Diversidade Racial
Aqui no Brasil, como se criou esse mito da "democracia racial", de que todo mundo se ama e todo mundo é legal, muitas vezes o próprio sujeito negro tem dificuldade para entender que nossa sociedade é racista.
Racismo é algo que não aparece... mas é visto.
É algo que não está escrito... mas é lido
É algo que não é gritado... mas é ouvido.
É algo que não é tocado...mas é sentido...
É algo que não é dor... mas é doído.
É algo que apenas
quem viu,
leu, ouviu
e sentiu,
sabe dizer o que
é!
Eu escrevia peças e apresentava aos diretores de circos. Eles respondiam-me: – É pena você ser preta.
A discriminação dos negros está presente em cada momento das suas vidas para lembrá-los que a inferioridade é uma mentira que só aceita como verdadeira a sociedade que os domina.
Enquanto a questão negra não for assumida pela sociedade brasileira como um todo: negros, brancos e nós todos juntos refletirmos, avaliarmos, desenvolvermos uma práxis de conscientização da questão da discriminação racial neste país, vai ser muito difícil no Brasil, chegar ao ponto de efetivamente ser uma democracia racial.
A sociedade tem que aprender a ter um senso crítico relevante e a se sobrepor diante da intolerância Racial e Religiosa.
Ao perder o medo do feminismo negro, as pessoas privilegiadas perceberão que nossa luta é essencial e urgente, pois enquanto nós, mulheres negras, seguirmos sendo alvo de constantes ataques, a humanidade toda corre perigo.
"O Brasil com toda a sua diversidade racial está completamente fraturado como nação, onde as pessoas não se dão umas com as outras e sempre que possível se separam e se segregam". A afirmação acima foi feita por Brenton Tarrant, defensor da extrema-direita e autor do massacre da Nova Zelândia, mas poderia ser proferida por qualquer pessoa, independentemente da orientação política. Ela nos trás a reflexão sobre a necessidade de mudar o modo como lidamos com a diversidade de pensamento, substituindo o conflito pela debate, a violência pela empatia.
O que mais vejo na timeline são pessoas replicando posts que apenas sustentam um pensamento que já possuem, algumas vezes preconceituoso e geralmente com uma linguagem muito mais agressiva ou depreciativa do que utilizariam fora da máscara que usam nessa bolha chamada rede social.
Por sinal, sabem o que Columbine, Realengo, Oslo/Utøya, Suzano e Christchurch têm em comum? Em todos os casos os assassinos tinham fetiche por arma e defendiam discurso de ódio. Todos também eram fundamentalistas ou vítima de bullying.
Questiono se tomariam o mesmo caminho se tivessem vivido num ambiente de tolerância e respeito, em que o contato humano vale mais que a participação em grupos virtuais que se isolam para retroalimentar o próprio ponto de vista. Pode até ser que sim, mas parece-me que, quanto mais nos esforçarmos em ouvir e respeitar as diferenças, principalmente aquelas que estão ao nosso lado, menor será a chance de vermos algo do gênero se repetir.
Que tal fazer a sua parte e, só por hoje, tentar compreender, em vez de ofender o coleguinha ao lado? Lembre-se de que toda jornada começa com o primeiro passo e cabe a nós decidir se tomaremos o caminho da segregação ou o da união.
BARULHO
Um minuto….
A cada três
Um minuto…
de silêncio,
pela mãe pretaSeverina
Que encara de frente,
mais uma vez,
A sua sina
Quinhentos,
Quinhentos anos de silêncio
Sob o jugo do capitão do mato
Os grilhões,
as correntes
Cento e trinta
Quem aguenta?
Quase um século e meio
De tormenta
Livres das correntes de ferro
presos às correntes sanguíneas
à miséria da favela
asfixia!
Moral, letal!
Vão-se Pedros, Joãos, Marias, Anas
Silvas com suas histórias interrompidas
...“pow”
Três ou treze,
A bala
Sempre perdida
Só se recorda do caminho errado
E, de três em três
Minutos
Lá está
Um minuto de silêncio? Por quê?
Apenas mais um,
Somado a uma vida
Que se findou
Calada
Somado ao grito calado
De um coração materno arruinado
Pela sede de vida e de morte
Que levam às polarizadas
Extremidades
Correntes elétricas
O desespero...
Alocado ali, entre o peito e a garganta
Junto a tudo que jamais se pôde dizer
Não!
De silêncio…
Basta!
É preciso barulho
É preciso muito barulho!
Para que, das entranhas da devastação
Reverbere a igualdade
A voz com gosto de sangue
Retida
Barulho que desnude
O gosto amargo
Da falta de sabor
Da vida de milhões…
Que, vivos
Morrem um pouco
a cada minuto de silêncio
Muitos...
Muitos Minutos de Barulho!
Nossa sociedade...
Que sociedade?
Essa triste e cruel realidade!!!
O preconceito racial é apenas um exemplo entre tantos preconceitos e desigualdade que se encontra hoje na nossa sociedade, isso não é nada mais do que a falta de evolução da mentalidade humana.
Me pergunto, "para que preconceito?"... essa pergunta fica sem respostas, mas sei que isso vai mudar!... Homofobia, racismo, bulliyng e etc, tudo isso tem que acabar, vamos dar um basta, todos por um mundo melhor, lutaremos e venceremos! Sociedade vamos evoluir?
Eu não me ofendo nem um pouco a este tipo de discriminação racial, pois sei que muita vezes quem faz a ofensa é mal resolvido em sua vida particular e pública, com certeza tem raiva de si mesmo, por se ver tão insignificante a morte por não poder vence-la. Abaixo aos fracassados de honra e moral, viva a vida, pois isto sim todos tem direito.
" O pior preconceito racial não é aquele em que os brancos tem com os negros. Mas sim, o que os negros tem com eles mesmos. Se sentem inferiores aos próprios olhos. E por um pouco de dinheiro, uma simples cargo no trabalho, chega ao ponto de renegar suas origens. Tenho orgulho de ser quem eu sou, mesmo que o mundo diga que eu sou ninguém. Quem renega o que é não chamado de alguém, e sim de zé ninguém."
Enquanto houver, desiguadade racial, preconceito e descriminação, jamais poderá haver a tão infatizada globalização.
Não luto por um mundo de igualdade racial, isso porque tenho a certeza da impossibilidade.
Luto por um mundo onde o amor e o respeito sejam prioridades. Assim nossos direitos entrarão em vigor e os problemas de desigualdade serão resolvidos!
Não se trata de igualdade, mas sim de não ser descriminado ou menosprezado por minha etnia.
Iguais não somos mesmo, mas perante ao Criador, feitos a imagem dEle, PERFEITOS.
(V.2)
Pela nossa longa experiência, a democracia racial no Brasil é um mito. Os negros sabem muito bem o cotidiano da falácia desse discurso.