Despedida de um Padre
“O sermão há de ser duma só cor, há de ter um só objeto, um só assunto, uma só matéria. Há de tomar o pregador uma só matéria, há de defini la para que se conheça, há de dividi-la para que se distinga, há de prová-la com a Escritura, há de declará-la com a razão, há de confirmá la com o exemplo, há de ampliá la com as causas, com os efeitos, com as circunstâncias, com as conveniências que se hão de seguir, com os inconvenientes que se devem evitar, há de responder às dúvidas, há de satisfazer as dificuldades, há de impugnar e refutar com toda a força da eloquência os argumentos contrários, e depois disso há de colher, há de apertar, há de concluir, há de persuadir, há de acabar. Isto é sermão, isto é pregar, e o que não é isto, é falar de mais alto. Não nego nem quero dizer que o sermão não haja de ter variedade de discursos, mas esses devem nascer todos da mesma matéria, e continuar e acabar nela.”
(VIEIRA, Padre Antônio. Sermão da Sexagésima. In: Os sermões. São Paulo: Difel, 1968, v.VI)
Às vezes precisamos de um tempo para meditar, planejar a vida, tomar decisões ou simplesmente ouvir as batidas do nosso coração.
A verdadeira felicidade não é algo palpável, não é satisfazer os desejos dos sentimentos, ser feliz não é a ausência de problemas. Ser feliz é esvaziar-se de si e se encher de Deus. Parar de olhar para o próprio umbigo e perceber que o outro também sofre, talvez mais que você. Jesus não estava gostando de estar na cruz, mas Ele o fez, não pensando em sua própria dor, Ele pensava em nós. Seja qual for o seu problema, não fica se lamentando, isso não resolve nada, aceita ele, e vá em frente. Ou vai me dizer que você sofreu mais que Cristo? O sofrimento faz crescer. Deus não castiga ninguém, talvez Ele só queira fazer você perceber que precisa Dele. Pedro foi chamado de Satanás e não desistiu! Jesus o fez o 1° papa. Porque Ele não escolhe os perfeitos, Ele não pede para que você não erre, Ele só te pede... um coração sincero!
"O acúmulo dos anos o convenceu de que, depois de muito andar, há sempre uma graça reservada aos retornos. Não pensou muito. Seguiu o movimento do desejo. A primeira foi encontrada. Uma estrada interior. Só é possível retornar ao lugar de partida depois de tê-lo reencontrado nos albergues de si mesmo. A saudade é o bilhete que antecede a estrada. Depois que o desejo de retorno está aceso, o destino de voltar requer iniciativa menor. Um transporte que nos faça sair, e já estamos nos preparativos da chegada. E assim se deu com ele."
As vezes penso que as respostas virão. As vezes, não. Olha ao longe e o que vejo é o espelho do tempo, convicções implorando por adoção. O mundo mais raso me desagrada. E preciso buscar os recantos onde ainda existe profundidade que favoreça o mergulho. Eu não me adapto às estruturas da superfície. Seria o mesmo que ser mortal além da conta. Mas sou mortal. Não quero ser, mas sou.
Existem acontecimentos que não combinam com as palavras. Foram feitos para o silêncio, porque não podem ser tocados na sua inteireza. Qualquer descrição seria uma forma de empobrecimento.
"Até que a morte nos separe." Antigamente era mais fácil dizer isso. Havia mais disposição para ver o tempo passar, menos pressa, porque as distâncias eram maiores. Quanto menor a distância, maior é a pressa e a ansiedade de chegar.
A experiência normativa do processo: depois da tristeza, a alegria. Não a manifestação eufórica, irreal, mas a serena alegria, aquela que, antes de ser externada, nós construímos no silêncio do coração.
Relato de um sobrevivente:
Parece que o mundo está em obras. Menos eu, que também preciso de reforma, mas não agora. Gostaria de fugir daqui, mas estou sem disposição para sair. Gostaria de chegar a um lugar tranquilo, mas sem ter de ir. Estou sem coragem até mesmo para respirar.
Hoje chorei. Como havia muito tempo não chorava. Não havia razões claras. Apenas chorei. Talvez por razões passadas, histórias ancoradas no porto do meu ser, ali onde a dor não se ossificou, não se fez concreta, não mostrou a face, mas pairou soberana e silenciosa.
Talvez por razão nenhuma. Nem sempre a dor tem razão. Dói por doer, por não ser outra coisa, por ser dor apenas.
Organizar o luto talvez seja isso: recolher o que da vida restou. E como é belo recolher o amor e suas respectivas saudades. É uma forma de afirmar que a vida não foi em vão. Não foi uma experiência que passou pelos vãos dos dedos, mas registrou-se nas cordas do coração.
Vazios existem, mas devem ser preenchidos com aquilo que, de verdade, vale a pena, pois ao me abrir para as coisas que valem a pena, eu percebo a grandiosidade da presença de um Deus que transforma tudo.
Mesmo diante de coisas que machucam e doem na nossa história, percebemos que Deus simplesmente cura e transforma nosso coração.
Coração acalmado é coração que aquietou-se, não se acomodou, mas enxergou que carência alguma significa justificar e aceitar qualquer pessoa na sua vida, que consegue enxergar que se não lhe der sossego, não é amor: é apego.
A saudade nada mais é do que um grito do nosso próprio ser que nos chama para aquilo que somos, para um encontro pessoal conosco e, sobretudo, para entendermos que existe uma graça tão grande.
"Acredito em Deus, acredito na proteção dele, mas eu olho para os dois lados da rua antes de atravessar. Eu não dou a Deus a responsabilidade de cuidar daquilo que eu sei que é um cuidado meu"
A fé é a escolha graciosa de Deus à vocação em assumir o invisível diante do real visível no serviço do anúncio das promessas do Evangelho de Jesus.
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