Desigualdade Social
É engraçado, para se dizer o mínimo, que o Estado exista para conter as desigualdades e crimes que muita das vezes pessoas de dentro do próprio Estado fomentam e estimulam direta ou indiretamente.
A desigualdade causa revolta, mas a plena igualdade é, para o homem, mais revoltante ainda. O homem não aceita ser igual pois sente a necessidade de ser superior ao outro.
Sou contra religiões, times de futebol, gostos musicais, sou contra o patriotismo. Penso que cada um tem seus gostos, suas crenças e suas preferências. Dividir a sociedade em grupos causa conflitos.
Se determinados grupos étnicos, sob condições minoritárias, já são alvos de preconceito e discriminação por possuírem uma identidade diferente da maioria da população... Imagine, então, quando se trata de alguém que nem mesmo faz parte de um grupo; um indivíduo que por si só escolheu viver da sua própria maneira, mesmo sendo por apenas em relação a alguns aspectos?
Aqueles que por algum motivo, não toleram um grupo ou um indivíduo, pelo simples fato destes não serem/viverem conforme os padrões culturais de sua sociedade, só contribuem para o aumento da desigualdade social. Pois, igualdade social não implica em fazer do outro uma cópia do todo, mas sim, aceitar o outro como parte do todo.
A VALA
Dos esgotos ao riacho, a água suja levando todo tipo de relaxo humano. Aqui embaixo, no vale dos escrotos, pouco se vê daquela selva de concreto onde a vida abstrata torna a todos os cinzentos viventes robôs, inorgânicos por natureza consumista destrutiva.
Minha pele ferida pelo tempo passado dentro de manilhas ásperas e contaminadas, enfraquecida pela carência do sol, marcada pelo desespero. Considerava-me parte deste submundo de fezes e lixo, entre os ratos e as baratas, partilhava de suas rotinas o mesmo espaço, porém, hoje percebo que sou apenas mais um fruto da desumanidade, um resto inútil que um dia foi descartado.
Pelos canos rastejei buscando abrigo, porém minha presença opressora prejudica a liberdade no esgoto, não sou resto suficiente de algo, talvez seja eu restos de nada, talvez nada. O córrego de merda desperta-me o desejo de navegar, de sair pra ver o céu, respirar um pouco melhor este ar.
Principio de um desejo a jornada rumando junto à corrente, das paredes abissais escorrem desesperança, mas, o trajeto da grande valeta parece me trazer o sentimento de um futuro favorável. Segui-lo hei na minha aventura, embrenhado na pequena mata baldia sigo, e a cada passo que dou me sinto um pouco mais vivo, pelo menos, a sensação de que o coração ainda bate me conforta.
Ruídos, buzinas, freadas, sirenes, latidos, roncos, pancadas, batidas. A cidade é um monstro estranho, não pretendo compreende-lo. Deveria me assustar, apavorar, mas ele já arrancou de mim todo o medo, consumiu-me até não restar bagaço à desfazer, ando por suas entranhas como um fantasma anônimo, perdido, avulso, perambulando leve nulo desumanizado.
Avanço pela fenda cada vez mais larga, distante dos tubos, enquanto acompanho o escorrer do denso regato fétido sou observado pelos habitantes das fossas, um desirmanado só, errando extraviado de todo o resto, perdido. Mas por que julgar de tal modo o olhar curioso das criaturas? Por que estabelecer tais qualidades tão desprezíveis à mim mesmo? Talvez minha imaginação tenha sido arruinada, uma cabeça desprovida de sonhos e esperanças, uma cabeça oprimida e comprimida de forma a servir um propósito alheio não mais pensa livremente para si.
Deparo-me com uma comunidade às margens do riacho, estranhamente sinto pelos que ali vivem o horror de ser humano lixo, descartados como bosta deste monstro conhecido como cidade. O crepúsculo triste de um sol que não se vê, torna aquele lugar mais estranho. Na escuridão vejo uma tímida fogueira, queimando lixo, iluminando e aquecendo rostos anônimos a queimar e fumar a dura pedra da decepção, cravando desilusões na mente já ludibriada pelo desapontamento vívido vivido desde a infância.
Peço-lhes fogo, para atear em minha própria fogueira, longe da desesperança e do lamento, aquecerei meu desejo de seguir adiante e matarei minha sede longe do olhar desconfiado dos que receiam. O cheiro das fezes lançadas pelos tubos empesteia a noite, e não há noia que catingue tanto a ponto de nos fazer esquecer que o vale dos escrotos foi enterrado com esterco e pavimentado com ignorância.
A chuva cai sobre nós lixos, evaporando do solo toda a podridão tornando o fedido cânion um caldeirão infectado, que logo é tomado por uma enxurrada de chorume decomposto lavado das ruas levando indiferente tudo o que havia ou não pela frente.
Fui junto, tornei-me mais um corpo inchado boiando na merda removido com repulsa e enterrado com repugnância, despido de qualquer pingo de empatia tido como resíduo inútil de uma existência desnecessária.
Tornei-me lembrança passageira de alguns ratos de esgoto, o homem que foi lixo do homem, um lixo de homem na vala de lixo.
Enquanto o homem se preocupar em enganar o seu próximo, não teremos uma sociedade justa, uma sociedade democrática
Uma folha amassada
Assim como uma folha amassada, cada indivíduo traz consigo marcas e dobras que contam a sua história. É exatamente nas “imperfeições” que reside a beleza da experiência humana.
As desigualdades sociais podem apresentar diferenças marcantes, mas lembre-se: as folhas mais amassadas podem conter as ideias mais vívidas.
Conseguiremos valorizar cada narrativa sem considerar a sua aparência?
Conseguiremos reconhecer que tudo e todos têm algo a oferecer?
Não sei ao certo... Mas tenho certeza de que cada folha amassada guarda uma profundidade que espera ser descoberta.
O mais estranho é perceber que o ser humano não gosta da ideia de uma sociedade justa, sem desigualdades, fome e pobreza. Isso é resultado direto de relações cada vez mais desumanas e do egoísmo.
É tão sem sentido.
Ver os ditados de quem sabe o que é sofrimento.
Questionando os que vivem no relento.
É certo que o livro alimenta a alma.
Mas não se consegue ler com fome.
Enquanto o governo saqueia a merenda.
Tudo que se investe é em seus próprios.
Pés de meia.
A população menos favorecida.
Vivem nas ruas esquecidas.
Sem títulos, sem igualdade.
Sem teto e escolaridade.
Se aprofunde seus segredos.
Cada um com sua história.
Brancos, pardos ou negros.
E uma única bandeira os descobre.
A que deveria protegê-lo.
Dando dignidade.
E uma cesta de verdades....🇧🇷
"Na época em que eu crescia, quando o Brasil ainda vivia numa Ditadura Militar, algumas amigas minhas se achavam ricas. Mas descobri, anos mais tarde, que naquela cidade em que nós morávamos só viviam pessoas tão ou muito mais pobres que elas. Aí, caiu a minha ficha, como se diz.
Infelizmente, nesse tempo era assim, pois quem tinha um aparelho de TV e uma linha telefônica se considerava rico, mesmo em meio a tanta pobreza... Na verdade, eram 'ricas' porque os pobres eram pobres demais."
Foi sem querer querendo que aceitamos mais de 3 milhões de cearenses vivendo na extrema pobreza.
Foi sem querer querendo que conseguimos conviver com centenas de pessoas morando nas ruas em Fortaleza.
Foi sem querer querendo que nos isentamos da responsabilidade, com a desculpa que a sociedade não tem mais saída.
Foi sem querer querendo que ficamos muito ocupados defendendo às nossas verdades e acabamos nos esquecemos da vida.
Pessoal acordem, Brasil não é tão lindo igual todos o vêem, Brasil é um país que está passando por diversas coisas, intervenções militares no estado do Rio de Janeiro é um dos exemplos, não "é" hora de discutir o que é cultura, até porque cultura segundo Geertz não tem um significado único, cultura é construída igual uma teia de aranha, a cada dia algo se torna cultura. A culpa do Brasil está nessa situação decorre de fatores históricos de desigualdade, e outros demais afins. A situação decorrente da corrupção que se estende sobre o Brasil e a América latina não é algo causado por uma pessoa, é algo causado pela corja que a sociedade elegeu para os representar mediante ao plenário, mediante ao estado, mediante a câmara... Brasil está em uma situação gritante, onde pessoas passam fome, passam frio, passam cede, De quem é a culpa ? A culpa está distribuída a todos os cidadãos deste Brasil...
O problema não estar em não discutir política, o problema não está somente nos candidatos, e sim na população que não consegue ver uma saída para esta grande problemática em que estamos, existem políticos que não tem nem ao menos um bacharelado, políticos doutores ? É raro...
De fato, estou colocando a minha opinião, não quero que aceitem, até porque opinião cada um tem a sua, quero que a respeitem mediante a minha visão sobre o Brasil.
Temos atualmente o presidente Michel temer, dizem que ele tem uma péssima fama, e que quase ninguém aprova seu governo, batemos panelas contra a Dilma Rousseff e ela saiu, estamos insatisfeitos com o Temer, e porque ele não sai ? Pois grandes empresários estão do lado dele, acha que reforma da previdência visa melhorar a sua qualidade de vida ? Acha que reforma da educação que quer tornar opcional algumas matérias visa o melhor ensinamento ?
Há ainda pessoas que acham que a filosofia e sociologia não tem importância, porém tem muita importância, até porque estás ciências visão aguçar o pensamento crítico do ser humano, e o fazer sair do senso comum, olhar pra algo e ver que o problema não está somente em um único lugar, ou seja, temos que ver que o problema do Brasil não está somente nos políticos, até porque quem os colocou lá fomos nós o povo.
O Brasil é governado por empresários, por pessoas que tendem só capital... Hoje você só é importante se tiver o famoso "status"... "Quando se nasce pobre, ser estudioso é o maior ato de rebeldia contra o sistema"
Não sei se um dia verei.
Os humanos lutando contra fome
e o descaso. Mudando o rumo da
desigualdade social e batalhando
individualmente para vencer
a própria corrupção.
Há uma grande dificuldade em fazer críticas à elite econômica do país, pela falta de uma distribuição mais justa da renda, porque aquela pessoa que tem um carro popular financiado em cinco anos, que paga o financiamento em trinta anos de um apartamento de no máximo 40 m2, que tem um plano de saúde que não lhe dá quase direito a nada além de internação nas enfermarias de poucos hospitais e que trabalha como PJ (sem direito trabalhistas), mas cumprindo uma jornada estabelecida pela "tomadora de seus serviços", essa pessoa acha que faz parte da "elite" e que as críticas são para ela também.
Então, esta pessoa defende com unhas e dentes privilégios que ela pensa serem seus, mas que não são ou então os defende mesmo sabendo que não são seus, na esperança de que um dia possam ser, mas se esquece que vivemos em uma sociedade onde poucos têm a oportunidade de ascenderem socialmente justamente porque aqueles verdadeiramente privilegiados não abrem mão do que têm para, quem sabe, diminuirmos a desigualdade social.
É um círculo vicioso mantido pela falta de consciência de classe de uns e a falta de empatia de outros.
Karl Marx desenvolveu uma teoria sobre a liberdade, baseava-se na liberdade de comprar e vender, sendo assim , a desigualdade não é apenas econômica, mas também cultural, de fato se você não é livre para comprar e vender, você não está inserido diretamente nas relações sociais e só tem direito ás sobras.
Financeiramente, pessoas pobres que tratam pessoas ricas melhores que as pobres, em situações onde todos são iguais, são um excelente exemplo do que é a hipocrisia e um grande motivo do que conhecemos como desigualdade social.
A guerra contra o marxismo na verdade é uma guerra contra o pensamento que acha o mundo injusto, que acredita que nosso maior problema é a desigualdade social.