Divisão
No imenso circo da humanidade, onde a lógica se perdeu há muito entre os truques da retórica e as acrobacias da desinformação, estamos todos presos numa marcha descontrolada em direção ao abismo. O mundo, tão amplamente ligado pela tecnologia, fragmenta-se em facções que se observam desconfiadas e se armam com tweets raivosos.
De um lado do ringue, os idealistas tocam suas flautas utópicas, clamando por justiça social e mudança climática, enquanto do outro, os reacionários erguem suas bandeiras de tradição e conservadorismo. Ambos se empurram para o precipício com uma convicção cega, ignorando que o chão está a ruir sob os seus pés.
Enquanto isso, os arautos da mídia manipulam as massas, distorcendo a verdade até que ela se desintegre num caleidoscópio de meias-verdades e mentiras convenientes. É a polarização que dita o tom, a tonalidade dissonante de um mundo que rapidamente se move em direção a um estado de disfuncionalidade global.
A ironia reside no fato de que, apesar de nos vermos cada vez mais próximos do abismo, os que empurram são os mesmos que gritam que estão a ser empurrados. E assim continuamos, numa dança sinistra de culpa e inocência percebida, enquanto o solo cede sob o peso das nossas próprias contradições.
Enquanto o mundo arde em fogueiras de indignação digital, os líderes políticos jogam xadrez com vidas humanas, cada movimento calculado para agradar os seus seguidores leais e enfurecer os seus adversários declarados. A verdade tornou-se um acessório opcional, substituída pela conveniência da narrativa que melhor se alinha aos preconceitos e receios de cada grupo.
No final, estamos todos juntos nesta queda livre em direção ao desconhecido, com o abismo à nossa frente e a desunião às nossas costas. Agarramo-nos às nossas convicções como tábua de salvação num mar de incertezas, mas talvez seja hora de reconhecer que o verdadeiro precipício não é apenas físico, mas moral e intelectual. Num mundo quebrado pela polarização e pela manipulação, a ténue esperança de uma revolução de mentalidades que traria o "Admirável Mundo Novo" contrasta com a implosão do velho. Quer a selvajaria, quer a complacência terão um preço pesado. Resumidamente, estamos fodidos.
Éramos todos humanos, até que fomos divididos pela religião, raça, cor e poder, voltaremos a ser todos humanos, quando deixarmos de existir e morrer.
"Entre Reis e Camponeses"
Nos salões de retórica esplanada,
reis declaram igualdade em voz mansa,
enquanto em aposentos forrados de luxo
a realidade se esconde em sombras.
Lá fora, o camponês ergue sua voz,
com unhas e sonhos afiados,
lutando contra muralhas erguidas
por discursos que dividem e ferem.
Na arena das ideias contraditórias,
a esquerda veste mantos de realeza,
a direita empunha palavras de guerra,
e o povo, entre castelos e barricadas,
busca, com coragem, a centelha da verdade.
Quebrar as amarras da hipocrisia
é clamar por um novo amanhecer,
onde cada coração, seja de rei ou camponês,
bata de forma unânime pela justiça real.
Reunir os que estão separados por questões doutrinárias, familiares e raciais é difícil até para a igreja; mas separar os que estão perdidos, refugiados e esquecidos pela sociedade é uma divisão das trevas e uma revolta contra o Criador das luzes.
Onde não há zelo, disciplina, responsabilidade e respeito pela Palavra de Deus o inimigo oferece distorções, escândalos, rebeldia e divisões para qualquer organização.
Vivemos num momento tão obscuro na história da humanidade, que os que dizem a verdade são execrados pela sociedade, e aqueles que espalham a mentira e provocam divisões são aplaudidos por milhares seguidores.
Nós chegamos em um período onde desejamos a ética pessoal e não o grupo. E eu, em minha humilde visão, independente do que uns ou outros pensem, quero:
*Igreja sem placa.
*Política sem partido
*Justiça limpa e sem demora
*Religião com base no amor e não em dogmas
*Famílias empenhadas no cuidado e nunca na busca pela separação.
*Divisão justa de renda e diminuição do distanciamento social sem que isso seja taxado de política econômica, mas de direito humano.
Sei que é utopia, mas é o meu direito de sonhar, querer e desejar e sei que meu sonho pode se unir ao teu e juntos faremos acontecer.
-Aqui um valor mais alto se levanta !