Desamor
Aquilo que um dia foi amor, se tornou vastidão de ânsia e decepções. Se perdeu no vácuo do descuidado de uma das partes, o reluto ficou exausto e deu espaço ao sódico desamor.
Rompendo velhos hábitos
"Fulguração poética
Como forma de romper com as trevas, o arbítrio
A luminosidade há de imperar na escuridão
Nos porões onde se homiziam as atrocidades
As cortinas das corrupções e canalhices desumanas
Muitos tombarão diante das injustiças
Das boçalidades, aberrações
Das maldades, engodos, vendedores de fumaça...
Da ingratidão, do desamor,
A força do caráter desmantela as idiotices
Da multidão lunática perdida no tempo...
Astronautas sentindo saudades da Terra"
Errei de ti...
Tens as chaves que acessam meu melhor
Os portões e as portas de minha candice
Recanto de um coração já descompassado
Onde vigora minha vida, tua eis morada
O que mais de mim esperavas?
Gastei meu suor, derramei meu sangue
Transbordei rios e mares de lágrimas
Inventei versos, rezas, findei terços
Me perdi no breu que em mim se deu
Caminhei sem rumo, passos trôpegos
Preso na dor atroz da ferida de uma saudade
Crucificada, maculada, mal insosso em meu eu
O que fostes minha, enfim? Namorada ausente?
Nada esperei em troca: sequer um olhar
Desses apaixonados, tomado de desejo
Trago no peito o lamento: o erro de saber amar
Usando o amor fraterno como meio de obter lucro...
Eu estava lá
Sua camisa lavada, gola furada
Lavada em amor de mãe, a secar no varal
Depois de um traiçoeiro sucedido mal
Eu estava lá
A espera-te em prece a chegar
Em saúde sã... sobrevivente
De um tiro jamais malente
Eu estava lá
No reverso da sorte vencida
Com o peito aborbido a prantear
Sua ventura inópia do acidentar
Eu estava lá
Segurando sua mão, insone
Feliz ao som de sua voz, inda ferido
A ver-te alimentar-se a se banhar
Eu estava lá
No correr de muitas suas alegrias
Na chegada de seu primeiro Fusca
No descortinar de Beth, primeiro amar
Eu estava lá
Chamado a ajudar a salvar um bebe
Que prematura, sua filha amada precisou
De um CTI para se salvar e não a faltou
Eu estava lá
A segurar uma mão tão pequena
Assistindo convulsões e cianoses
Chorando cada parada respiratória
Não, não deixei de estar presente
A cada um dos dois meses
Que na incubadora salvadora
Via médicos a realizar milagres
Eu estava lá
Pagando contas que minhas não eram
Jamais soubestes o quanto me foram caras
Tudo era por amor, não pelas custas onerosas
Eu estava lá
Ao seu lado, mesmo que não vistes
Enfermeiro cuidando de sua dor
Irmão a orar, até você acordar
Eu ainda estou aqui e sinto dores
Todas as dores do mundo me tomam
Não o vejo ao meu lado, não mais lhe sirvo
Ser justo e ter consciência não cabem em ti
A insensatez de todo homem consiste na crença de que tudo que foi, pode ser novamente. Um erro comum. Se algo termina por um grande erro, está fadado a sempre terminar pelo mesmo erro, eternizando um looping de agonia para duas almas. O amor é um sentimento inteiro. Nada surge, permanece e se estende por estradas fragmentadas, pelo mesmo motivo que carros se quebram em asfaltos falhos e gastos. E quando as vielas cinzas do amor se tornam rotina, e a presença um do outro se mantém pela mera formalidade do medo de se estar só, então o sentimento em si já perdeu. Não há nada mais deprimente que o desamor, o sentir pela aparência, pela ideia de que os outros pensarão coisas ruins, escarnecendo, e debochando. Se só aquele que vive a situação sente o pulsar do sangue na garganta, como se os arames farpados o esmagasse em cada ''eu te amo'' dito no vazio. E em sua amargura, amarguram uns aos outros, e em suas feridas, ferem uns aos outros. E meditam sobre os próximos vinte ou trinta anos no fundo de uma garrafa, ou no filtro chamuscado dos cigarros amargos. Acreditam no que não há mais, e erroneamente constroem as paredes do seu inferno pessoal, onde a paz de um beijo, de um abraço torna-se o chicote dos carrascos e o lamento dos condenados.
►Cobertas
Sei que nós não estamos bem
Sei que nós não nos cuidamos bem
Sei também que você possui alguém,
Que sou apenas um manequim dos bons costumes
Que somos apenas atores, diante as luzes
Não te culpo, tão pouco te odeio
Não te escuto, mas já tinha receio
Confesso não entender o porquê ficamos desse jeito
Fiz de tudo para proporcionar aconchego
Fiz de tudo para apimentar nossos momentos
Mas, talvez eu apenas estivesse cumprindo com o meu papel
Talvez, eu era apenas um peão, em um jogo cruel
Destinado a ser maltratado, a ser usado
Vou te contar, eu chorei, chorei muito
Foi ontem à noite, no canto do escuro
Não estou conseguindo lidar com seus abusos
Não aguento mais viver com este insulto
Mereço ser livre, feliz, enquanto você se deita junto a outro
Ficarei bem, mesmo sabendo que você não se importa
Ficarei bem, só não volte a bater minha porta,
Quando se sentir só, sem um corpo sobre suas cobertas
Esteja certa de uma coisa,
Você nunca aprenderá o que é amar uma pessoa por completa
Viva sua vida, encoberta por perfumes e pregas
Termino aqui essa minha carta, um tanto quanto incompleta
Deixo, junto a ela, o amor antes declarado a donzela
Não passou despercebido à ilusão, inimiga eterna
Boa noite, que você continue em suas orgias prediletas
Boa noite.
Quero Atravessar a Ponte
Quero atravessar a ponte e chegar do outro lado, mesmo estando com medo da sua aparência frágil e da sua altura elevada. Antes, preciso me livrar desses fardos que tenho carregado em toda minha caminhada, como a desconfiança, a falta de valores e as cicatrizes profundas ocasionadas pelos espinhos do desamor. Quero atravessar a ponte e encarar de frente os desafios que me aguardam. Se eu nunca tentar alcançar o desconhecido, nunca saberei como é...
Não te Culpes...
O que tenho a oferecer-te?
Diz um irmão doente ao sadio:
Amizade sincera
Amor fraterno e verdadeiro
Estar pronto a ajudar-te
E à sua família, se necessário
Guardar de ti teus segredos
Com a própria vida, se preciso
Atravessar noites a cuidar-te
Quando pegar-te abandonado
Por aqueles a quem se dedicou
Nos anos de sua melhor saúde
Vá e olha-te no espelho
Não repare rugas e nem a feição
E pergunta-te, no silêncio
De sua exposta pequinês
Sou eu o filho que do céu
Meu pai vê com olhos de mel
Ou sente em mim ser qual fel?
E consolando aquele pai
Deus o abraçou em amor
E disse: “Não te culpes,
pelo que teu filho é, faz e fez
pois senhor, sou Eu O Criador!
Quando os sonhos se perdem...
Não mais reconheço que lugar é esse
Há, dependurada na entrada, uma placa
Onde se lê: “Doce Lar”, talhada em madeira
Fora de esquadro, sem cor, meio esquecida...
Há anos, atravesso os mesmos umbrais
Daquela construção, lugar que vivo
Passo por janelas, parede trincada
Não mais reparo nos muros de minha morada
Recordo que por anos a ergui, tijolo por tijolo
Cuidei das feridas de meus braços, pernas e mãos
As chuvas, o sol, a chegada das noites, calor e frio
Passaram por mim, sem interromperem minha obra
Servi de risos, passei por vil sonhador
Mas a fé e o desejo me incentivavam
Misturei amor, querer e sonho à massa de cimento
E depois de pronta, se fez orgulho de um sentimento
No tempo passante, a vida me trouxe filhos
E com eles, alegrias, sustos, surpresas
Uns mais amorosos que outros
Outros, a vida ensinou gratidões
Ingratos também, pois no tempo nada aprenderam
Recebi carinho quando era servil e nada negava
Ganhei descortesias e desrespeitos insanos
Daqueles que não ensinei a chamar-me de pai
Hoje, os anos passados a nada me permite mudar
A idade avançada me pesa e afasta quem amo e amei
Frágil e já sem forças, não sou dono do destino meu
Me tornei vítima do que disse e do que não ensinei
O Sol se pôs e a Lua ainda não apareceu no céu tão escuro quanto um café coado na hora.
O Crepúsculo se inicia e é nesse momento em que meu coração remendado e atrevido começa a latejar. Perco todo o sentido. Saio de mim por alguns instantes neste cômodo vazio, mas cheio de lembranças. Cada canto desperta-me uma memória. Cada canto traz saudade de você.
Você não está aqui, mas ao fechar os olhos eu te vejo, te sinto.
Minhas mãos tocam as suas, seus lábios tocam os meus.
Nossos corpos se unem, se entrelaçam, se grudam.
Nossos suspiros ofegantes entram em sintonia.
O desejo de torna um só.
A carne se torna uma só.
O coração bate ao mesmo ritmo.
A calmaria nos alimenta.
Você não está aqui, mas a janela entreaberta, o vento frio, a luz apagada e o silêncio desta cidadezinha, também fazem com que eu te veja, com que eu te sinta.
O coração não está remendado por acaso, a perca de sentido não é à toa. Você feriu-me, magoou-me, desapontou-me e por fim, matou-me.
Feriu-me quando percebi que já não era mais o mesmo. Já não tinha mais aquele calor, aquela paixão. Magoou-me quando trocou meu nome, quando minhas narinas sentiam aquele cheiro de flores de figo que não eram seus. Desapontou-me quando não mais se lembrava de nossas datas, quando recuava na tentativa de meus lábios tocarem os seus, quando meus abraços passavam despercebidos para o seu corpo. Quando já não mais segurava em minhas mãos, quando já não mais me chamava por aquele apelido. E matou-me quando disse num sussurro, quando as águas de março caiam do céu, que seu amor não era meu.
Permaneci em pé, mas queria jogar-me num rio e deixar com que a correnteza me levasse.
Tudo desabou dentro de mim. Eu sabia, mas tapava os olhos, porque era impossível de acreditar que o amor da minha vida não mais sentia amor por mim. Eu sabia, mas tapava os olhos porque era impossível de acreditar que aquele que fez-me tantas juras de amor, estaria fazendo para outra. Eu sabia, mas não queria acreditar... Eu sabia, meu coração sabia, mas meus olhos não queria ver, meu corpo não queria sentir.
Você era o meu apoio e com a sua retirada desfiz-me. Você era tudo o que eu tinha e com sua ida, nem mesmo as migalhas sobraram. Você matou-me.
Mas embora eu sinta dor, amor, minha essência continua. Você pode ter ido, pode ter levado consigo minha confiança...
Você despiu-me por inteira, não restou uma pétala sequer, entretanto, as raízes ainda estão neste coração que perfurou, mas não tão profundamente.
Embora leve estações, sou capaz de florescer outra uma vez com sua ausência.
Começou como toda fraqueza da mente costuma começar. Frente ao desengano, criou para si uma linda mentira, uma que torna-se fácil ou o fizesse seguir. ''Não preciso disso, não preciso de amor''. E por muito se seguiu, na esperança quase vil de um desesperado. Mas com o tempo, convencia-se de que sua mentira era verdade, e que evitar os amores que magoavam, era a melhor das soluções. E como toda boa tragédia, fugiu de tudo que possuísse potencial, e evitou tudo que poderia machucar. E como julgar alguém, que de tão ferido pelos sentimentos rasos e superficiais, acabou como uma paródia mal resolvida de seus enganos? Talvez essencialmente, todos são possuidores de um amor descabido, que quando recusado, criou essa onda de desamor sem fim. Talvez estejam todos feridos, talvez estejam mentindo. Feliz é quem realmente não esbarra com um ser que desacreditou de tudo, contaminando-se com o desespero coletivo que as almas humanas abraçaram.
Não se engane. Desde muito novos, somos ensinados sobre as falácias que tomamos como verdades. Uma vez eu li que quando alguém te indica uma música, essa pessoa quer dizer algo através da mesma, ou que ao mostrar desinteresse, ela se auto promove, valoriza a si mesma. Bobagem! Talvez a música seja só uma música legal que alguém indicou sem segundas intenções, mas nossa mente projeta mil e uma possibilidades à partir do nada pela vil necessidade de não querer estar só e aceitar que está só. Talvez alguém se faça de difícil simplesmente por precisar que seu ego esteja tão inflado quanto um Zepelim, e sua adoração sirva de fôlego pra essa atitude. Quem vê sua mensagem e te ignora, não faz isso pra aumentar o mistério em torno de si e te instigar. Faz porque simplesmente não se importa com as relações interpessoais, então simplesmente julga que seu tempo, sentimentos ou qualquer coisa do tipo valha menos que os dela. Essa ''glamorização'' da pessoa submissa sentimentalmente é lamentavelmente mais comum a cada dia.
"Nunca tive a intenção de te magoar".
Foi isso o que ele falou após me trair,
eu fico me perguntando se não era pra me magoar era pra que?!
Queria que eu ficasse alegre, contente !
Vai se foder cara, vi que amor é momentâneo e dependendo do seu fim, vira nojo !
Nao vá se matar
Mas não vá se matar
por ilusões,
achando que nelas há
verdadeiras emoções.
E se estiver duvida do que está
sentindo,
Foca nos olhos e sinta se ele esta
mentindo.
Não se sinta obrigado a agradar,
a quem só que te fazer de objeto,
a quem so quer te usar.
Não va sofrer por alguém,
que não te cuide tão bem,
que te faz acreditar que é feliz, meu bem!
Para de viver de ilusões,
você não é mágico.
Olha teu coração, não são corações,
Então seja prático
e coloca regras nas tuas ações.
Assim como a areia é levada pela chuva e não volta ao lugar onde partiu, o amor é levado pelas constantes decepções e nunca volta ser como surgiu.