Deserto
Somos deuses de nossa própria criação. Em nossas vidas, existe apenas o eu. O mundo é um deserto, a realidade externa é composta por luzes modeladas pela mente.
No deserto, escravos sacrificam suas vidas para erguer monumentos a mando de seus senhores que desejam ser enterrados com suas riquezas sob suas pirâmides.
A chuva cai lá fora enquanto dentro há um campo deserto, vida que provém da natureza, olhares que se cruzam por corredores, salas, ap’s, casas, barracos e mansões. Divisões na sociedade que separa quem vive de quem serve, de quem manda é quem obedece, e pra quem ou que se serve, porque é assim que é sem ninguém questionar só resta obedecer ou lutar até morrer, eu ignorei todas as distrações que eles trouxeram, gritei bem alto pra que saibam l que eu quero. Cansei de ficar esperando a outra vida, quero vencer mesmo que seja o último na corrida, se estou na pista é porque vivo minha vida de olho no que me intriga, instiga, me aplico enquanto o mundo gira, e os astros se movimentam em pura harmonia, destino são acontecimentos por acaso, livre arbitro é futuro já escrito.
Vi paredes transparentes, um chão que cedia; no fim, tudo era deserto, os grãos de areia eram meus melhores amigos, o meu Deus: minha atmosfera. enfrentei minha fera, às vezes ela se liberta e me deixa preso na cela. O mau aluno virou um bom professor; eram vivências de uma vida que transformavam um sofredor. A vida é fácil pra quem? Se morremos a cada dia, seja o dinheiro que for; no fim, somos carcaça, o que move é o espírito, consciência ou inconsciência, planejamento ou coincidências - é tudo questão de fé, imaginação, ou ciência. É difícil permanecer no espaço. Procurei nos outros aquilo que move meu ser, olhares são desejos que nos motivam a viver. Agitei minhas correntes, a liberdade é um sonho. O paraíso é um bônus, o inferno é um ônus.
"Um grãozinho de areia não consegue formar um deserto, mas muitos grãozinhos forma um grande deserto e transforma em solo fértil"
Autora Leoni.
correr na rua
embaixo da chuva
molhar o deserto da alma
tirar a secura da boca
matar a sede de ser feliz
e tirar o gosto amargo
que acompanha nossos dias.
estou no deserto
e não vejo nada por perto
não consigo mais andar
a sede veio me buscar.
estou no calor
sentindo enorme dor
aqui no coração
fico olhando a imensidão.
estou aqui deitado
permaneço calado
não bebi, quebrei a taça
nesse sono me abraça.
Deserto
Às vezes, o deserto no qual estamos é tão grande, que a solução torna-se em miragem.
Más existe um Deus que torna miragem em realidade.
No vasto deserto da existência, caminho sob o calor da realidade, onde cada pensamento é um grão de areia. Às vezes, uma brisa traz uma miragem de alegria, um oásis de esperança, mas logo desaparece, deixando a dura verdade do deserto. Em vulnerabilidade, alguns se confortam com minha dor, enquanto outros, que desejam minha melhora, me empurram de volta ao desespero. Contudo, a solidão não apaga a chama da resiliência. Cada passo e lágrima são conquistas, e na luta contra o deserto, sei que não estou sozinho.
SARAU ...
Ao canto da emoção, o sentimento deserto
ele numa solidão e ela tão cheia de agonia
o senhor amor e a senhora paixão. E vazia
a sensação, tudo assemelhava tão incerto
No ritmo da alma, o desejo estava coberto
de insatisfação. E a cadência de carícia fria
os olhos soluçando e um silêncio ali se via
na escuridão, se ouvia o medo de tão perto
Toca a orquestra da noite, a lua faz serão
balbucia gemidos nas batidas do coração
tal um surdo dando o seu último adeus
E o sarau adentrava o alvor, no compasso
o pranto, as lágrimas, num memo espaço
bailando queixas, sofrência e pesares meus ...
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/03/2016, 19'33" – Araguari, MG
DOR SUPREMA
Cai a noite, é outono, o cerrado chuvoso, prosa
o amplo e deserto céu, místico e tão sombrio
uma saudade rameira de angústia tenebrosa
geme, ladeia, se fazendo de um silente vazio
É noite. Chove. A sensação se vê preguiçosa
que só tortura... a recordação provoca arrepio
porque sofre na poética do bardo calamitosa
que só tem nas sombras de um nublado estio
E a noite adentra, e as saudades, uma a uma
pesam na solidão, e assim, a tristura exuma
acordando no sentimento o aperto que aflora
Ah! Eu quisera, planear a felicidade no poema
dum dito amor, um amor, não a dor suprema...
Chove lá fora! Cá dentro a minha alma chora!
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
20 março, 2022, 17’52” – Araguari, MG
O inverno é apenas uma estação, logo chegará a primavera.
O deserto não é infinito, breve você chegará aos mananciais.
Toda provação tem um fim.
Um deserto se esculpiu em meio ao mundo. Isolados; entramos por vias escarpas e escuras como num abrigo. Descobrimos em nossa alma toda força... também nela, nosso maior inimigo.