Derramado
GUERRA
O sangue derramado,
Balas no chão;
O que se passava naquelas mentes?
Inquietação!
Corpos em chamas, ruínas e ódio armado,
homens escoltados para matar,
declarando o nome da paz
Onde não haverá.
Só corpos e sangue!
Flores secas e cadáveres armados,
terra apodrecida pela matança,
ela nunca acaba...
Só os corpos espalhados conhecem seu fim,
o amor ali é perdido,
pessoas desoladas e sem esperança.
A única certeza é a incerteza do amanhã,
sabe-se quando começou,
mas não quando terminará.
Nação contra nação,
irmãos contra irmãos,
por um ideal e mentira da paz.
Tantas mentiras,
verdade ali é a pura ambição,
o não querer dividir,
a cobiça do que não se tem...
Querendo a todo custo,
sem olhar a meios,
pagando com vidas inocentes.
Justificam seus ideais,
mas não há ideal que mereça o sacrifício de uma vida.
É uma fábrica de morte!
Abandonados à razão,
é matar ou morrer.
O mais feroz animal não faria tantos sangrar;
Homens que fazem guerra,
carregam a guerra consigo!
Juliana Carreiro
FALANDO
Preciso falar a alegria
Preciso derramar o derramado
Preciso superar a passagem
De uma intimidade não vivida
Quem chora o leite derramado, perde tempo chorando por algo que não volta mais, onde ao contrário, poderia aproveitar o tempo para pensar numa forma de adquirir mais leite.
ofereci
em lágrimas da profusão
o sangue derramado
e aqueles que vi
o desejo derrotado
desejo tal
que os concilia em desilusão
por um povo que clama
com força animal
sua raça em extinção
por que guerrilhas então?
se sofres
agora é tarde
morreis
e teus corpos enterreis
com espíritos iluminados
com os quais seus desejos
com eles se foram
com força de coração
com choros e rebeldia
num deserto de agonia
se a vingança paira
seus vultos visíveis
todos,um a um
sem detalhes nem falhas
assisti,
a um breve momento
o sangue derramado
a aqueles que vi
o triunfo bem aventurado
de um retorno
A cidade está um trapo
Tudo acabado
Lixo derramado
Posas de esgotos entupidas
Rios de desgraça a todo canto
Um, dois, três
Já morreu mais alguém
Tudo isso foi causado por nós
Culpados soltos
Destruidores, vândalos
Queremos parar, então acabe já!
No final das contas, de nada vale chorar pelo leite derramado... O ideal é começar novamente e não deixar que antigos erros virem novos pesadelos.
Derramado nestas linhas, revestido de simplicidade, tal qual o papel pousado na mesa... Contemplo tua imagem nesta fotografia que me revela a beleza de um rosto que aprendi a amar. Talvez por isso não consiga mais pensar em mim sem lembrar você.
Usura natural
Por que chorar o leite derramado?
Para conservar a dor ao seu lado?
Tudo aqui tornar-se-á: passado!
Olhe ao pomar, onde a planta
nosso olhar e paladar acalanta.
Velho sobejar de linda criança.
O aparente desperdício nos faz
comparar o sacrifício. Não passa
de benigno sobejar, pois, pássaros,
roedores, formigas e outros amores
vão ali se alimentar. Pródiga é a mãe
natureza a dignar-nos tamanha beleza.
Ela nos irá fartar
sem nos deixar faltar.
A preocupação pode ser usura sem causa.
jbcampos
O amor só prevalecerá,quando o sangue derramado não ter maior significado que o desabrochar de uma rosa.
“Descansar”
...a fala traída pelos anos de amor derramado,tempo perdido.
...a decadência de seu ensaio de desculpas,tépido bate papo.
...a transparência ofuscada pelo descaso das frias noites em claro.
...a perdição que te implora e que nunca vai embora.
...a comovente espera de paz,detalhes ás vezes tão esquecidos.
...o pôr do sol que tantas brigas deixou de iluminar.
...o suspirar que traz dor à memória,particularidades nada envolvente.
...o apreço que desconheço,oriundo de um mal querer qualquer.
...o desassossego que acompanha tua voz,sussurros deixados ao léu.
...o cansaço perpetrado pelos erros maiores,pequena é minha aflição.
Amor, desperta… Há um luar, lá fora,
por tal forma tranqüilo e derramado
que é crime adormecer assim, agora,
podendo estar-se, a dois, inda acordado.
Pensando bem, o sono me apavora
pelo que tem da morte assemelhado.
Vamos fluir da vida a cada hora
- olhar no olhar, silentes, lado a lado.
A lua é irmã, a lua é casta e pura.
Façamos dela a doce confidente
deste amor que é doença e não tem cura.
Quando o sol sobreviver, inconseqüente,
fechemos a janela e a alcova escura
será só de nós dois, unicamente…