Desprezo para Homem
Leibniz, o homem mais inteligente da Europa depois de Aristóteles, ensinava que a melhor maneira de desenvolver a inteligência não era estudar ciência, filosofia ou matemática: era ver muitas figuras e ouvir (ou ler) muitas histórias. O homem cuja imaginação está presa à realidade imediata e não voa entre os possíveis é um escravo da mesmidade – um idiota no pleno sentido da palavra.
As mulheres sempre se culpam e o homem nunca é o responsável. Durante a semana contra o estupro, tudo era para as mulheres. "Meninas,não usem roupas curtas. Meninas,não andem só." Que tal: "Cara, não estupre!".
Se o homem não possuísse nenhuma coisa que se pudesse tornar responsável, não seria livre nem dentro, nem fora de si. Dêem-lhe, porém, alguma coisa que possa afeiçoar à sua própria imagem e semelhança, assim como Deus o fez à sua imagem e semelhança e o homem será economicamente livre. Tal coisa é a propriedade privada.
Um homem quando é puro e sem maldade vai para um diálogo sem armas e sem a pretensão de humilhar o seu interlocutor.
Há muitas coisas engraçadas no mundo. Entre elas, a noção de que o homem branco é menos selvagem do que os outros selvagens.
[...] o amor feminino dura pouco, se não for conservado aceso pelo olhar e pelo tato do homem amado.
Enquanto se tem um mistério se tem saúde; quando se destrói o mistério se cria a morbidez. O homem comum sempre foi sadio porque o homem comum sempre foi um místico. Ele aceitou a penumbra. Ele sempre teve um pé na terra e outro num país encantado. Ele sempre se manteve livre para duvidar de seus deuses; mas, ao contrário do agnóstico de hoje, livre também para acreditar neles. Ele sempre cuidou mais da verdade do que da coerência. Se via duas verdades que pareciam contradizer-se, ele tomava as duas juntamente com a contradição. Sua visão espiritual é estereoscópica, como a visão física: ele vê duas imagens simultâneas diferentes, contudo, enxerga muito melhor por isso mesmo.
Sou um homem comum
de carne e de memória
de osso e esquecimento.
(...)
Sou como você
feito de coisas lembradas
e esquecidas...
(...) Eu sou um homem ridículo. No momento dizem que estou louco. Seria um título excelente, se para eles eu não permanecesse nada mais que ridículo. Mas de ora em diante eu não me zango mais, todo mundo é assas e gentil pra comigo, mesmo quando caçoa de mim, e, dir-se-ia, mas gentil ainda naquele momento. Eu riria de bom grado com eles, não tanto de mim mesmo quanto para lhes ser agradável, se não sentisse tal tristeza ao contemplá-los.
Por acaso pedi a Ti, ó Criador, que do barro
Me moldasses Homem, por acaso solicitei a Ti
Que da escuridão me resgatasses?
(Paraíso Perdido)
A característica do homem absurdo é não acreditar no sentido profundo das coisas. Ele percorre, armazena e queima os rostos calorosos ou maravilhados. O tempo caminha com ele. O homem absurdo é aquele que não se separa do tempo.
A morte não deve ser temida. A morte, com o tempo, atinge todos nós. E todo homem está assustado em sua primeira ação. Se ele afirma que não está, é um maldito mentiroso. Alguns homens são covardes, sim, mas lutam do mesmo jeito, ou tiram o inferno para fora de si.
O verdadeiro herói é o homem que luta embora assustado. Alguns superam seus medos num minuto, sob o fogo cruzado; outros levam uma hora; para alguns leva dias; mas um verdadeiro homem nunca deixará que o medo da morte domine sua honra, seu senso do dever, para com seu país e a humanidade.