Desejo Morte
A morte não é nada para nós. Quando nos dissolvemos não temos mais sensibilidade e sem sensibilidade não nos resta nada.
CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Morte, não podes chegar a hora que bem entender e levar quem bem quiser,
já usastes a desculpa da doença, da idade, do acidente, que mais faltas inventar ?
E o próximo veraneio, e o almoço do próximo domingo ?
E o plano de parar de fumar ?
Porque acabas a festa sem a ultima dança, sem a ultima musica,
sem a ultima chance ?
CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Agora alguém vai ter de molhar aquelas plantas
vão ter de mexer nas gavetas, nas fotos, nas roupas e em tudo mais.
Tantas coisas que se tinha pra fazer.
Morte, não sei de onde tiras esta idéia.
A troco do que?
CHEGA.....
Assim mesmo em letras garrafais.
Porque me jogas contra Deus,
Aviso que não conseguiras
que desperdícios insistes em causar
Saibas que nunca iras tirar as lembranças de quem eu amo.
Morte, não te orgulhes, embora te aches poderosa
tu pra mim já estas MORTA.
Assim mesmo em letras garrafais.
Poema de Alexandre Pessoa - 2019
Morte
A morte é melancólica
Ela é fria, e sem vida
Ela é sombria e invisível
Quase, e muito incompreensível
Ela vem e não volta
Ela passa e não demora
Ela chega e não é impedida
Simplesmente, ela é contra a vida
Ela é a maior certeza
Para aqueles que vivem
Mas , é a maior dúvida
Para aqueles que questionam
Mas ela nos desperta a curiosidade
Pois ela abre a porta para a verdade
Depois dela o que há de vir?
Sim , pelo menos eu quero descobrir
Isso não quer dizer que a anseio
Mas , tenho um desejo
É no dia certo , na hora marcada
Sei que enfim , concluirei minha jornada
Então num último suspiro
Estarei da Terra sumindo
E esvaindo rumo ao desconhecido
... pelo que sei , apenas estarei dormido
Nunca tive medo da morte; me virá com medo ou sem medo essa sorte.
Meu maior pavor é um amor não correspondido.
Em cada boca fria um profundo corte. Licor de morte em cada poesia. A face do poeta sonhador também estava fria como o gelo. E a sua despedida - um longo pesadelo... O poeta viveu intensamente o amor...as aventuras e os sonhos por inteiro. Nada de viver aos pedaços. Mas naquela noite havia sangue e lágrimas em seu travesseiro. - Não houve tempo se quer de dar ou receber aquele último e longo abraço. Sobre o chão havia uma folha solta; era a sua última poesia. A caneta ainda estava em sua mão... O poeta era amante da noite,do dia... Gostava das mulheres e do vinho. Mas infelizmente morreu sozinho! A morte daquele que um dia sonhou em ser um grande poeta foi uma morte cheia de poesia, discreta... Era o poeta um maluco sonhador que vivia ocultando a sua dor. Ele sempre estava tentando mudar o que já não tinha jeito, ria do que era belo,admirava o que tinha defeito, via a sua humilde casa como um enorme e elegante castelo... Às vezes na eterna busca daquilo que estava distante o poeta não conseguia enxergar o que estava por perto. Ele sabia viver mil anos em poucos instantes... E tinha sempre o coração aberto! Mas o poeta agora já não ri, já não chora! E ninguém o espera lá fora! Não há ninguém para despedir-se dele em meio a noite silenciosa e fria. Ninguém para ler a sua última poesia! - E agora poeta!? E agora!?..
Não existe vida sem morte. Não existe felicidade sem tristeza. Não existe paz sem caos. Não existe bondade sem, antes, maldade. Para estar no limite, para sentir realmente, precisa-se da dor, precisa sofrer da maneira mais intensa. Precisa rastejar para se levantar.
A morte... Seria o fim das escolhas? O morto tem escolha? Livre arbítrio? Posso escolher não morrer? Dizem que é a única certeza que podemos ter na vida. Então estamos todos mortos, já que é uma certeza e não temos escolha.
Os jovens falam da morte como de um evento exterior; uma vez atingidos em cheio pela doença, eles perderão todas as ilusões de sua juventude.
Viver só significa nada mais pedir, nada mais esperar da vida. A morte é a única surpresa da solidão. Os grandes solitários nunca se retiraram para se preparar para a vida, mas, ao contrário, para esperar, resignados, seu desfecho.
[...] as palavras parecem esperar a morte e o esquecimento; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, ascenderem em nós o desejo de contar passagens que o tempo dissipou. E o tempo, que nos faz esquecer, também é cúmplice delas. Só o tempo transforma nosso sentimento em palavras mais verdadeiras [...]
" Quando a morte chega, o único valor que deixamos é o nosso caráter, bens materiais sempre existiu e nunca foi nosso."
Valor após a morte.
Nesta madrugada,
cheguei a uma conclusão,
Você só é valorizado, quando fecham o seu caixão.
Os vivos tem medo de serem ofuscandos,
quando você vive ao seu lado.
Não lhe dão valor, nem reconhecem,
a sabedoria que Deus, lhe concedeu.
Quando você desce a capa fria, choram que nem um falizeu.
Ficam cheios de alegria, porque seu concorrente morreu.
Bandos de miseráveis, igual aos tais,
sempre irão existir, torcem por sua morte,
para poderem ressurgir.
O que a Morte pode tocar -
Que terrivel é amar aquilo que a morte pode tocar ...
Porque a morte chega cedo e cedo é sempre,
a vida, longa ou breve é curta, finda o ar,
quem sofre, sofre sem parar a dor que sente.
P'ra quem fica resta a pedra de uma lousa
p'ra quem parte é arremedo de um principio
e um silencio vago; infinito pousa
sobre o corpo de quem fica amargurado e frio.
Nao chorem nunca sobre os figados da morte
porque somos parte das suas entranhas
na bussola da vida com destino a Norte.
Mas havemos de chegar a algum lugar
porque tarde ou não ninguém foge às suas manhas ...
Que terrivel é amar aquilo que a morte pode tocar!
Hoje me sinto seduzida por ela
A morte
Ela me seduz
Me oferece descanso
Fim da dor
Da ingratidão
Fim de planos e sacrifícios jogados fora
Vontade de me entregar a você
De deixar você me levar
Mas não sei quem pode cuidar dela
Meu presente rosa tão inocente
Então falta mais um sacrifício
Mais um orgulho
E depois quem sabe