Dinheiro por Chico Xavier
Sempre dias
Os dias passados em solidão
São como águas turbulentas
Perturbação reveladora de toda clareza
As frases contidas desnorteiam pensamentos
E de perder-se, o controle fica iminente à loucura.
Porta Aberta
Muito tempo já passou
Todo silêncio desnecessário
A porta aberta que você deixou
Nossas lembranças guardei em meu relicário
Só agora entendo o que sinto
Pois tua ausência me ensinou
Amo-te, você sabe eu não minto
Reviva comigo o que não terminou
Para quê tantas conversas de amigo?
Por favor, eu preciso que fale
Diga agora se quer ficar comigo
Essa distância é só mais um grande detalhe
Não espere o ponteiro dar outra volta
Não faça disso uma despedida
Basta dizer: eu sinto sua falta
Desta vez pra sempre, fique em minha vida!
À quem espera o seu amor
Distância poderia ser sinônimo de saudade se não fosse o fato de sentirmos saudades de quem está bem pertinho de nós e não sentirmos daqueles que estão distantes.
Às vezes sentimos falta até de quem nunca esteve conosco.
Ela é antítese, paradoxo, contradição, sinestesia, tudo ao mesmo tempo.
É verdade que nos ensina, enriquece valores, desvenda amores e nos torna mais pacientes.
É magia branca e negra. Branca quando valentes, dispostos a suportar toda a dor que ela trás, em razão do mais sublime sentimento. Negra quando a tomam como fardo, se esquece o propósito e o sentimento desvanece toda a esperança.
Os olhos que choram de saudades são os mesmos que anseiam a primeira ou mais uma troca de olhares.
As palavras que não se ouve ao pé do ouvido dão voz as mais belas provas de amor.
A ausência do toque aflora todos os sentidos.
Descobre-se que a carência não é a falta da carne, é saudades de espírito.
As lembranças que trazem nostalgia são as mesmas que aproximam as pessoas separadas pelo tempo.
Tempo é outro fator importante.
Quem ama tem pressa.
Quem souber esperar viverá o amor e descobrirá que ele supera toda a distância.
Hoje eu fui encontrar a minha simplicidade que não é compreendida.
sabe, ela é simples como o vento em um dia de verão nulo.
Sempre irá entender o verão como uma nuvem escondida nas trevas; e assim, vai dizer: te entendo
Nossa, e eu ouvir ecoar o som dos meus pensamentos.
(acredita ?)
O pior de tudo é que esse barulho canalizou a minha invenção, e eu acabei de encontrar as minhas mentiras de felicidade.
(Cadê o espelho ? Serve até uma poça de leite, só quero olhar-me e não mais ver o presente.)
Pensou no passado ou no futuro ? (e para piorar, não obtive resposta)
Segue, levanta o seu pensamento.
Continuei, só que me molhei na poça do felino e não consigo acreditar em algo que me desagrade.
(o que fazer agora?)
Corra para o sol e ao menos uma vez se mostre, se recupere.
E quem sabe assim o portador de seus pensamentos é tão parecido com você que resolveu mudar o caminho.
(NÃO! Não terá um atalho)
Tirei o dia para tentar encontar um motivo pela sua passagem em minha vida.
Acha que eu vou pensar muito ?
Sim; eu vou pensar até eu me convencer que não devo procurar coisas que não duram mais que um pensamento.
Cadê o pensamento ?
Então, acabou você .
Eu não conheço nada na face da terra, melhor do que a Mulher, contudo, também não conheço nada pior.
Anti-visões
Eu vejo um tempo obscuro
Eu vejo um tempo em que as casas não serão mais brancas
Eu vejo um tempo em que os televisores e computadores nos darão medo
Eu vejo um tempo em que não teremos mais sonhos
Eu vejo um tempo em que o pendão da paz será queimado
Eu já não vejo
Meus olhos foram furados por um tempo obscuro.
O Mar
Eu vivo num labirinto não muito distinto
Do grão, do chão, do vão
Um labirinto sem fim, antes de mim
Que sem explicação espedaça meu coração
Que com fel amarga meu céu
E me chega um ser sereno sozinho do norte que sabe onde é o caminho
E diz que eu siga sozinho
Pelo labirinto não muito distinto do mar.
Versos Pretos
A catastrofica explosão das nuvens me serve de inspiração
A imensidão do mar me serve de suor
Meu coração bombeia um arrebol vermelho
A vida se resume a isso, tudo, nada, a imensidão, ao paraíso
Meu traje veste ultraje
Minha mente rapidamente se dissolve, como um raio que cai do céu
Meu coração vive convalescência
Se recupera da solidão que você me causou.
Bahia de todos nós?
Sobe e desce a ladeira,
Pelourinho, Nordeste ou Ribeira,
Talvez não tenha o que comer
Mas sabe a maneira de viver.
Sorriso para afastar a tristeza,
És feliz como pode ser,
Vive na luta para sobreviver.
A esperança no coração
Nos dias que faltam pão,
O desrespeito com sua razão
Será culpa da nação?
Malabarismo no sinal fechado,
Qualquer coisa por um trocado,
Nem todos que param ali,
Tiram do bolso algo para ti.
Dias e noites se repetem,
Mas nada se repartem,
E alguém aparece na TV,
Quando é pago para dizer:
“Essa é a Bahia de todos nós
Do governo participativo
De Educação de qualidade
Do futuro da mocidade”.