Enquanto reclamas de tua mordomia, teu irmão sonha com um pedaço de pão.
Enquanto dormes em berço de ouro, teu irmão se deita em trapos imundos.
Mas como somos egoístas e nos dedicamos em vão,
Todos vivemos em buracos profundos.
Sabemos que existe diferença entre o bem e o mal.
Mas por que a diferença entre ricos e pobres?
Será que este mundo é de certo modo animal,
Onde prevalece a lei do mais forte?
Queremos um mundo melhor,
Mas melhor para quem?
Para o que sobrevive de seu suor,
Ou para o que só pede e depois diz amém?
Devemos ter caráter e determinação,
Pois sem isso não construímos nada.
E aí, realizaremos tudo em união,
Ou deixaremos a sociedade toda atrapalhada?
Diante do vão da desigualdade e da indiferença social,
Existem comunidades inteiras de egos elevados,
Representando modéstias falsas e orgulhos exacerbados.
Num cenário absurdo, frio de sentimento e brutal.
Existem dois mundos desiguais que se cruzam sem comunhão,
Neles, multidões nunca se acenam e quase nunca se tocam,
Estão todos dentro de um panorama de vida real,
Vivendo uma existência sem amor e sem emoção.
Diante de uma grande aglomeração de vidas humanas,
Existem numerosos contrastes bastante explícitos,
De um lado – a abundância, o desperdício, e a esperteza desonesta,
E do outro – a doença, a fome, a nudez e vidas insanas.
Nas personagens reais que atuam nas entrelinhas da vida,
Existe uma fome que grita eloquente nos pobres desvalidos,
Mas ninguém ouve esse grito! Estão todos surdos!
Estão todos mergulhados em seus propósitos, em sua própria lida.
Existem aqueles que não sabem mais o que é o viver,
Eles vegetam no campo árido de seu próprio existir,
Sem nenhuma consciência real, sem nada mais desejar para si,
Da vida que levam, e do ar que respiram, vivem sem nada compreender.
Existe ainda uma grande multidão que quer fazer o bem,
Plena de conhecimento – sabe que, um abraço aquece e conforta,
Mas sua resistência ainda é muito maior do que o seu amor,
E o medo de ser afetada pelos sofrimentos do outro, a detém.
Existem tantas sociedades no consumismo inconsciente,
Quanto existe em seu meio aqueles que nada possuem.
Estão todos juntos, em um mesmo barco, em um mesmo caminho,
Vivendo de uma mesma vida de altos e baixos – inconsistente.
Diante do espelho exposto na face do irmão,
Ninguém consegue ver a si mesmo, nem se reconhecer como família,
E todos vivem numa crença preenchida por delírios,
Numa existência cega, sem sentimentos, sem o calor do coração.
Você está feliz, é bem verdade,
Não tem culpa de tantas tristezas,
E males da humanidade,
Mas você é parte deste mundo,
Que batalha por igualdade.
Você está feliz, vive a sorrir e a sonhar,
Eu vejo embora não me vejas,
Talvez você sinta medo,
Até de tocar-me as feridas,
Mas saiba que a maior ferida que carrego,
Está no mais profundo de minha alma,
E ela você não consegue ver.
Porém seria bom você se lembrar,
Que do mesmo ar que você respira,
Também eu vivo a respirar.
O céu te parece lindo?
A mim também parece belo,
Mas debaixo de todo este céu,
Ninguém se importa pra onde estou indo,
Se estou chorando ou se estou sorrindo.
O capitalismo sobrevive graças a desigualdade social, graças as diferenças econômicas, o que equilibra o capitalismo escraviza a espécie, que necessita do capital para suprir as suas necessidades.
"Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais" é o 3º objetivo fundamental da República Federativa do Brasil, conf. art. 3º da C.F.
O mais trágico desta desigualdade social global, é a Humanidade ter sido privada de poder assistir a beleza de imensuráveis talentos em ação, que não foram explorados e nem desenvolvidos porquê a grande maioria dos indivíduos são escravos da sua condição social.
João estudou a vida inteira em escola particular com o auxílio educação que a mãe sempre recebeu como servidora pública.
João cursa faculdade particular que é o pai que paga.
João tem um carro que os pais lhe deram ao completar 18 anos.
João tem uma mansão fruto de herança do avô que era uma pessoa renomada.
João sempre frequentou restaurantes caros.
Os pais de João acham ele um cara esforçado por ter passado em 3o lugar em engenharia. Um menino que se deu bem na vida mesmo tendo nascido em uma nação tão desigual.
Todos acham João um cara bacana, ele apenas é contra ações assistencialistas pois conhece o que é fome do que leu em livros.
Contudo, ninguém está preocupado com o João que sempre teve privilégios. As pessoas estão preocupadas com o Pedro a com a questão das cotas que é " pura segregação*" ( contém ironia*). Quem vai amenizar o dano social que o Pedro sempre sofreu na vida por ter nascido pobre, preto e na periferia, por não ter o privilégio de pais ricos e herança de vovô renomado?
Ah... Mas isso não é importante!
O Brasil tá cheio de João. Pedro continua invisível e quando visto é apenas julgado.
A miséria nos entrega verdades cortantes logo ali, no sinal da próxima esquina, na rua escura, no ponto de ônibus, nas escadas do metrô, nas marquises dos prédios...
Você pode até não concordar com os ideais de igualdade, mas em algum momento, os efeitos da desigualdade afetarão a sua vida.
E sobre a desigualdade social...
As pessoas que possuem mais são as que menos se interessam em ajudar o próximo, pouco importa se a mesa do vizinho é farta ou vazia, se o sapato que aperta seu pé vai calçar aquele morador de rua, se aquela roupa que já não está na moda poderia servir para aquela menina pobre que mora ali na esquina da sua casa! É inacreditável como existem pessoas mesquinhas e vazias, que agradecem a Deus pelo sapato novo, mas esquecem que o irmão muitas vezes não vai para a igreja porque não tem um sapato! Agradecem a Deus pela casa, pela comida, pela coberta, mas não se importam com aquele que, por ventura, não tem nada disso! Cuidado porque qualquer dia desses Deus pode bater aí na sua porta pedindo um prato de comida e você pode ignorar e dizer que não tem jantar! Vai perder a oportunidade de abençoar!