Desespero
As pessoas que eu gostava me traíram,
As pessoas que eu amava me feriram,
E as pessoas que eu odiava me sucumbiram.
Campos
Um dia falei sobre sementes,
Um dia falei sobre as estrelas
E o fogo que se encontra entre elas, consumindo-as.
Eu sou um fogo consumido,
Eu sou o consumidor.
Sou um frágil senhor de campos,
Sou um questionável agricultor de sonhos,
Sou um terrível semeador da bondade
Sou um péssimo acampante de desejos,
Um desastroso lavrador da realidade.
Uma abominável peça de um jogo,
Marionete dos destinos alheios,
Entregue a misericórdia divina,
Semeador dos mais belos vales de rancor.
Sou a desesperança,
Sou o infinito clamor,
Dividido em um breve conto de desapego.
Eu sou um senhor,
Um péssimo agricultor,
Tudo o que era meu a chuva levou,
Sou uma eterna estiagem,
Sou tudo aquilo que a seca criou.
Atrás das nuvens escuras da tempestade e indiferente aos sons dos raios, o sol continua lá, brilhando. A vida não se resume no que vemos e sentimos num determinando momento.
Tem dias que me jogo no chão para chorar. O chão faz o meu choro ser mais desesperado, mais triste e mais frio.
Quem diria que eu encontraria o amor faltando apenas seis dias para que ele fosse assassinado.
Tive de o sentenciar, pois a raiva era imensa. Você estava ali comigo desde sempre e eu só percebi nos malditos seis últimos dias.
Você me disse que tudo ficaria bem, mas eu sei que não irá ficar pois amor não é só conversa, amor é presença e eu sei que não será fácil manter acesa essa luz que emana em você.
Já tive diversos pesadelos onde você me deixava, isso me fez pensar no tempo perdido.
Todas as vezes que te abracei e apenas fui embora, todas as vezes que eu te virei as costas e o que mais machuca é que você nunca devolveu nenhuma coisa que disse ou que eu te fiz.
Eu me sinto mal, pois você teve o privilégio de conhecer o amor há um bom tempo, e eu ?
Tive de sofrer as consequências e infelizmente esperar que o amor morra, nesses últimos 6 dias.
Me odeio por ser eu, e que esse eu tenha atraído você.
Por que eu gostando ou não, o que atraí as pessoas para mim é a dor. Está na escuridão em mim que eu coloco em palavras não ditas; está no quanto ninguém sabe que estou na linha entre a sanidade e o nada, vivendo no desespero, esperando a brisa que vai me balançar para um lado ou para o outro; está nas verdades que não conto e nas mentiras que escapam da minha boca. E eu não gosto de ser assim, mas também, ao mesmo tempo, gosto de atrair tais pessoas desse jeito. Pois essa é quem eu sou.
É como se a dor me fizesse, não posso ficar com ela, e não quero fugir dela.
Com medo de me deixar cair e proibida de levantar, cheia desses pensamentos masoquistas de quem eu sou, e quem eu seria se não a tivesse mais comigo.
Eu me prendo e sou o meu próprio cativeiro.
Hoje me tranco aqui sentado, sozinho, pensando...
Hoje estão por aí fazendo, cometendo, ouvindo, sorrindo...
Estão por aí correndo, mordendo, mentindo, sofrendo...
Hoje está aí dirigindo, sentindo...
Quero sair pois aqui não me sinto bem
Vendo aí na rua gente feliz, amém
Mas vejo muita gente morrendo também
Vivo cercado do pavor e desespero total
O cara matou mais de 10 dizia o jornal
O dono do bar jogou água no bêbado, vi no local
Esse hoje dorme amargurado, triste, molhado
Ele acordou na madrugada, numa parada
Homens com facas, sorrindo e gritando faziam o mal
Olhou para cima e em um segundo tinha apagado
Onde está o sentido me diz afinal
Vivo cercado
Não sei mais o que é real, o que me traz paz. Meus pensamentos estão me matando bem devagar a ponto de esfriar todo o meu corpo e de não sentir mais nada, existe somente um vazio que nunca preenche.
você passa a maior parte do tempo tentando agradar as pessoas, você faz um baita de um esforço, e no final é criticado pelo próprio fracasso.
O medo de esquecer um amor verdadeiro,
que passa por uma crises existencial,
que se furta a achar solução,
para as loucuras da imaginação!
(...)
Vaga a mente numa exaustão profunda e encontra o fim do que parece ser a tolerância, trama o plano de fundo fronteirando o inalcançável, segue o longo, estreito e profundo abismo estendido infinitamente sob o céu escarlate de poeira vermelha vagando com o vento seco levando consigo resquícios de esperança qual clama por seguir adiante e atravessar o desfiladeiro dos cânions abissais que cercam e emparedam-o aos cantos escuros das sombras geladas.
Teme os estrondos longínquos que vagam pela grande vala, das nuvens carregadas em algum lugar a despejar torrentes de águas a escavar e aprofundar valetas no solo que de tão seco não enxarca. Tempestades que ameaçam dar por fim um gole sedento e refrescante engolindo para o fundo dessa garganta todo irrelevante presente, presos, entalados, incapazes de se defenderem do tumultuoso reboliço gélido e embarrado da saliva secular que torna a jorrar dos céus para terra numa faxina destrutiva reiniciadoramente confortável.
O sol lá fora ferve e frita os que vagam num passeio infernal por entre as areias escaldantes e entorpecedoras, passos que levam o ser cada vez mais perto do fim de seus curtos tempos. Enquanto lá em cima desejam o fechar do tempo e o cair da chuva, aqui em baixo só se procura sentir novamente um confortável sopro de vento refrescante. Cansado de olhar para a silhueta das bordas do precipício, vaga procurando por algo caído, folhas, galhos, flores, sementes, qualquer coisa que alimente a esperança desconfiada da remota chance de sair dali, espera que esteja descendo rumo a um lago ou riacho, pelo menos o fim dessas paredes que o engolem mais a cada hora que passa, a cada passo que hora em hora ficam mais insensíveis à caminhada fatídica infindável do vale que engole a todos e digere até mesmo a sanidade.
Restos de carniça, abandonada, esquecida, refugada pelos livres urubus a voar tão alto que daqui parecem moscas no risco de céu que se vê. O derreter paciencioso da carcaça fedorenta vai sendo banqueteada calmamente por vermes lúgubres
habitantes isolados nesta garganta que a tudo abandona
deixa morrer
se findar
acabar
porque ela
final
não possui.
Desprovida de fim serpenteia a eterna víbora por entre o quente e desértico solo, rico em ausências e espaços, imensidões vazias que põe qualquer infeliz vivente à condenação de ser devorado mais pelo tempo que pelos vermes. Vastidão isolada de qualquer presença, tendo o uivar dos ventos no alto das entranhas como companhia, o aguardar paciente das aranhas em seus emaranhados nós tricotados com exímia destreza milenar, calmamente a espera de um inseto qualquer que por azar o destino lhe finda a vida neste fim de mundo enrolado numa teia tendo suas últimas lástimas ouvidas por um vagante tão azarado quanto ele que de tando andar no fundo do abismo já alucina e ouve lastimando a pequena criatura que alimenta o predador com suas energias, lembranças, sentimentos e sonhos nunca alcançados.
(...)