tão indefeso!”...
Falava com sigo mesmo:
- “Coitadinho!... quanta judiação!... Quanto tempo sem comer e sem beber; já cheirando mal, e cheio de poeira, com esse calor tremendo que está fazendo, não pôde até agora, tomar um banho para refrescar; como tem sofrido!”...
“Não tenho mais tempo a perder: tenho mesmo de fazer alguma coisa.” Pensava ele.
E, lhe sobreveio uma iluminura, procedente do seu coração grandioso: então, deu o seu lanche para o caminhão comer.
Antes de despedir-se, balbuciou quase imperceptivelmente, algumas palavras:
- “Tenha um bom apetite! Voltarei amanhã para ti ver.” E, foi-se embora balançando a cabeça, desaprovando aquele estado de coisas.
Repetiu o gesto de alimentá-lo, durante mais de quinze dias.
Todos os dias, sempre nos mesmos horários, ele deixava próximo à placa, um pão e um cafezinho, para o aquele pobre e faminto caminhão, alimentar-se; porque a “fome é negra”.
- 13.04.16
És minha primeira poesia, o meu não mais doído, o meu rir mais prazeroso, o amor mais verdadeiro e minha desconfiança mais desejada. Já neguei muita coisa na minha vida, mas você é a negação mais negada.
É doido, eu sei. Eu mesma as vezes me pego confusa tentando entender como foi que isso aconteceu comigo, mas quer saber? Não importa. O mundo ficou melhor desde que você apareceu, tá mais colorido, e eu também.
A primeira vez que meu coração quebrou fez um som alto, doído, de algo importante perdido, me tornei ateu, chorei, ansei, voltei a acreditar em Deus.
Pensei tolamente que colaria como com super bonder e tudo estaria resolvido, como era boba, como era inocente, tive o coracao requebrado por seu sorriso inocente, que escondia tal solidão que sentia que me tragava.
E ainda assim, fui feliz, demasiadamente feliz mesmo ignoranto todas as verdades, eu queria tanto que me ama-se que ops! Que pela terceira vez o coração se partiu e com ele também parti!
Cansei desses sentimentos dolorosos, cansei desta agonia de pensar e repensar em cada detalhe do seu rosto, te esqueço! Um pouco a cada dia...
A quarta vez nem percebi, ja estava casada com outro e me tornei ferro para aguentar, eu disse ' ja nem dói tanto assim', e ainda assim doía.
Na quinta vez foi porque você voltou, e já nao me sinto tão jovem e tao forte e tao sadia para aguentar tanto amor e mesmo assim anseio para sentir a pulsação drle novamente.
Na sexta resolvi escrever, preciso que me consolem, preciso que me entendam, eu te deixo livre mas sou presa por esse coração que insiste em quebrar.
Na sétima ele morreu.
Finalmente descanso em paz.
Minha dor
"Minha dor não é igual a sua, talvez meu coração tenha doído e chorado mais que o seu já tenha sofrido um dia.
Meu coração está apertado por minha estranha dor, pois acordo sempre com uma sensação de abandono repentina e este é o único e sombrio sentimento que habita nesse coração ferido.
O que será que eu fiz de errado?
Será que eu serei salva dessa situação que me encontro?
Meu coração está manchado de sangue que alguém feriu, e isto se tornou um veneno
conduzindo meus passos por caminhos desconhecidos.
Tento dar uma pisada de cada vez, caminho lentamente, porque só vejo espinhos em minha trilha.
Por que meus sentimentos foram partidos?
Por que alguém teve que acabar com o que existia dentro de mim?
É isso dói, e como dói!
Perguntas, apenas perguntas?
Alguém poderá me responder? Porque hoje existe em mim apenas uma amarga solidão?
O meu coração está amargurado, minha alma está sempre chorando, e essa tal de esperança que nunca mais ousou repousar em mim...
Uma sensação de abandono e desamor tomou conta de minha alma, não consigo sair dessa solidão que insiste em ficar.
Como alguém pode ser tão cruel?
Como pode as flores possuírem espinhos tão doloridos?
Onde errei? Doei tanto amor... tanta amizade...Plantei flores em meu coração mas foram os espinhos que enraizaram, porque quem visitou meu coração só conhecia a maldade.
Meu erro talvez foi acreditar demais, querer demais, amar demais, me doar demais e não ter nada em troca, então meu coração desmotivado se tortura lamentando o que aconteceu.
Sofro calada, padeço nesse mundo tão sombrio e desaprendi a palavra felicidade."
-Roseane Rodrigues
Porque errar é humano e posso parecer doido varrido
Mas dava um ano da minha vida, por mais um dia contigo...