Depoimentos de agradecimento

Os ricos pretendem não se admirar com nada, e reconhecem, à primeira vista, numa obra bela o defeito que os dispensará da admiração, um sentimento vulgar.

Os abusos, como os dentes, nunca se arrancam sem dores.

Antes de atacar um abuso, deve ver-se se é possível arruinar-lhe os alicerces.

O desespero é o maior dos nossos erros.

Não haverá, entre um espírito que abarrota de invenções alheias e outro que inventa por si próprio, a mesma diferença que vai de um recipiente que se enche de água à fonte que a fornece?

O homem não pode de forma alguma impedir de ter pela mulher um desejo que a aborrece; a mulher não pode de forma alguma ter pelo homem uma ternura que o aborrece.

As dívidas são bonitas nos moços de vinte e cinco anos; mais tarde, ninguém lhas perdoa.

Um político de gênio, quando se encontra à frente dos negócios públicos, deve trabalhar para não se tornar indispensável.

O interior das famílias é muitas vezes perturbado por desconfianças, ciúmes e antipatias, e enganam-nos as aparências de satisfação, calma e cordialidade, fazendo-nos supor uma paz que não existe; poucas há que ganham em ser aprofundadas.

Não há ofensa que não perdoamos, depois de nos termos vingado.

Só o silêncio é grande, tudo o mais é fraqueza.

Afinal de contas, atribui-se preço bem alto às suas conjecturas quando se cozinha um homem vivo por causa delas.

Ninguém é mais adulado que os tiranos: o medo faz mais lisonjeiros que o amor.

Ninguém é tão prudente em despender o seu dinheiro, como aquele que melhor conhece as dificuldades de o ganhar honradamente.

A modéstia doura os talentos, a vaidade os deslustra.

O silêncio é o melhor salvo-conduto da mais crassa ignorância como da sabedoria mais profunda.

Não pode haver graça onde não há discrição.

A virtude é coisa deveras inútil e frívola, caso apenas tenha a recomendá-la a glória.

Não há poder. Há um abuso do poder, nada mais.

O desejo de igualdade levado ao extremo acaba no despotismo de uma única pessoa.