Desculpa pelo que Fiz
Eu nunca fiz amigos tentando ser interessante. Todos os amigos mais íntimos que fiz foi porque me interessei verdadeiramente por eles. Me interessei pelo que doía, pelo que o fazia gargalhar, pela forma como banalizava histórias tristes, pelo jeito com que dramatizava fatos aparentemente banais...Todo mundo quando descobre certa receptividade no outro abre seu coração com tamanha generosidade, que fica difícil não fazer o mesmo. Porque a escolha é sempre nossa. A gente se abre, o outro percebe e se abre simultaneamente_ sempre nessa expectativa do encontro. E quando flui, tudo nos parece mágico.Mas depois vem o que fazemos com tanta informação, com aquela confissão, com aquele momento de entrega. É isso que vai solidificar o que quer que tenha começado. E quando isso não é um dom, é um exercício...
Queria ser uma pena
Queria ser uma pessoa especial
que fizesse falta
que fizesse feliz
que fizesse a diferença.
Queria ser inteligente
compartilhar conhecimentos
transmitir tudo que sei
aprender tudo que pudesse.
Queria ter senso crítico
saber argumentar
saber opinar
e defender minhas ideias.
Queria ser independente
emocionalmente
financeiramente
psicologicamente
cognitivamente.
Queria saber cuidar
e ser bem cuidada por alguém
e ser afetuosa e dedicada
e receber isso também.
Queria tanta coisa
e nada ao mesmo tempo
queria ser uma pena
e desaparecer com o vento.
Não sei o que se fez ou o que eu mesmo fiz depois. Sei, e isso com certeza absoluta, que não teve a menor graça. Desde então, tenho uns agostos por dentro, umas febres. Uma tristeza que nada, nem ninguém conserta. É assim que se começa a partir?
É... mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir.
Nota: Trecho da música "Pra rua me levar", composta por Ana Carolina e Totonho Villeroy
...MaisFiz ranger as folhas de jornal
abrindo-lhes as pálpebras piscantes.
E logo
de cada fronteira distante
subiu um cheiro de pólvora
perseguindo-me até em casa.
Nestes últimos vinte anos
nada de novo há
no rugir das tempestades.
Não estamos alegres,
é certo,
mas também por que razão
haveríamos de ficar tristes?
O mar da história
é agitado.
As ameaças
e as guerras
havemos de atravessá-las,
rompê-las ao meio,
cortando-as
como uma quilha corta
as ondas.
Com os olhos inundados de lágrimas eu disse: Se eu fiz tudo por você e você não me ama, então quem me amará?
Ele me olhou com piedade e falou: Alguém. Alguém um dia vai te amar.
Condicional (Los Hermanos)
Quis nunca te perder
Tanto que demais
Via em tudo o céu
Fiz de tudo o cais
Dei-te pra ancorar
Doces deletérios
E quis ter os pés no chão
Tanto eu abri mão
Que hoje eu entendi
Sonho não se dá
É botão de flor
O sabor de fel
É de cortar.
Eu sei é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu, muito bem...
Quis nunca te ganhar
Tanto que forjei
Asas nos teus pés
Ondas pra levar
Deixo desvendar
Todos os mistérios.
Sei, tanto te soltei
Que você me quis
Em todo lugar
Lia em cada olhar
Quanta intenção
Eu vivia preso!
Eu sei, é um doce te amar
O amargo é querer-te pra mim.
Do que eu preciso é lembrar, me ver
Antes de te ter e de ser teu
O que eu queria, o que eu fazia, o que mais,
Que alguma coisa a gente tem que amar, mas o quê?
Não sei mais!
Os dias que eu me vejo só são dias
Que eu me encontro mais e mesmo assim
Eu sei tão bem: existe alguém pra me libertar!
O que quer dizer
O que quer dizer diz.
Não fica fazendo
o que, um dia, eu sempre fiz.
Não fica só querendo, querendo,
coisa que eu nunca quis.
O que quer dizer, diz.
Só se dizendo num outro
o que, um dia, se disse,
um dia, vai ser feliz.
"Esse negócio de “eu só me arrependo do que eu não fiz” nunca me emocionou. Arrependa-se de algumas coisas que você fez também. É bonito saber que nem todas as suas decisões foram acertadas. É lindo saber que no meio de tudo o que você julgava perfeito ainda cabia uma parcela considerável de erro. O que você não fez, faça e erre. O que você fez errado, refaça e tente acertar dessa vez. Mas não me venha mais com esse heroísmo de só se arrepender do que não fez: isso é covardia velada."
A minha menina é um anjo
Só fiz questão de devolver pro céu
Pra tentar livrar desse mundo sujo, imundo
Pra tentar livrar desse mundo tão cruel
Nem sempre meu sorriso foi verdadeiro, nem sempre as escolhas que fiz foram as corretas, nem sempre as pessoas que escolhi permaneceram do meu lado, nem sempre meu sonho se realizou, nem sempre minha opinião foi aceita, nem sempre fiz o que quis. Não vivemos exatamente o que sonhamos, vivemos o que cativamos, o que nos foi guardado, o que merecemos. Geralmente sofremos quando esperamos algo de alguém; o ideal é não esperar nada de ninguém, e se surpreender com cada ato, cada inesperado tão esperado ocultamente. Esquecemos que estes são humanos, e como tal, erram. todos nós somos felizes e para todos nós o sol continua brilhando; devemos saber perder. Devemos viver e aproveitar o que nos foi oferecido, sem mais demais, e apesar de todos os apesares.
Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;
O que só agora vejo que deveria ter feito,
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido —
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,
Isso — e foi afinal o melhor de mim — é que nem os Deuses fazem
viver …
Se em certa altura
Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;
Se em certo momento
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;
Se em certa conversa
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro —
Se tudo isso tivesse sido assim,
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro
Seria insensivelmente levado a ser outro também.
Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido,
Não virei nem pensei em virar, e só agora o percebo;
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse;
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas,
Claras, inevitáveis, naturais,
A conversa fechada concludentemente,
A matéria toda resolvida…
Mas só agora o que nunca foi, nem será para trás, me dói.
O que falhei deveras não tem esperança nenhuma
Em sistema metafísico nenhum.
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei,
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.
Enterro-o no meu coração para sempre, para todo o tempo, para
todos os universos.
Nota: Trecho do poema "Na noite terrível"
Uma coisa me entristece
O beijo de amor que eu não roubei
A jura secreta que não fiz
A briga de amor que eu não causei.
Dentro do meu coração, eu criei o cantinho mais confortável possível pra você. Fiz a decoração mais caprichada pra você se sentir em casa. Tive que mudar algumas coisas de lugar, para caber seu jeito e suas manias, mas eu estava mais do que pronta para te receber. Com o passar do tempo, notei que você quis mudar tudo, quis jogar fora tudo que preparei com tanto carinho. No início eu aceitei, mas já não consigo mais calar os pedidos de socorro do meu coração. Mesmo sofrendo, vamos ter que te despejar definitivamente. Adeus, espero que encontre abrigo em outro lugar. Meu coração está em reforma.
Sinto como se tivesse envelhecido dez anos ou mais, por ter parado no tempo para repensar o que fiz, o que sinto, o que escrevo sobre as coisas. Cada palavra faz parte de mim, de cada pensamento, cada ideia que tenho. Vivo momentos tristes, felizes, revivo lembranças que estavam esquecidas na minha mente, e procuro esquecer de pessoas que não me fizeram e não me fazem bem. Aprendi a me desapegar das coisas e criar novas histórias, novos momentos, esquecer de certas coisas, viver cada dia realizando tudo aquilo que posso, esperar mais das pessoas, pois surpresas podem acontecer todos os dias. Descobri que para se ter felicidade, é preciso saber viver, olhar para frente e destruir obstáculos, cuidar de si, saber a hora certa de dizer e se calar; hoje, mais do que nunca, tenho a alegria de poder dizer que me sinto bem sendo quem sou de verdade, pois é preciso se descobrir aos poucos, decifrar o que a vida lhe dá, e agora percebo quem eu realmente sou, e adivinha… eu amo ser assim!