Dizer Adeus com Vontade de Ficar
Senhor, ajuda-me a dizer a verdade
diante dos fortes
e a não dizer mentiras para
ganhar o aplauso dos fracos.
Se me dás fortuna, não me tires a razão.
Se me dás sucesso, não me tires a humildade.
Se me dás humildade, não me tires a dignidade.
Ajuda-me a enxergar o outro lado da moeda.
Não me deixes acusar o outro
por traição aos demais, apenas por não pensar igual a mim.
Ensina-me a amar os outros como a mim mesmo.
Não deixes que me torne orgulhoso se triunfo,
nem cair em desespero se fracasso.
Mas recorda-me que o fracasso
é a experiência que precede o triunfo.
Ensina-me que perdoar é um sinal de grandeza
e que a vingança é um sinal de baixeza.
Se não me deres o êxito,
dá-me forças para aprender com o fracasso.
Se eu ofender as pessoas,
dá-me coragem para desculpar-me.
E se as pessoas me ofenderem,
dá-me grandeza para perdoar-lhes.
Senhor, se eu me esquecer de Ti,
Nunca Te esqueças de mim.
Cuidado ao dizer um não, ou um sim, ou um nunca mais, ou para sempre. Eles podem mudar sua história. São palavras simples, com força enorme.
[...] Não deixe os supostamente vividos lhe dizer o que é certo ou o que fazer. Certo, você nunca esteve em Paris. Não, você nunca correu com os outros em Pamplona. Claro, você é um moleque que três anos atrás ainda não tinha cabelo debaixo do braço... mas e daí? Se você não começa grande demais para sua calça, como vai caber dentro dela quando crescer? Deixa que ela rasgue, não importa o que os outro digam, esse é meu ponto de vista; sente-se e fume a calça.
Comunicar o quê? Ninguém tem nada a dizer. Olho as opiniões, as discussões “on line” e só vejo besteira, frases de 140 caracteres para nada dizer. Vivemos a grande invasão dos lugares-comuns, dos uivos de medíocres ecoando asnices para ocultar sua solidão deprimente.
O que espanta é a velocidade da luz para a lentidão dos pensamentos, uma movimentação “em rede” para raciocínios lineares. A boa e velha burrice continua intocada, agora disfarçada pelo charme da rapidez. Antigamente, os burros eram humildes; se esgueiravam pelos cantos, ouvindo, amargurados, os inteligentes deitando falação. Agora não; é a revolução dos idiotas “on line”.
Universo
O que vi do universo
até hoje foi pouco
mas, se penso em quanto meço,
posso dizer que foi muito.
Sei, de ler, que o universo
é de tais dimensões
que a própria luz só o atravessa
depois e bilhões e bilhões
de anos, e que nele há
multidões de galáxias e sóis
que talvez já morreram, antes
de chegar a sua luz até nós.
Deste modo, é correto dizer
que o céu que ora espio é passado
e que até pode ser que
o universo que veja já tenha se acabado.
Mas, de fato, não vejo
a não ser nas revistas
de astronomia: o lampejo
espantoso de infinitas
constelações a brilhar
num abismo espectral e difuso
de gases e poeira estelar
que me deixa confuso.
E assim, assustado e mudo,
bem menor que um ínfimo
grão de poeira, contudo,
sou capaz de apreender, no meu íntimo,
essas incontáveis galáxias,
esses espaços sem fim,
essa treva e explosões de lava.
Como tudo isso cabe em mim?
O fato é que qualquer vasta nuvem
prenhe de sóis já mortos ou futuros
não possui consciência, esse obscuro
fenômeno surgido aqui na Via Láctea,
ou melhor, na Terra, e talvez
somente nela, não se sabe por quê,
mas que permite ao cosmos perceber-se
a si mesmo, e ter olhos pra se ver.
Olhos que são nossos,
lentes minúsculas mas sensíveis
que captam a luz das nebulosas
vinda de espaço e tempo inconcebíveis.
É o que dizem, pois tudo
o que vejo é, à noite, apenas o brilhar
de distantes luzes no escuro.
São estrelas? planetas no sistema solar?
Somos algo recente e raro
no universo, como rara
é também a própria luz
dos sóis deste sol que nos aclara.
Todo universo é treva.
Inalcançável vastidão escura
dentro da qual os sóis, as explosões
de gás e luz são exceções.
O universo em sua vastidão vazia
é espaço e treva, é matéria fria
em que não há o mínimo sinal
de vida ou consciência; o que é mental
nele, ao que se sabe, está em nós,
no mínimo do mínimo do existente
e o que também ma treva luze é nossa VOZ
inaudível no espantoso vão silente,
Vi pouco do universo: afora a asa
de luz e pó da Via Láctea, o que conheço
são as manhãs que invadem minha casa.
Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.
Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.
Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.
Não consigo imaginar nada mais brutal do que dizer para um filho: “Tua mãe não te ama”. O mesmo vale para mães que dizem isso aos filhos a respeito dos pais. Quem faz essa covardia com uma criança é quem verdadeiramente não a quer bem. Usar o sentimento de inocentes a fim de atingir um cônjuge que passamos a odiar é de uma agressividade tão letal quanto uma injeção no pescoço, tão dolorido quanto um soco de um brutamontes.
Nem todos que agem assim o fazem por maldade. Muitos o fazem por ignorância. Mas até ignorantes deveriam possuir alguma sensibilidade para entender que uma criança necessita de segurança emocional e não de ser envolvida nas brigas de um casal que um dia resolveu se unir, e que mais adiante resolveu se separar. Casamento não precisa ser para sempre, mas a responsabilidade parental, sim.
Crianças não conseguem processar direito o que vivenciam. Assumem culpas que não possuem, fantasiam abandonos, se responsabilizam pela infelicidade dos pais, e pior do que tudo, se sentem desprotegidas em um lar briguento. Crescem e se tornam homens e mulheres paranoicos, inseguros, acovardados diante da vida.
É uma tecla insistentemente batida, mas pouco escutada: criança precisa ser amada. Não precisa de um iPhone aos nove anos, não precisa ir a Disney antes de ser alfabetizada, não precisa de um guarda-roupa de estrela de cinema. Precisa ser amada. Sai de graça. Só custa caro quando é educada por duas criaturas mais infantis do que ela.
Olhar-se ao espelho e dizer-se deslumbrada: Como sou misteriosa. Sou tão delicada e forte. E a curva dos lábios manteve a inocência.
Não há homem ou mulher que por acaso não se tenha olhado ao espelho e se surpreendido consigo próprio. Por uma fração de segundo a gente se vê como a um objeto a ser olhado. A isto se chama talvez de narcisismo, mas eu chamaria de: alegria de ser. Alegria de encontrar na figura exterior os ecos da figura interna: ah, então é verdade que eu não me imaginei, eu existo.
A arte necessita da filosofia, que a interpreta, para dizer o que ela não consegue dizer, conquanto só através da arte pode ser dito ao não ser dito.
Seja o exemplo de tuas palavras e haverá um momento em que não precisarás dizer nada sobre coisa alguma. Tuas atitudes falarão por ti!
Adoro Reticências... Aqueles três pontos intermitentes que insistem em dizer que nada está fechado, que nada acabou, que algo sempre está por vir! A vida se faz assim! Nada pronto, nada definido... Tudo sempre em construção.Tudo ainda por se dizer... Nascendo... Brotando... Sublimando... Vivo assim... Numa eterna reticência... Para quê colocar ponto final? O que seria de nós sem a expectativa de continuação?
Nunca se pode dizer até onde esse caminho nos levará; cede-se primeiro em palavras e depois, pouco a pouco, em substância também.
O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo.
Eu irei lhe dizer o que eu irei fazer e o que eu não irei fazer. Eu não servirei aqueles no qual não acredito mais, mesmo que se entitulem minha casa, minha cidade natal ou minha igreja: e eu tentarei me expressar [viver] de uma forma mais livre e completa possível [através da arte], usando em minha defesa as únicas armas que eu me permito usar - silêncio, exílio e habilidade.
Tua paz e tua felicidade não devem depender dos outros, mas apenas de você. Costumo dizer que não devemos tentar fazer ninguém feliz, mas fazer felizes a nós mesmos e, desta forma, quem estiver conosco estará feliz também.
Ah, eu quero te dizer
Que o instante de te ver
Custou tanto penar
Não vou me arrepender
Só vim te convencer
Que eu vim pra não morrer
De tanto te esperar