Do nada
Uma pessoa pode chegar aos sessenta anos sem fazer uma ideia do que é um carácter. Nada é mais oculto do que as coisas com que continuamente andamos na boca.
Breve o Dia
Breve o dia, breve o ano, breve tudo.
Não tarda nada sermos.
Isto, pensado, me de a mente absorve
Todos mais pensamentos.
O mesmo breve ser da mágoa pesa-me,
Que, inda que mágoa, é vida.
Sei lá por que, mas eu tenho pensado em você
Bem mais do que eu deveria
Vá entender o que acontece
Que nos sonhos mais bonitos
Você sempre aparece
Desculpa a demora
É que somente agora
Bolei umas horas pra poder te falar
Que você foi a melhor coisa que me aconteceu
Eu lembro que você disse que tava cheia de saudade de mim
Eu lembro que eu te disse que a vida nunca foi tão fácil assim
Mas olha só, calma lá
Vem pra cá, por que não quer ficar? Quer brigar
Eu só quero resolver, descomplicar
Eu só quero você, tenta me ajudar
Ela gosta disso
Gosta de fazer tudo escondido
Diz que somos proibidos
Magia de amor bandido
sem antídoto pra nós
A gente se afasta e se desgasta
Mas tá no sangue ou debaixo da pele
E a gente se atrai e se distrai
Esquece o mundo e nada nos repele
Nesse labirinto sinto que eu minto se eu disser
Que meu dito instinto não me levará aonde eu quiser
E o que quer que seja, veja e me beija depois
Forte é o nosso norte e a sorte guiará a nós dois
Algumas pessoas preferem fugir do amor talvez porque seja mais fácil ir embora e fingir que nada aconteceu, do que ficar e não saber se irá acontecer.
Conserve seu medo mas sempre ficando sem medo de nada, por que dessa vida de qualquer maneira não se leva nada.
Eu quero não sentir. Quero ver a vida em volta, sem sentir nada. Quero ter uma emoção paralítica. Só rir de leve e superficialmente. Do que tiver muita graça. E talvez escorrer uma lágrima para o que for insuportável. Mas tudo meio que por osmose. Nada pessoal. Algo tipo fantoche, alguém que enfie a mão por dentro de mim, vez ou outra, e me cause um movimento qualquer. Quero não sentir mais porra nenhuma.
E se eu tiver motivos pra sorrir, amigos pra abraçar, música e energia boa no ar, nada mais importa.
Belo belo II
Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.