Do nada

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“Eu não gosto nunca de nada, e gostei tanto de você.”

Nada é por acaso.

Não faço nada pelo bem de ninguém e, decerto, faço mal a algumas pessoas.

Ou estarei apenas adiando o começar a falar? por que não digo nada e apenas ganho tempo? Por medo. É preciso coragem para me aventurar numa tentativa de concretização do que sinto. É como se eu tivesse uma moeda e não soubesse em que país ela vale. Será preciso coragem para fazer o que vou fazer: dizer. E me arriscar à enorme surpresa que sentirei com a pobreza da coisa dita. Mal a direi, e terei que acrescentar: não é isso, não é isso! Mas é preciso também não ter medo do ridículo, eu sempre preferi o menos ao mais por medo também do ridículo: é que há também o dilaceramento do pudor. Adio a hora de me falar. Por medo? E porque não tenho uma palavra a dizer.

Clarice Lispector
A paixão segundo G. H. Rio de Janeiro: Rocco, 1998.

Sou humano, nada humano me é alheio

Não importa o quanto eu escreva, o quanto eu fale. Nada descreve o amor que eu sinto por você.

De manhã falei que não sentia mais nada e de noite fui no meu quarto chorar sozinha.

Eles não tinham nada incomum, exceto os dois olhos, o nariz, a boca e o amor que sentiam um pelo outro.

Estar no topo do mundo não é nada, quando se sente a falta de alguém.

Sentir não é brega. Ao contrário: não existe nada mais chique. Emocione-se e seja o rei da sua insensatez.

E eu continuava assistindo à erosão da minha vida, sem que pudesse fazer nada. Muitos menos compreender Isabel.

Até que um dia resolvi imitá-la.

Que você acredite que não me deve nada simplesmente porque os amores mais puros não entendem dívida, nem mágoa, nem arrependimento. Então, que não se arrependa. Da gente. Do que fomos.

- Maldição! - Dizia ele. - Eis como é preciso ser! Basta ser belo e nada mais!

"‎Sou direta. Fria. Seca. E nada disso é novidade pra ninguém. É só o meu jeito."

Sinto falta mesmo é de não sentir nada. Eu não sentia nada. Era tão bom.

Sou imortal. Nada pode me ferir.

Não escreva nada, não nos procuramos mais: um dia nos cruzamos por acaso, de repente, e então vemos o que aconteceu a nossos rancores.

Nada mais tenho a ver com a validez das coisas. Estou liberta ou perdida. Vou-lhes contar um segredo: a vida é mortal.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica “Brain storm”.

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A impaciência enorme (ficar de pé junto da planta para vê-la crescer e não se vê nada) não é em relação à coisa propriamente dita, mas à paciência monstruosa que se tem (a planta cresce de noite). Como se dissesse: “não suporto um minuto mais ser tão paciente”, “essa paciência do relojoeiro me enerva”, etc.: é uma impaciente paciência.

Clarice Lispector
A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.

Nota: Trecho da crônica O alistamento.

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Preciso falar, e mais do que falar, preciso dizer. Mas as palavras não dizem tudo, não dizem nada.